Análise Arkade: A Nova Fronteira em The Walking Dead é guiada por maturidade e desesperança (Season 3, Eps. 1 & 2)

21 de dezembro de 2016

Análise Arkade: A Nova Fronteira em The Walking Dead é guiada por maturidade e desesperança (Season 3, Eps. 1 & 2)

Depois de uma inquietante espera, Clementine está de volta na terceira temporada de The Walking Dead: The Game, da Telltale Games. Será que os dois episódios de lançamento nos levaram a uma nova fronteira?

Dramas familiares

O jogo começa acompanhando um dos novos protagonistas da franquia, Javier García, que é introduzido ao mundo apocalíptico em meio a um drama familiar. Javier é retratado por seu irmão, David, inicialmente como alguém ausente, praticamente isolado do âmbito familiar e é asperamente cobrado por isso.

Os outros membros que compões a família são Kate, Mari e Gabe, que participam ativamente da narrativa. Após os acontecimentos iniciais o tempo avança aproximadamente cinco anos e os personagens citados anteriormente, com exceção de David, estão na estrada tentando sobreviver através de ações clássicas no universo zumbi, tais quais procurar gasolina, mantimentos e abrigo.

Clementine é introduzida ao enredo depois de termos tempo para nos familiarizarmos e criamos algum tipo de empatia por Javier, fato que funciona satisfatoriamente. Clem tem suas próprias motivações e suas histórias acabam se entrelaçando e a partir daí a dupla de protagonistas ganha força como tal.

Análise Arkade: A Nova Fronteira em The Walking Dead é guiada por maturidade e desesperança (Season 3, Eps. 1 & 2)

Uma coisa curiosa é a subversão de expectativas porque assim como na primeira temporada, Clem se torna uma espécie de sidekick de luxo, pois efetivamente não a controlamos. Sem estragar qualquer surpresa em relação à narrativa é isso que podemos expor, mas como de costume na franquia, há muitas reviravoltas e momentos de tensão, alegria e, principalmente, tristeza e resignação.

Novidades

A jogabilidade mantem-se praticamente igual, com a ressalva de que existem mais elementos de ação, tal como em The Walking Dead: Michonne. Lembra muito mais a minissérie do que as duas temporadas anteriores. A questão gráfica melhorou bastante, tudo está mais detalhado e realista, dentro da ambientação de quadrinhos que é a proposta desse quesito.

Uma das coisas mais marcantes foram os diálogos mais adultos entre os personagens. Não que anteriormente fossem infantis ou algo assim, mas agora vemos Javier e Kate falando abertamente de sexo, usando drogas (fumando maconha para ser mais específico), em frente aos adolescentes, entre outros momentos que contribuem para a narrativa ter um peso maior, sem as amarras poéticas de outrora.

Análise Arkade: A Nova Fronteira em The Walking Dead é guiada por maturidade e desesperança (Season 3, Eps. 1 & 2)

E isso estende-se também para Clem, que já não é mais uma garotinha inocente: ela agora fala palavrões e mostra-se vacinada contra qualquer fraqueza mundana; é uma sobrevivente e fará o necessário para permanecer nesta posição.

Um aspecto técnico, e importantíssimo para os brasileiros, é que o game está totalmente legendado em português, facilitando muito a vida de quem gostaria de aproveitar a experiência, mas que anteriormente sentia-se menos empolgado devido as legendas em inglês.

Passado e futuro

Sobre como o game leva em consideração suas escolhas passadas, falando especialmente sobre o fim da 2ª temporada, há uma resolução para ambos os finais, que convergem nos acontecimentos da nova temporada. Se essa solução é satisfatória aí depende do ponto de vista de cada um, particularmente achei agridoce. Demais, diga-se de passagem, mas como é digno de nota: não há poesia em The Walking Dead.

Análise Arkade: A Nova Fronteira em The Walking Dead é guiada por maturidade e desesperança (Season 3, Eps. 1 & 2)

Alguns aspectos do enredo também são um pouco repetitivos, especialmente para quem acompanha todas as mídias de The Walking Dead. Há elementos nesses dois capítulos que já vimos na série de TV, nos quadrinhos e no próprio game, mas mesmo assim a construção de tensão é acima da média. Há também um personagem icônico dos quadrinhos no game que participa de forma efetiva do construto geral, deixando assim ainda mais coeso e uniforme o “multiverso” da franquia.

De forma geral a temporada 3 começa bem, com personagens minimamente interessantes, um enredo que apesar de não inovar é coeso, com algumas viradas na narrativa que conseguem surpreender e com um tom mais soturno, coisa inédita na série. A mudança de tom mostra que ainda há conceitos novos que podem trazer um frescor interessante à jornada de Clementine, que não é mais a menina protegida por Lee, tampouco a sobrevivente da segunda temporada. Ela é algo novo. Ainda não sabemos o que, mas estamos ansiosos para saber mais.

A terceira temporada de The Walking Dead e o episódio A New Frontier estão disponíveis para PC, Xbox One, PS4, iOS e Android.

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