Análise Arkade: Thymesia tira inspiração de Bloodborne e cria sua própria fórmula

16 de agosto de 2022
Análise Arkade: Thymesia tira inspiração de Bloodborne e cria sua própria fórmula

2022 parece ser o ano do Souls-like, pois desde que Elden Ring chegou lá em fevereiro estamos vendo o lançamento de muitos outros games nesse estilo. E o mais novo a entrar no grupo é Thymesia da OverBorder Studio e distribuído pela Team17.

O game só será lançado daqui 2 dias, no dia 18 de agosto, mas nós já o jogamos do começo ao fim e vamos agora discutir seus pontos fortes e fracos em nossa análise completa, além de conferir se o game se destaca dentro desse sub-gênero que está movimentado este ano!

Uma visão diferente sobre a Praga e a Era Vitoriana

Análise Arkade: Thymesia tira inspiração de Bloodborne e cria sua própria fórmula

Thymesia é um game que, propositalmente ou não, tem algumas características em comum com Bloodborne, em especial sua temática base, nos apresentando a um reino devastado por uma terrível praga.

O Reino de Hermes, local em que a história acontece, foi um dia um reino próspero, graças a sua utilização da alquimia. Mas um dia, uma praga surgiu nas fronteiras de Hermes e rapidamente invadiu o coração de sua capital, deixando incontáveis animais e pessoa mortas.

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Hermes tentou combater a praga com o uso da alquimia, e obteve sucesso com isso, encontrando uma cura. Porém, conforme o tempo passava, conseguir continuar curando a população tornou-se algo progressivamente difícil, pois a praga continuava a se espalhar e o custo de sua cura aumentava mais e mais. Até que, inevitavelmente, o Reino de Hermes entrou em colapso.

Infectados por toda a parte, monstros mutantes surgindo e atacando tudo em sua frente, corpos empilhados nas ruas e rios de sangue espalhando a doença. E no meio disso tudo está Corvus, o misterioso protagonista que luta para impedir os avanços da praga.

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Mas Corvus não é uma pessoa qualquer. Ele é imune à praga e ainda pode usar poderes provenientes dela para atacar. E além disso, ele possui uma forte relação com a cura criada em Hermes. O game então segue revisitando as memórias de Corvus, em busca sobre respostas sobre seu passado, sua luta contra a praga, sobre diversos segredos sobre o reino e, por fim, sobre a cura em si.

Um Souls-like de menor escala, mas não menos difícil

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Thymesia se diferencia de outros games do gênero por seu escopo, sendo um game bem menor se comparado a outros como Dark Souls, Bloodborne, ou até mesmo ao recente The Tarnishing of Juxtia, que jogamos e publicamos um review completo.

Esse escopo menor acaba gerando uma experiência bem interessante, pois temos poucos mapas diferentes, um gameplay mais conciso e fácil de aprender (mas não de dominar, falarei disso mais adiante), e um sistema de progressão ao estilo “missões”.

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Apesar da comparação que usarei agora não ser muito boa, nos ajuda a ter uma noção superficial de como é o game: Thymesia é uma mistura da temática inicial de Bloodborne, com o sistema de missões de Nioh, e um gameplay com a “base” de Sekiro: Shadows Die Twice simplificada.

Explicando por partes, a temática de Bloodborne está em um reino com estilo vitoriano dominado por uma terrível praga, que já explicamos anteriormente. A parte de Nioh entra pela estrutura das missões. O game possui apenas três mapas diferentes: O Mar de Árvores, uma aldeia decrépita construída ao redor dos troncos de diversas árvores gigantes. O Jardim Real, um local completamente tomado pela praga e por sangue. E a Fortaleza de Hermes, lotada de soldados inimigos por todos os lados.

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Cada um desses mapas possui múltiplas missões, sendo uma missão principal, que ao ser terminada desbloqueiam a área seguinte, e missões secundárias, que revelam novos pedaços de lore e segredos que possibilitam novos finais.

E então vem a parte Sekiro, que é uma simplificação do sistema de armas desse game. Em Thymesia você possui apenas três armas: Uma espada, usada para combos base, uma adaga, usada para defletir ataques inimigos, e a garra, que “confirma o dano” dado aos inimigos. Fora isso, você pode usar armas coletadas de inimigos, mas apenas poucas vezes, similar às ferramentas Shinobi de Sekiro.

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E, assim como em Sekiro, as batalhas consistem em conseguir atordoar os inimigos para poder usar uma execução, matando-os instantaneamente. Mas de uma forma bem diferente e criativa. Funciona assim: Atacando com a espada, você causa feridas no inimigo, diminuindo suas barras de HP. Porém, esse dano pode ser automaticamente curado pelos inimigos com o tempo. Para impedir isso, você deve usar seu ataque de garra para causar dano permanente. Assim, o inimigo não vai se recuperar.

Em suma, ataque com sua espada e use a garra para confirmar o dano. Faça isso até o inimigo ter a barra de vida zerada, e aí você pode usar uma execução e derrotá-los de formas bem acrobáticas e impressionantes. A garra também possui uma segunda característica bem interessante, e você carregar o seu ataque e além de causar dano no inimigo, você pode “absorver” sua arma.

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Além da espada e adaga, você pode equipar duas armas de suporte e “roubar” uma terceira de um inimigo. Por exemplo, ao usar o ataque da garra carregado num inimigo de lança, você ganha a habilidade de usar uma lança espectral para um único ataque. E você pode “roubar” as armas de todos os inimigos o game, incluindo facas, arcos, alabardas, martelos e etc. Essas armas também podem ser permanentemente adquiridas via drop de inimigos. Assim, você pode equipá-las e usar em batalhas sem a limitação de apenas um uso, mas gastando a barrinha de energia de Corvus.

Isso permite que o jogador seja bastante criativo em como joga, mesmo que o game não ofereça um leque muito grande de customizações. Há, porém, diferentes árvores de habilidade que são totalmente customizáveis. Ao subir de nível, até chegar ao nível 25, você ganha pontos de skill, que usa para desbloquear movimentos e ataques novos. O legal é que você pode reatribuir esses pontos livremente em qualquer ponto de descanso.

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Você pode, por exemplo, colocar todos os pontos para desbloquear habilidades agressivas, focando somente na espada. E, se encontrar uma situação ou inimigo muito difícil, pode alterar as suas skills para mudar seu estilo de jogo, focando em defesa, numa build híbrida e etc.

Isso é um ponto muito positivo de Thymesia, pois transforma sua proposital “limitação” em algo customizável, permitindo que você mude a forma que joga sem necessariamente mudar as mecânicas de jogo.

E ao falar nisso, preciso falar sobre o nível de dificuldade de Thymesia, que é alto. A maior dificuldade do game está talvez em sua “cadência”. Não há dezenas de inimigos para o jogador ter que lidar simultaneamente, mas todo inimigo, mesmo os mais fracos, são perigosos se o jogador não estiver atento.

Análise Arkade: Thymesia tira inspiração de Bloodborne e cria sua própria fórmula

Como o gameplay de Thymesa é mais baseado em velocidade e parry, ao estilo Bloodborne, timing é essencial. Saber quando atacar, quando esquivar e principalmente quando defletir golpes inimigos e usar contra-ataques para evitar golpes que não podem ser defendidos ou esquivados.

Leva um tempo até que o jogador se acostume com essa velocidade, mas felizmente as customizações ajudam nesse quesito. Você pode, por exemplo, ativar a habilidade de se defender com a adaga, diminuindo bastante o dano sofrido em ataques; ou pode aumentar o tempo do efeito do parry, deixando seu uso muito mais fácil. Apesar de Thymesia ter um gameplay mais simples e sem complexidade, suas customizações permitem que você se adapte melhor aos desafios diante de você. Mas, lembre-se, nada disso deixa o jogo mais fácil! Mas sim permite que você de adapte melhor.

Audiovisual

Análise Arkade: Thymesia tira inspiração de Bloodborne e cria sua própria fórmula

Thymesia possui um visual excelente. E como gosto de pontuar em minhas análises de Souls-like e games de terror, um dos elementos visuais que mostram de fato a beleza gráfica de um game é sua sujeira, e Thymesia tem muita sujeira.

Ruas e vielas de uma cidade com arquitetura gótica, impregnadas de lama, sangue e cadáveres. O vilarejo improvisado no Mar das Árvores, construído com tábuas e cordas precárias ao redor de gigantescas árvores doentes, com verdadeiros tumores amarelados que geram uma constante névoa. Ou até mesmo os jardins, completamente vermelhos por conta do verdadeiro mar de sangue que alaga o local, junto de estranhos e gigantescos cristais vermelhos.

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Thymesia possui muitos detalhes em tudo, em suas texturas, nos visuais dos inimigos, no reflexo em superfícies brilhantes ou na água e sangue. E principalmente no visual e na movimentação de Corvus, com seus ataques e execuções altamente coreografadas.

O game possui uma boa trilha sonora ainda que não muito marcante, mas com um estilo gótico e orquestrado realmente muito bem feito. O destaque mesmo fica para os sons de combate, que são realmente bem feitos. O game não possui vozes, com todas as falas sendo apresentadas via texto. Infelizmente o game não conta com localização em português brasileiro, o que pode atrapalhar um pouco quem não entende de inglês, pois alguns objetivos e informações importantes requerem a leitura de documentos de lore.

Conclusão

Análise Arkade: Thymesia tira inspiração de Bloodborne e cria sua própria fórmula

Thymesia é um game que consegue remodelar a fórmula do Souls-like de forma a criar uma aventura ao mesmo tempo desafiadora e convidativa. Ainda que ofereça um nível de dificuldade alto, principalmente durante as primeiras horas de jogatina, o game permite que o jogador customize a forma como joga para melhor se adaptar a seu estilo.

É claro que essas customizações não causam diferenças gigantescas, como escolher jogar de cavaleiro ou feiticeiro em Dark Souls, mas auxiliam o jogador a encontrar uma forma que seja mais confortável para jogar, seja com foco no ataque, na defesa, ou balanceando para uma abordagem mais estratégica.

O game tem uma duração bem curta, pois tanto suas missões principais quanto side missions podem ser terminadas de forma bem rápida. Apesar disso, Thymesia é um game bem divertido e uma boa dica para quem quer se aventurar em um Souls-like mais focado em habilidade do que em equipamento.

Thymesia será lançado depois de amanhã, no dia 18 de agosto com versões para PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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