Análise Arkade – The Ninja Saviors: Return of the Warriors é pancadaria (ninja) old school

15 de outubro de 2019
Análise Arkade - The Ninja Saviors: Return of the Warriors é pancadaria (ninja) old school

O mundo dos games é repleto de “clássicos que ninguém lembra de ter jogado”, jogos que marcaram a infância de algumas pessoas, mas nunca chegaram a ser realmente títulos conhecidos pelo grande público. The Ninja Saviors: Return of the Warriors é um destes casos: os ninjas estão retornando para uma nova aventura… e eu nem lembrava que eles tinham ido embora!

Voltando ao passado

O Ninja Saviors original se chamava The Ninja Warriors, e era um jogo de arcade lançado pela Taito no final dos anos 80. Posteriormente, em 1994, o Super Nintendo recebeu uma versão do jogo produzida pela Natsume que era meio port, meio remake, meio jogo novo.

O jogo que está chegando essa semana ao Playstation 4 e ao Nintendo Switch é uma sequência de ambos os títulos anteriores, e tira os ninjas de sua aposentadoria para espancaram soldados, robôs e máquinas de guerra de um ditador tirano com planos megalomaníacos… pois é, a história aqui é aquele sci fi maluco que era sensação nos anos 80.

Análise Arkade - The Ninja Saviors: Return of the Warriors é pancadaria (ninja) old school

E sabe o que é melhor? Funciona! Beat ‘em ups nunca precisaram de grandes histórias para nos motivar a socar malfeitores, e Ninja Saviors: Return of the Warriors traz o básico de motivação para que sejamos felizes fazendo justamente isso: socando malfeitores (e soldados, e robôs, e máquinas de guerra).

Beat ‘em up ou side scroller?

Ninja Saviors tem uma característica que o torna ligeiramente diferente de outros beat em ups (de ontem e de hoje): a esmagadora maioria de jogos do gênero oferece movimentação em 8 posições, permitindo que os personagens movam-se para cima, para baixo e também nas diagonais. Isso aumenta um pouco a mobilidade, mas causa um problema comum ao gênero, que é o jogador errar golpes por não estar “no mesmo plano” do inimigo.

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Os inimigos fazem fila para apanhar

Aqui isso não acontece por um motivo muito simples: estamos sempre presos ao plano 2D. Isso significa que a movimentação fica restrita à esquerda-direita, sem possibilidade de irmos para cima ou para baixo. Você nunca vai errar um golpe, pois os inimigos sempre estarão alinhados com os seus punhos — literalmente fazendo fila para apanhar!

Na prática, o gameplay de Ninja Saviors é basicamente assim, ó:

Ainda que isso pareça mais uma limitação do que um recurso, o gameplay traz um twist para tirar proveito disso, com comandos direcionais simples que realizam golpes especiais e técnicas de combate mais avançadas. É tipo um jogo de luta simplificado: segure o direcional para cima, por exemplo, e ao invés de um ataque comum, seu ninja vai atirar um shuriken (ou algum outro projétil). Também temos agarrões, rasteiras, voadoras e uma espécie de “ombrada” que pode derrubar diversos oponentes.

Essa mobilidade em 2 dimensões também é aproveitada nos combates: certos inimigos só tomam dano se atacados pelas costas. Sem poder contorná-los, você precisa dar um jeito de “atravessá-los” para poder dar cabo deles. São formas criativas de diversificar o gameplay dentro da proposta “limitada” de movimentação de que dispomos.

No fim das contas, tudo se resume a manter a pancadaria fluindo para encher a barra de super, que libera um ataque devastador que “varre” a tela toda nas duas direções. Cair esvazia essa barra, e usar outros tipos de ataque consome uma fração dela, o que concede aos combates um tom quase estratégico, com um bocado de “risco e recompensa” caso você queira poupar sua barra para os chefes ou momentos mais complicados.

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Os 3 personagens iniciais. Mais 2 podem ser desbloqueados

Ninja Saviors: Return of the Warriors traz 3 personagens selecionáveis inicialmente, com outros 2 que podem ser destravados posteriormente. A campanha tem a duração típica do gênero — pouco mais de uma hora –, e existe a possibilidade de jogatina cooperativa (local) para até 2 players, algo que havia ficado de fora no jogo do Super Nintendo.

Audiovisual

Ninja Saviors: Return of the Warriors traz uma estética que só posso definir como um “16-bits melhorado”. Ele mantém aquela estética típica de um jogo de Super Nintendo, mas tudo é muito mais nítido e refinado, dando ao jogo um aspecto mais clean e bem acabado do que os jogos tinham naquela época.

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Chefes gigantes? Tá tendo!

A direção de arte não é particularmente caprichada — me lembrou muito Captain Commando — mas também não decepciona. A repetição de modelos de personagens (infinitos soldados genéricos) incomoda um pouco, mas entendo que isso é uma escolha consciente para manter a vibe anos 90 (afinal, os beat ‘em ups de antigamente eram assim).

No departamento sonoro, também temos algo que é imediatamente familiar para quem cresceu distribuindo socos e pontapés nos videogames: músicas em loop com aquela aura de “instrumento digitalizado”, e muitos sons de porrada, gritos e explosões. Tudo simples mas bem feitinho, mais para homenagear do que para emular o estilo dos anos 90.

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Eis aqui um exemplo da repetição de modelos de personagens

O game não recebeu localização para o nosso idioma, mas convenhamos que nem precisava, né? Há um pingo de história sendo desenvolvida, e é aquela coisa tão básica que a gente não precisa nem entender o idioma para sacar: há um cara mau que deve ser detido e muitos capangas que devem ser surrados. Simples assim.

Conclusão

Confesso que não joguei os títulos anteriores, mas este The Ninja Saviors: Return of the Warriors me deixou curioso para experimentá-los, e isso sem dúvida é um demonstrativo de qualidade.

Simples, mas bem executado, o que temos aqui é um beat ‘em up diferente do que estamos acostumados, mas nem por isso menos interessante. Recomendado para a galera old school, que sabe que o valor de um jogo não se mede pelo tempo que ele dura.

The Ninja Saviors: Return of the Warriors está sendo lançado hoje no ocidente, para Playstation 4 e Nintendo Switch (versão analisada).

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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