Análise Arkade: Symphonia, um lindo espetáculo que mistura plataforma, música e desafio
Symphonia é um jogo indie feito pela Sunny Peak, que junta mecânicas de plataforma 2D com uma experiência audiovisual de primeira. Um jogo que exige perícia nos controles, mas entrega um verdadeiro espetáculo.
Narrativa simples, mas eficiente
Symphonia não apresenta uma história muito elaborada. O enredo é contado de forma indireta, através dos cenários e dos elementos visuais, sem a necessidade de muitos diálogos ou cenas animadas.
Basicamente, estamos em um mundo moldado pela música e por instrumentos sinfônicos. Quando os companheiros de orquestra se se separam, o lugar entra em colapso e tudo começa a ruir.
Neste contexto musical-apocalíptico, vamos controlar um violinista solitário que vai superar diversos desafios na esperança de reunir seus companheiros de orquestra, a fim de restabelecer a ordem e a beleza do lugar.
É aquele tipo de narrativa cujo objetivo é basicamente colocar o jogador em movimento, fazer as coisas acontecerem. A abordagem minimalista dada à história combina com o estilo geral do jogo, que consegue transmitir sua mensagem sem diálogos expositivos ou tramas mirabolantes.
Jogabilidade sinfônica
A jogabilidade é o ponto principal de Symphonia; um jogo de plataforma 2D sem combate, mas cujo desafio está nos saltos em si, com sequências de plataforma que demandam muita precisão e timing nos controles. As mecânicas são simples, minimalistas e responsivas, algo essencial para um jogo com nível de desafio alto.
A mobilidade de nosso violinista é fluida, permitindo que o jogador se mova com agilidade e leveza. Além do pulo simples, ele também pode usar o arco do violino para se lançar para o alto, ou se prender em certas superfícies para então catapultar-se.
O ótimo level design favorece movimentos ágeis, como saltos em sequência, pisos quebráveis e espinhos (muitos espinhos) que vão testar as habilidades do jogador. A falha é inevitável, mas, felizmente, o game gera checkpoints frequentes, eliminando a frustração e permitindo uma nova tentativa quase imediatamente.
Ainda que layout das fases seja estritamente linear, o game possui colecionáveis estrategicamente localizados que representam os maiores testes de perícia. Tal qual os morangos de Celeste ou os Band-Aids de Super Meat Boy, estas notas musicais obrigam o jogador a sair da rota e executar saltos meticulosos para serem apanhados.
Dificuldade e Acessibilidade
A breve campanha de Symphonia se divide em 4 atos, ambientados em belas áreas cujo visual tem a ver com a temática orquestral do jogo. Cada ambiente apresenta novos elementos, como plataformas que se movem, ventos que nos impelem para cima e mecanismos ativados por música. Essa variação é muito bem-vinda, pois mantêm o jogo dinâmico e interessante.
Como já dito, o nível de desafio é notável — comparações com Celeste ou mesmo com as fases mais complicadas de Rayman Legends não seriam equivocadas –, mas, ainda que não tenha níveis de dificuldade tradicionais, Symphonia não quer deixar ninguém travado, e oferece recursos de acessibilidade que diminuem o atrito da jornada.
Por exemplo: já no início do jogo, adquirimos a habilidade de pulo duplo. Mas, ao contrário da esmagadora maioria dos games, aqui o uso do pulo duplo deve ser habilitado pelo menu, pois é um recurso que, sem dúvida, deixa o jogo mais fácil.
Outra possibilidade em termos de acessibilidade é reduzir a velocidade do jogo, a fim de acertar o timing dos saltos mais cabeludos ou não perder a movimentação das plataformas. É mais um recurso que deve ser habilitado pelo menu, mas demonstra que os desenvolvedores não queriam “punir” o jogador, e lhes fornece as ferramentas para dar uma trapaceada.
Por tudo isso, o jogo tem uma dificuldade bem calibrada, pensada para fazer com que o jogador sinta que está melhorando ao longo do caminho. Cada fase foi projetada para oferecer um bom equilíbrio entre dificuldade e diversão, incentivando o progresso sem ser frustrante.
Uma Symphonia de cor e som
Os gráficos de Symphonia são muito bonitos: carregam uma aura de pintura, com muita profundidade nos cenários e animações fluidas e teatrais. O jogo faz ótimo uso de cores, as animações são bem feitas e sempre há elementos animados nos cenários.
A trilha sonora, por sua vez, é um dos pontos mais fortes do jogo. Cada nota tocada pelo violinista — sim, há um botão só para tocar violino — e cada mecanismo musical se integram à música de fundo, criando uma experiência muito rica.
Mesmo sem este detalhe, a música já seria acima da média. Mas, essa integração entre música e jogabilidade sem dúvida deixa tudo ainda mais legal, aumentando a imersão e fazendo-nos sentir que estamos diante de um verdadeiro espetáculo musical.
Conclusão
Symphonia é um jogo simples em sua proposta, mas que se destaca pela sua jogabilidade refinada e por sua apresentação audiovisual impecável. A falta de combates de forma nenhuma é um problema: o foco aqui está nos desafios de plataforma, que testam a habilidade do jogador.
É um jogo que chega de mansinho, mas conquista por sua criatividade, beleza e por seu gameplay justo, mas acessível. Se você gosta de precision plaformers e aprecia jornadas contemplativas, o belo mundo musical de Symphonia sem dúvida merece ser explorado.
Symphonia está disponível para PC, Playstation 5, Playstation 4, Xbox Series (versão analisada), Xbox One e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.