Análise Arkade – Star Wars Jedi: Survivor não ousa, mas expande e melhora o que já era bom

16 de maio de 2023
Análise Arkade - Star Wars Jedi: Survivor não ousa, mas expande e melhora o que já era bom

Star Wars Jedi: Fallen Order foi uma das melhores surpresas de 2019 e, sem dúvida, o melhor jogo de Star Wars dos últimos anos. Recentemente, a jornada de Cal Kestis continuou em Star Wars Jedi: Survivor. Será que o novo game consegue manter a qualidade de seu antecessor? Descubra em nossa análise completa!

O Jedi em fuga

Star Wars Jedi: Survivor se passa cinco anos após os acontecimentos de Fallen Order. O Império continua executando a temida Ordem 66 — caçando e eliminando todos os Jedi pela galáxia.

Neste cenário, Cal Kestis segue uma vida foragida. Sem criar raízes em lugar nenhum, sempre viajando, se escondendo e minando as forças do Império como pode.

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A nova aventura já começa com Cal sob custódia

Quando ouve um rumor da existência de um planeta livre da influência do Império (Tanalorr), Cal começa a arquitetar um plano para chegar até lá. Para isso, ele precisará contar com a ajuda de velhos e novos companheiros.

Assim, boa parte da trama de Survivor envolve viabilizar um caminho para Tanalorr e reencontrar a trupe do primeiro jogo, incluindo a Jedi Cere Junda, o piloto reclamão Greez e a Irmã da Noite Merrin.

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Reencontrando o piloto Greez

Não vou dar spoilers aqui, mas a verdade é que a trama de Jedi: Survivor consegue ser bem surpreendente. Boa parte do jogo é meio “morna”, em termos de narrativa, mas a reta final é realmente intensa e emocionante. Esteja preparado.

Um mais do mesmo melhorado

Quem leu a minha análise de Horizon Forbidden West já conhece alguns dos argumentos que vou apresentar aqui. Uma sequência não precisa reinventar a roda, especialmente quando o material original já era bom. “Em time que está ganhando não se mexe”, afinal de contas. E Star Wars: Jedi: Survivor, segue esta mesma lógica.

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Claro que vamos visitar novos planetas, enfrentar novos tipos de monstros, destravar novas habilidades. Mas, o core do gameplay continua sendo meio que o mesmo — uma mistura de combate e exploração, com momentos cinematográficos e aquele “tempero” de Star Wars que é difícil não gostar.

E isso não é um demérito: Jedi Survivor é um “Uncharted espacial” muito gostoso de jogar, com um combate divertido, cheio de parries e posturas, muito parkour Jedi e uma boa trama. Destaque para as relações entre os personagens, que estão muito melhor desenvolvidas. A gente “sente” a amizade deles e a falta que sentiram uns dos outros.

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Um típico “momento Uncharted

Cada mundo do jogo funciona como um grande hub, repleto de caminhos fechados e portas que só se abrem por um lado. Abrir essas portas, cortar cordas ou ativar tirolesas cria atalhos que otimizam o ato de ir e vir nestas áreas. O que é bom, uma vez que o jogo também flerta com o gênero MetroidVania, e é cheio de lugares que só podemos acessar depois que tivermos alguma habilidade ou equipamento.

Por falar nisso, é notável ressaltar que Jedi: Survivor não cai naquele clichê de retirar todas as habilidades do protagonista no início do jogo, só para conseguirmos tudo novamente. Já começamos a nova aventura com o pulo duplo, alguns poderes da Força e logo na primeira hora de jogo, desbloqueamos o sabre duplo. Aliás, aqui entra uma das maiores novidades da sequência.

Dominando as posturas

Em Fallen Order, já podíamos usar o sabre de diferentes maneiras, mas aqui a Respawn deu um passo além. Ao longo da campanha, vamos ter acesso a nada menos do que 5 posturas de combate diferentes, cada uma com seus próprios ataques, combos e árvores de habilidades.

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Escolhendo as posturas de combate

Três dessas variações já estavam presentes no primeiro jogo. As duas novas agregam um frescor ao gameplay, e são bem distintas das demais. Uma das novas posturas é uma combinação de sabre de luz + blaster (raro vermos um Jedi empunhando uma pistola , né?) e a outra utiliza um sabre com “guarda”, sendo uma postura mais defensiva, mas com ataques carregados devastadores.

Tudo isso torna o combate de Jedi: Survivor ainda mais interessante e estratégico. Contra grupos de inimigos fracos, a agilidade do sabre de lâmina dupla segue sendo imbatível. Mas, para um confronto 1×1 contra um inimigo poderoso, talvez a postura defensiva seja mais adequada.

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Fazendo um estrago com o sabre de lâmina dupla

O lado “ruim” é que só podemos manter duas posturas equipadas simultaneamente. Sempre podemos equipar novas combinações nas “bonfires” do jogo, mas acho que seria legal se, ao invés de colocar as posturas em duas direções do direcional digital, tivéssemos um menu radial com acesso rápido a todas elas.

O fato é que, com novas posturas e novos ataques, o combate de Jedi: Survivor está mais robusto do que nunca. Experimentar diferentes posturas e entender como cada uma se comporta em determinadas situações é algo que torna as mecânicas de gameplay ainda mais interessantes.

Novidades… pitorescas

Além deste interessante sistema de posturas, Jedi: Survivor expande elementos dos primeiro jogo do outras maneiras. Umas boas, outras… esquisitas.

Por exemplo: se você estava enjoado de só encontrar novas cores de poncho para personalizar seu Cal Kestis, saiba que agora o sistema de personalização está bem mais variado. Além de diferentes opções de jaquetas e calças, agora temos até cortes de cabelo e barbas diferentes. A personalização do BD-1 também está mais completa. Ok, tudo isso são apenas mudanças cosméticas, mas não deixa de ser um plus interessante.

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Meu Cal Kestis ficou com uma vibe meio Obi Wan 😛

O recrutamento de personagens para a cantina do Greez é mais um adendo bacana. Vamos ouvir rumores sobre certos personagens que, quando encontrados, podem ser levados para este bar. E uma vez lá, eles podem nos passar missões secundárias ou simplesmente jogar conversa fora. Uma maneira simpática de aumentar o elenco do jogo e injetar algum lore nos coadjuvantes.

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Só assim pra gente ver o sabre em detalhes…

Nem tão interessante assim é o sistema de customização de sabres, que ficou mais completo e, ouso dizer, desnecessariamente complexo. Digo isso porque, fora da tela de customização, a gente nunca vê o sabre tão de perto assim, de modo que trocar cada pecinha do cabo acaba não fazendo muita diferença.

Outro elemento que cresceu sem muito propósito foi a jardinagem (?!). No primeiro jogo, podíamos coletar algumas sementes que viravam uma hortinha na Mantis, lembra?

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Quem nunca quis ser um jardineiro em Star Wars, não é mesmo… ¬¬

Agora, existe todo um mini-game de cultivar um jardim na laje da cantina, e o jogador dedicado pode até organizar as plantas da melhor maneira possível. Assim… não sei você, mas eu não vou atrás de um jogo de Star Wars para brincar de ser jardineiro. Por isso, achei a novidade bem inútil. Felizmente, é uma atividade totalmente opcional.

Audiovisual e performance

Vamos falar de audiovisual e performance, talvez os elementos mais controversos de Star Wars Jedi: Survivor. Este é um dos (raros) lançamentos que ignora a geração passada, tendo sido lançado exclusivamente para PC, Playstation 5 e Xbox One.

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Esse é o sabre com guarda

Até aí tudo bem. O problema é que, além de ter sido lançado extremamente mal otimizado nos PCs, mesmo as versões de consoles deixam um pouco a desejar. Joguei no PS5 e, embora não tenha sofrido nenhum crash ou algo mais crítico, é notável que mesmo no modo desempenho o game não segura a fluidez dos sonhados 60fps. Já no modo qualidade, ele também não mantém a nitidez da resolução 4K.

O canal Digital Foundry traz uma análise mais aprofundada disso tudo, mas é fato que o jogo carecia de mais um tempinho no forno, para receber algum polimento. Sei que muitos dos problemas podem ser resolvidos com patches (de fato, já estão sendo), mas será que não seria melhor simplesmente adiar o lançamento em algumas semanas a fim de entregar um produto melhor acabado?

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Usando a Força!

Essa “primeira impressão” negativa da mídia especializada acaba afetando a imagem de um jogo que, no geral, é deslumbrante. Com novos mundos para explorar e cenários muito detalhados, o game entrega um recorte incrível desta galáxia tão, tão distante que todos nós aprendemos a amar.

O departamento sonoro também faz bonito, misturando efeitos sonoros clássicos e músicas atemporais com um bom elenco de dublagens. Aliás, a localização PT-BR do jogo segue o excelente padrão de qualidade do primeiro jogo, o que é um ponto muito positivo.

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Esse Chocobo tá diferente…

Jogando no PS5, destaca-se o uso do alto falante do DualSense, que serve como a “voz” do simpático droide BD-1, nosso companheiro de aventuras. De resto, o jogo não utiliza muito os outros recursos do controle — uma pena, mas algo que, infelizmente, é uma tendência. Nem mesmo os exclusivos da Sony usam o DualSense de maneira mais imersiva, então não é justo esperar que os títulos third-party faça, isso.

No geral, os aspectos técnicos de Jedi: Survivor não decepcionam. Porém, como já dito, a questão da performance (mesmo nos consoles) traz problemas que não podem ser ignorados. Mesmo agora, 3 semanas após seu lançamento, o jogo ainda não roda liso no PS5. Cal Kestis e sua trupe sem dúvida mereciam um pouco mais de carinho do QA (e da EA).

Conclusão

Salvas as derrapadas mencionadas acima, Star Wars Jedi: Survivor é aquele tipo de sequência que não é revolucionária, mas melhora e aumenta tudo o que seu antecessor tinha de bom (e mesmo o que nem era tão bom). O que, repito, não é um problema, especialmente pelo fato de o primeiro jogo ser muito bom.

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A postura sabre + blaster rende ótimas poses no Photo Mode 🙂

Neste novo jogo, a Respawn parece mais segura de si. Jedi: Survivor não tenta ser só mais um Souls-like em um mar saturado de cópias. O jogo encontrou sua própria identidade — mesmo que construída com elementos de grandes franquias –, e se sustenta com suas próprias pernas (e, claro, a Força, com F maiúsculo, da marca Star Wars).

Cal Kestis está mais maduro, e isso se reflete em um jogo mais maduro, uma história mais madura. Como produto, Jedi: Survivor poderia ter ficado mais uns meses no forno, é verdade. Mas ainda assim é um grande jogo, entretém por umas boas 20 e poucas horas e, sem dúvida, é uma sequência digna de um dos melhores jogos de Star Wars dos últimos anos.

Star Wars Jedi: Survivor foi lançado em 28 de abril, com versões para PC, Playstation 5 (versão analisada) e Xbox Series X|S. O game está 100% localizado para o português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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