Análise Arkade: The Last of Us Part I no PC, uma péssima versão de um excelente jogo

5 de abril de 2023
Análise Arkade: The Last of Us Part I no PC, uma péssima versão de um excelente jogo

Se tem um jogo da Sony que é esperado nos PCs ansiosamente desde quando a empresa anunciou sua empreitada na pataforma, é The Last of Us. Quando The Last of Us Part I chegou para o PlayStation 5 no segundo semestre de 2022, a maior crítica ao game foi justamente o quão desnecessário era – mais – um remake para o game de 2013. Enquanto isso, os jogadores de PC ficaram ansiosos aguardando um possível anúncio dessa versão para a plataforma.

E ela veio no The Game Awards 2022, com o lançamento finalmente chegando para nós no dia 23 de março. Entretanto, o lançamento de The Last of Us Part I para os PCs retrata claramente algo que há um bom tempo venho falando para vocês a cada novo jogo portado para PCs pela PlayStation Studios. A qualidade e otimização desses ports está cada vez mais baixa. E temos no re-remake da primeira parte da jornada de Ellie e Joel uma constatação cabal de tudo isso.

Análise Arkade: The Last of Us Part I no PC, uma péssima versão de um excelente jogo

O mesmo jogo, de novo

Quem jogou The Last of Us Remastered, lançado em 2014 para PlayStation 4, sabe bem o que pode esperar de The Last of Us Part I. Como o próprio Rodrigo Pscheidt disse em sua análise arkade sobre o game, se trata exatamente do mesmo game visto anteriormente, com a presença do DLC Left Behind.

Ao menos a data de lançamento do game não é completamente aleatória. Ela aproveitou bem o hype deixado pela série da HBO baseada no jogo, que foi bastante aclamada entre público e crítica, servindo como um bom marketing para o lançamento do game nos PCs. Para quem realmente não sabe do que se trata The Last of Us até hoje, vamos dar uma rápida explicação aqui.

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Vemos um mundo pós-apocaliptico dizimado por uma infecção ocorrida através de um fungo chamado Cordyceps que domina o cérebro dos seus hospedeiros e os transformas em uma espécie de zumbis proliferadores de espóros. Nesse mundo destroçado, como toda história boa de zumbis, a pior ameaça são os humanos sobreviventes, que representam a ruína da sociedade em sua pior forma.

Assim acompanhamos Joel enquanto este precisa levar a garota Ellie através dos EUA, uma vez que ela tem propriedades particulares em seu corpo que podem ser a chave para a cura de toda a pandemia de cordyceps. A história continua a mesma, excelente em toda a sua glória e com as dublagens originais em português brasileiro.

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Iniciando a versão de PC

Deixando claro que se trata da mesma história e exatamente do mesmo jogo de 2014, com melhorias gráficas significativas como diferencial, vamos adentrar propriamente na experiência da versão de PC. Mas primeiro, se acomode na cadeira para aguardar cerca de duas horas ou mais para que os shadders iniciais do jogo sejam devidamente otimizados. Exatamente, na primeira vez que você abrir o jogo, uma contagem de porcentagem aparecerá no canto inferior direito da tela, estes são os shadders.

Otimizar os shadders é de fato importante em jogos pesados de PC, uma vez que o processo compila e otimiza processos de acordo com o hardware que está sendo utilizado. Games como Horizon Zero Dawn e Monster Hunter Rise fizeram esse carregamento inicial de um modo relativamente longo no passado, mas estes ao menos de impediam de jogar enquanto isso acontecia. O que, por incrível que pareça, é excelente se comparado com o que aconteceu em The Last of Us Part I.

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The Last of Us Part I te permite jogar enquanto os shadders terminam de carregar. O problema é que o jogo pausa de três em três minutos com uma mensagem de “aguarde” na tela para carregar um pouco mais os shadders. É isso mesmo, ou você deixa o game aberto por quase duas horas parado para que ele carregue devidamente todos os shadders ou então você joga com congelamentos a cada três minutos durante muito mais tempo.

Quem já jogou The Last of Us Part I sabe o quão importante é a introdução do game para tudo que se desenrola durante a história. É nos primeiros momentos do jogo que toda a imersão emocional do game acontece. Ter esse, que é um dos momentos mais icônicos dos videogames modernos estragado por telas de carregamento surpresa e esperas absurdas para o carregamento de shadders é um baita ponto negativo. Além, é claro, de você perder o tempo limite para pedir reembolso pela Steam só esperando os shadders carregarem.

Análise Arkade: The Last of Us Part I no PC, uma péssima versão de um excelente jogo

Mais bugs do que infectados

Quando todo o longo e custoso carregamento de shadders termina, você pode pensar que finalmente vai apreciar a obra prima de The Last of Us Part I com todas as suas qualidades presentes no PlayStation 5, não é mesmo? Infelizmente, sinto te informar que não, não vai. Isso porque a versão de PC do jogo está recheada de bugs tenebrosos, comparáveis aos de Cyberpunk 2077 em seu lançamento.

Pela internet você pode ver coletâneas incríveis desses bugs, como problemas críticos no carregamento das texturas, comportamentos absurdos de alguns NPCs ou então simplesmente uma parede ou carro desaparecendo na sua frente. As imagens sobre esses bugs vou deixar que vocês busquem na internet por si mesmos. Aqui vou dividir com vocês algumas experiências inéditas que eu tive jogando The Last of Us Part I no PC.

Análise Arkade: The Last of Us Part I no PC, uma péssima versão de um excelente jogo
A Tess não tá nada bem…

A primeira delas foi logo na primeira hora de gameplay, quando estamos seguindo a Tess pela cidade. Em um belo momento, enquanto a Tess virava para trás para conversar com Joel, ela ficou presa em um objeto do cenário e começou a tremer loucamente para cima e para baixo. Fiquei alguns minutos olhando para aquilo tentando imaginar como soltar ela do looping, quando ela derrepende se teleportou para cima do objeto, congelada em posição neutra.

Além disso, em outro momento, estava me esgueirando de alguns soldados da FEDRA e, andando agachado com Joel, cheguem em um cantinho do cenário, tentando não chamar atenção. Foi quando, de repente, todo o cenário sumiu. Ficando visível para mim apenas os inimigos do cenário andando pra lá e pra cá e a água lá no fundo. Caso eu desse um passo para frente, tudo voltava ao normal. Caso eu voltasse naquele ponto do mapa, tudo sumia novamente.

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Difícil se esconder de inimigos assim, não é mesmo?

Exigências no PC

Eu poderia agora falar bastante sobre as melhorias divulgadas e otimizações feitas na versão de PC de The Last of Us Part I. Entretanto, considero uma postura completamente irreal visto o estado que o jogo se encontra enquanto escrevo este texto para vocês. Não adianta muito falar das melhorias de resolução, personalização das taxas de quadros ou recursos envolvendo o dualsense se nem ao menos conseguimos desfrutar do básico do jogo.

A exigência de memória RAM e memória VRAM que o jogo possui beira o absurdo, deixando até placas potentes de 6 ou 8 Gb de VRAM simplesmente no chinelo. Não se trata simplesmente de um jogo pesado. Na verdade, podemos até considerar The Last of Us Part I um game relativamente leve se compararmos com outros lançamentos recentes da PlayStation Studios nos PCs, como Uncharted e Returnal por exemplo.

Análise Arkade: The Last of Us Part I no PC, uma péssima versão de um excelente jogo

No estado que The Last of Us Part I se encontra no momento, pouco importa se ele possui ou não melhorias em sua versão de PC. Isso porque na prática, tudo que temos é um jogo completamente quebrado, que exige performance além da necessária do seu PC para ele rodar no mínimo necessário, além de estar recheado de bugs e problemas de carregamento lentíssimo.

Um ótimo jogo em sua pior forma

Por fim, o saldo que temos para The Last of Us Part I no momento é bem negativo. Em muitas configurações de PC o game está impossível de ser jogado. Já em várias outras, mais parrudas, o jogo até roda, mas está longe de ter o desempenho que vimos no PlayStation 5. Já falamos aqui no Arkade a respeito do quão desnecessário esse remake de The Last of Us é em um editorial. Mas essa versão de PC seria uma das únicas justificativas válidas para a existência do remake.

Infelizmente, a estreia da franquia de Joel e Ellie nos PCs mostrou muito mais como a PlayStation Studios precisa desacelerar seu calendário de lançamentos e permitir uma melhoria de qualidade dos mesmo do que qualquer outra coisa. O game ainda é excelente, um dos melhores já feitos. Porém, jogadores de PC vão precisar esperar um pouco para que atualizações importantíssimas resolvam a tonelada de problemas que essa versão do game possui.

The Last of Us Part I chegou originalmente para PlayStation 5 em 2022 e está disponível para PCs (via Steam e Epic Games) desde o dia 23 de março de 2023.

Para esta análise, rodamos o game em duas máquinas diferentes. Usamos um PC Gamer com processador i5-12400, 16GB de memória, placa de vídeo RTX 3050 (8GB) e SSD de 450gb e também um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 (4GB) e SSD M2-2280 de 512gb.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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