Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

3 de setembro de 2014

Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

Na semana passada, chegou ao fim a segunda temporada do premiado adventure game The Walking Dead. Confira nossas impressões sobre o desfecho da saga de Clementine na sequência!

Como de praxe, vamos tentar evitar ao máximo os spoilers no decorrer do texto. Porém, para que a coisa fique compreensível, precisaremos abordar fatos ocorridos nos episódios anteriores da temporada. Para facilitar e não ficar tão perdido, você pode conferir as resenhas dos episódios anteriores nos links abaixo:

Episódio 1: All That Remains

Episódio 2: A House Divided

Episódio 3: In Harm’s Way

Episódio 4: Amid the Ruins

Após o tenso desfecho do quarto episódio, era de se esperar que o novo episódio garantiria fortes emoções, visto que o já maltratado grupo de Clementine estava no meio de um intenso tiroteio contra um grupo misterioso de russos.

Para piorar, agora temos um bebê sem mãe no grupo, o que contribui para deixar as coisas ainda mais tensas e  imprevisíveis. E já no meio do tiroteio você, no papel de Clem, deve arriscar sua própria vida para salvar a criança.

Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

O tiroteio até tem um desfecho positivo para nosso grupo, marcando o retorno de uma personagem que havia dado no pé anteriormente e deixando claro que a maluquice do nosso bom e velho Kenny está chegando à níveis alarmantes agora que ele abraçou para si a missão de proteger o bebê.

Depois deste início apocalíptico, temos um breve momento de sossego ao redor da fogueira. O grupo partilha bons momentos — e uns bons goles de rum — e você ainda pode dar uma forcinha para alguns membros menos sociáveis se integrarem melhor ao grupo. É um momento leve de descontração como há muito não se via.

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A calmaria porém, dura pouco, pois o caminho até o suposto “lugar seguro” que o jovem prisioneiro russo promete vai desencadeando novas doses do temperamento explosivo de Kenny, que acaba mal visto pelos seus próprios companheiros de equipe.

Como Clem é a mais familiarizada com Kenny — ainda que, psicologicamente falando, ele não seja exatamente o mesmo que ela conheceu na primeira temporada — sempre cabe à ela a missão de tentar acalmar os ânimos e se aproximar dele.

Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

Essa suposta confiança de Kenny em Clementine rende seus próprios momentos dramáticos, visto que ele já foi bem rude com ela no passado, e ao mesmo tempo percebe que o resto do grupo não confia plenamente nele. Sobra para nossa pequena Clem até a insalubre missão de tratar da saúde do cara.

Não demora para nossa jovem protagonista ter uma escolha de vida ou morte em suas mãos. E como de praxe, independente da sua escolha, algo vai acabar dando errado, o que afeta drasticamente o moral do grupo e a maneira como algumas pessoas tratam a Clem.

ESCOLHAS

Conforme o episódio progride, as relações do já desmantelado grupo só vão piorando, e suas escolhas começam a envolver muito mais questões de afinidade e confiança do que de qualquer outra coisa.

Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

Um ponto positivo é que, até pela situação do grupo,  voz de Clem não é mais “a verdade absoluta”, algo que vinha me incomodando um pouco nos últimos episódios. Aqui ela intercede com menos peso, e mesmo quando se trata de uma decisão importante, os “adultos” não se acanham em ignorá-la e continuarem com seus dilemas e discussões.

Nenhuma escolha é fácil, e aí entra muito seu bom senso e seu senso de “lealdade”, afinal temos de um lado um personagem que você já conhece desde a primeira temporada mas está visivelmente desequilibrado; de outro, novos personagens que não há como saber até que ponto são realmente fiéis e confiáveis.

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Ali pela reta final do episódio, sequer existe um grupo: entre mortos, feridos e desgarrados, sobra apenas Clementine no meio de uma verdadeira guerra entre pessoas que até então eram companheiras de viagem e de sobrevivência.

PROBLEMAS

Se por um lado o “peso” das escolhas de Clementine foi amenizado, por outro a maneira com que certas escolhas são feitas é estúpida. Em dado momento [SPOILER ALERT] Clementine está com uma arma na mão e pode interceder em uma briga entre dois personagens.

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O problema é que não existem opções inteligentes do tipo “atirar para o alto” só para dar um susto ou “atirar na perna” para impedir um dos agressores: ou você mete uma bala na cabeça de um personagem importante, ou você não atira e a briga deles continua… o que altera drasticamente o andamento da narrativa.

Ainda que eu entenda o gancho dramático e emocional que envolve estas decisões realmente pesadas, por outro lado acho que estes momentos de dilema poderiam oferecer 3 ou 4 possíveis ramificações. É sempre uma bifurcação: ou você vai pelo lado A, ou pelo lado B, nunca há um meio termo, um terceiro caminho, uma decisão menos brutal e, nesse caso, estúpida.

A RETA FINAL

Esse confronto supracitado culmina em uma reta final extremamente tensa, onde Clem deve realmente tomar partido (ou não) de maneira decisiva. Não há meio termo, e o resultado não é realmente bom para nenhum dos lados.

Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

E se faltam mais opções de escolhas por todo o jogo, eis que aqui, na reta final do jogo, percebemos que nossas escolhas nos levam não para somente um, mas (pelo menos) 3 finais diferentes: conversando com amigos que também finalizaram a campanha, percebi que temos (pelo menos) 3 possibilidades de finais diferentes! E elas são BEM diferentes entre si! Não é só um detalhezinho aqui, outro ali: os finais mudam o lugar para onde Clem vai e com quem ela vai parar lá.

Este desfecho entrega doses certeiras de drama e emoção, e é realmente capaz de mexer com as emoções do jogador. Pessoalmente, não gostei da última escolha que fiz no jogo, mas acredito que ela foi a melhor, e certamente era o que o Lee gostaria que eu fizesse.

CONCLUSÃO

Depois de uma temporada que teve lá seus altos e baixos, foi bom ver que a Telltale conseguiu nos entregar um final intenso, dramático e emocionante. Tem até um flashback da primeira temporada para dar um ar de nostalgia, e o peso que a reta final coloca no futuro da franquia é grande.

Análise Arkade: o emocionante desfecho de The Walking Dead em No Going Back (Season 2, Ep. 5)

A gente sequer sabe se a terceira temporada — que já está confirmada — irá manter o foco em Clementine, ou se irá nos apresentar a personagens completamente novos. Se a ideia é manter a Clem, teremos uma terceira temporada realmente imprevisível, dadas as variadas possibilidades que se abrem com os diferentes finais.

Se for sem a Clem, fica (pelo menos para mim) aquela sensação de dever cumprido, de saber que fiz o melhor para mantê-la segura desde a primeira temporada, ainda que para isso tenha tomado muitas decisões difíceis e até moralmente questionáveis.

No conjunto da obra – personagens, enredo, desfecho — a primeira temporada foi superior, mas é fato que, ainda que um pouco inconstante aqui e ali, a segunda temporada é muito boa, e certamente merece ser apreciada por quem busca boas histórias e uma narrativa envolvente.

Parabenizo novamente a Telltale por construir uma história densa, com personagens fortes com os quais a gente realmente se importa (nem todos, mas boa parte deles), e torço para que a próxima temporada mantenha — ou melhor, eleve — a qualidade desta ótima série.

The Walking Dead: No Going Back está disponível para PC, PS3, Vita, X360 e iOS.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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