Análise Arkade: Encare as consequências de suas escolhas no point and click noir The Detail
The Detail é um game de aventura point and click onde você deverá lidar com as consequências de seus atos em uma história policial noir situada nos dias atuais. O game da desenvolvedora Rival Games traz interessante visual de histórias em quadrinhos e uma história bem dark e tensa.
Testamos a versão para PC do game, e aqui está nosso parecer sobre este envolvente drama episódico!
Escolhas e consequências
Você inicia o game em uma situação de rotina policial: uma dupla de agentes está investigando uma denúncia em um apartamento. Os dois entram e um grito é ouvido. Você deve escolher quais salas irá investigar, pensando na vítima. Talvez errar as salas pode culminar em uma fatalidade. Indeciso, você corre até o final do corredor, clicando nas setas para escolher o caminho ideal. Na última sala, encontra uma menina abraçada aos seus joelhos em um canto, com medo.
O sequestrador aparece por trás de um dos policiais e o derruba. O combate é inevitável. As feridas são realistas. As escolhas são complicadas. Como na vida real, não temos como escapar do destino. E esse tipo de situação imprevisível e tensa irá acontecer muitas vezes em The Detail, e cabe a você tomar decisões rápidas… e lidar com as consequências delas.
História
No game você controla basicamente dois personagens: um policial veterano meio de saco cheio dos problemas do sistema e da cidade e um ex-presidiário que tem família e quer se afastar dessa vida de mafiosos, dinheiro e problemas que envolvem arriscar sua própria vida, mas ainda não vê muita saída para isso.
Quando um chefão das drogas na cidade é assassinado, o destino desses dois personagens se cruza, causando uma intrincada trama de eventos tristes, complexos, realistas e plausíveis. O clima noir realmente se faz presente, com todo o estilo de investigação. Temos aqui gângsters frios, amigos traiçoeiros, drogas, dinheiro, corrupção… e vai ficando cada vez mais pesado.
Inclusive, se um personagem morrer assim, do nada (no melhor estilo Game of Thrones), não repara não, pois aqui tudo acontece com uma imprevisibilidade brutal.
Um aspecto interessante dos personagens é a humanidade neles. Quando um personagem repara que está em uma situação cuja probabilidade de sair vivo é mínima, ele pede ajuda. Ele não sai pulando porta afora e atirando na cabeça de todos. Eles se preocupam, eles sofrem, eles perdem coisas importantes, e você sente esse sofrimento e se solidariza com eles.
Jogabilidade
O game constrói a jogabilidade unicamente com o mouse, sendo um point-and-click no sentido mais literal da palavra. As ações são guiadas por setas, círculos e parênteses, mostrando onde pode ser acessado, quais pistas são mais importantes e itens que podem ser utilizados.
Durante as investigações você deve validar provas, investigar detalhes da cena do crime e coletar evidências, conversando com os responsáveis pela cena e pela análise dos itens após passar pelo laboratório (CSI feelings).
Os quick time events geralmente aparecem durante os combates, e são muito difíceis. Sobreviver aos confrontos já é difícil quando o game conta de forma realista com as vantagens físicas dos personagens (como quando você controla uma policial que luta contra um capanga muito forte), mas quando deve-se acertar uma setinha dentro de um círculo para evitar que você leve um tiro na testa, complica ainda mais.
Você interage com vários outros personagens em sua trajetória contra o crime (ou só sobrevivendo mesmo), e todos eles têm uma profundidade interessante, passados e dramas pessoais. Ninguém parece muito feliz durante o jogo, e o clima é bem dark, mesmo. As interações são um tanto quanto opcionais, mas como todo bom investigador, você vai querer conversar com todos em busca de pistas.
Audiovisual
Os gráficos são muito interessantes, pois simulam uma história em quadrinhos noir com maestria. O uso de sombras é algo que deve ser ressaltado, pois acumula ainda mais impacto nas expressões dos personagens. Durante as cutscenes o game realmente divide-se em quadros, inclusive com dobras de páginas para serem viradas. Tudo isso cria uma identidade visual muito legal.
Os efeitos gerais de luz são bem legais, mas a movimentação dos personagens parece um pouco travada de vez em quando. Como o game é mais focado na história e as cenas de ação são mostradas em cutscenes e quick time events, no geral essa questão da movimentação não atrapalha na experiência.
Em termos de som, o destaque vai para a música. A ambientação que o game consegue passar mesmo sem diálogos falados é muito intensa. O drama dos personagens e o peso das suas escolhas, as situações que são apresentadas, tudo envolve o jogador e chama muita atenção.
O game não possui muitos efeitos de som — você até ouve uma sirene aqui, um carro passando ali, um lixo sendo revirado, um tiro — mas as músicas tomam conta da maior parte do game, de maneira muito competente e imersiva.
Conclusão
The Detail é uma graphic novel interativa/ adventure point-and-click com temática noir que traz uma trama muito mais madura do que a maioria dos games atuais do gênero. As vezes pode pesar um pouco, mas é como um bom filme policial: tem motivação para todo o sangue e violência.
O impacto das escolhas é sentido, apesar do game ser um tanto quanto curto — mesmo com 3 episódios. The Detail é sem dúvida uma boa pedida para quem curte adventures com clima noir e está em busca de uma alternativa mais adulta.
The Detail foi lançado em formato episódico (foram 3 episódios), e atualmente já está disponível completo para PCs na Steam, com versões para Ipad também. O game está 100% em inglês.