Análise Arkade: Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2, um remake incrível que revitaliza a série

5 de setembro de 2020
Análise Arkade: Tony Hawk's Pro Skater 1 + 2, um remake incrível que revitaliza a série

Prepare-se para embarcar em uma viagem no tempo diretamente para o final dos anos 90: Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 não é apenas um remake, mas um pacote de nostalgia, atitude e diversão capaz de agradar gamers de todas as idades!

Ainda que o skate sempre tenha estado presente no mundo dos videogames — quem aí lembra do saudoso California Games? –, foi com o jogo oficial do Tony Hawk, lançado em 1999, que a popularidade do gênero explodiu.

Ao trazer um gameplay ágil e divertido ao lado de atletas reais, um bom nível de desafio e uma trilha sonora antológica, Tony Hawk’s Pro Skater tornou-se um fenômeno, e foi exaustivamente jogado até por quem nunca teve interesse em subir em um skate de verdade.

Análise Arkade: Tony Hawk's Pro Skater 1 + 2, um remake incrível que revitaliza a série

Curiosamente, a série tornou-se vítima de seu próprio sucesso: conforme os anos se passavam, novos jogos foram lançados, mas nunca conseguiam alcançar a qualidade dos primórdios da franquia. Ainda que tenham rolado tentativas de inovar — trazendo skates como controles em jogos bem zoados, o charme de outrora se perdeu, e mesmo títulos mais tradicionais, como Tony Hawk’s Pro Skater 5, erraram a mão, com muitos bugs e problemas técnicos.

O que fazer então? Retornar ao básico, à fórmula que angariou uma legião de fãs nos bons tempos do PS1. Foi isso que a Activision e a Vicarious Visions resolveram fazer, e olha, elas realmente acertaram a mão!

Gameplay & Nostalgia

Recentemente eu analisei aqui no site um jogo chamado Skater XL, que traz uma proposta de simulação muito mais densa, com cada alavanca analógica controlando um dos pés do skatista. Ainda que não seja exatamente como andar de skate de verdade, é uma proposta mais arrojada, mais complexa… e menos divertida.

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Tony Hakw’s Pro Skater manda isso para escanteio, e segue apostando em um gameplay arcade que ainda funciona muito bem. Para fazer “o básico” no jogo, temos um botão de pulo/ollie, um para manobras do tipo grab (quando o skatista segura o shape) e outro para manobras do tipo flip (que consistem em “virar” o skate sem usar as mãos). Por fim, há também um botão para grind, aquelas manobras em que o atleta desliza por corrimãos, canteiros e quinas em geral.

Tudo aqui está mapeado basicamente do mesmo jeito que era antigamente, e como a memória muscular é uma coisa linda, se você jogou algum THPS “das antigas” meio que já vai saber se virar assim que descer a rampa da Warehouse — antológica primeira fase do game, recriada com esmero aqui. Se não for o seu caso, não se preocupe: o próprio Tony Hawk pode te ensinar as mecânicas do jogo em um tutorial dublado em português (o áudio original em inglês, a voz é a do próprio Tony Hawk).

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A fase do shopping é um downhill insano!

Há diferentes tipo de fases, mas na maioria delas o desafio é aquele que a gente já conhece: uma “to-do-list” com coisas tipo coletar as letras da palavra S-K-A-T-E, recolher/quebrar/passar sobre 5 itens aleatórios, conseguir muitos pontos (cada fase costuma 3 desafios desse tipo), saltar sobre “gaps” insanos ou fazer alguma manobra específica em um local específico do cenário, e por aí vai. Ah, e também tem a boa e velha fita VHS, esperando para ser encontrada em um lugar desafiador!

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O “A” de S-K-A-T-E

Cada fase dura cerca de 2 minutos, e ainda que você não precise fazer tudo em uma só partida, tentar cumprir o máximo de objetivos possível é parte do desafio (e da diversão). E, claro, melhor ainda se você fizer isso sem cair, fluindo pelo cenário e emendando uma manobra na outra em combos alucinantes que desafiam a gravidade. Aliás, fica dica: se cair, fica apertando A / X bem rápido que seu personagem volta para o sskate bem mais rápido — uma pequena novidade que deixa a jogatina mais dinâmica e os tombos menos frustrantes.

E por falar em combos, usar wallruns e manobras do tipo “manual” para conseguir manter a contagem de pontos rolando é a chave do sucesso, ainda que mandar realmente bem no jogo demande muita prática. Confesso que, embora tudo fosse familiar, eu estava bem enferrujado nas primeiras partidas, e definitivamente não jogo mais tão bem quanto antigamente.

Conteúdo & Customização

Como seu título sugere, Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 condensa o conteúdo dos dois primeiros jogos da franquia em um pacote só. Temos 9 fases clássicas de cada jogo, totalizando 18 estágios altamente nostálgicos. Relembrar os segredos de cada um deles, redescobrir aquela passagem secreta que te leva para um telhado maroto — ou algum outro lugar (aparentemente) inalcançável — é um prazer que a galera da velha guarda vai curtir demais, especialmente nas fases mais emblemáticas, como as duas versões da Warehouse (na do segundo jogo dá pra fazer o helicóptero voar, lembra?), o shopping ou as fases no pátio da escola.

Análise Arkade: Tony Hawk's Pro Skater 1 + 2, um remake incrível que revitaliza a série
Se você lembra disso, você está ficando velho…

Temos 22 skatistas disponíveis para escolher, boa parte deles da velha guarda, e alguns novos rostos que se destacaram no esporte nos últimos anos, ou deram as caras em jogos posteriores da franquia — caso da brasileira Letícia Bufoni, por exemplo. Além disso, você pode criar seu próprio atleta, e cumprir os desafios do jogo lhe rende dinheiro para gastar em uma infinidade de itens cosméticos licenciados tanto de vestuário (camisetas, tênis, bonés) quanto de skate (shapes, rodinhas, trucks).

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Tem até uma caveira skatista XD

O editor de pistas está de volta para os que querem criar sua “pista dos sonhos”, e traz uma tonelada de recursos diferentes. Não tenho muita paciência para isso, mas quem curte sem dúvida vai passar horas se divertindo enquanto espalha rampas, corrimãos e degraus da melhor maneira possível, para criar seu mapa perfeito.

Para completar, temos ainda a jogatina multiplayer, que chega em dois formatos: há o bom e velho multiplayer em tela dividida para 2 players, e o modo online, que entrega disputas para até 8 players. Eu joguei muito com meu irmão aquele modo de jogo chamado “grafite”, em que os jogadores “pintam” partes do cenário de acordo com a pontuação de suas manobras, e é um prazer ver que ele está de volta, e continua insanamente divertido.

Para deixar as partidas justas, os stats de todos os jogadores são elevados ao máximo (então você vai pular mais alto, ter mais equilíbrio, etc.) e os personagens não colidem uns com os outros, ou seja, nada de derrubar o coleguinha: superar o placar dos adversários é, antes de mais nada, uma questão de habilidade.

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Rolam competições (mais ou menos) amigáveis no multiplayer

Tudo o que você faz gera pontos para o seu profile de jogador, e conforme avança, você vai liberando novos slots de manobras especiais (que podem ser executadas quando sua barra de especial está cheia) e pode melhorar os atributos do skatista em diversos aspectos — os pontos de atributo são ícones que você coleta enquanto joga.

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Não esqueça de melhorar os stats do seu skatista!

Além disso, cada atleta tem missões específicas, e completá-las rende surpresas bacanas, como novos trajes e versões diferenciadas daquele personagem — representando seu visual em diferentes jogos da série, por exemplo.

Audiovisual

Parece que de uns tempos pra cá a Activision encontrou uma fórmula mágica infalível de fazer remakes. Desde a trilogia Crash Bandicoot que ela vem acertando a mão, e Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 é mais uma bola dentro da empresa. O visual do jogo foi totalmente atualizado — com direito a HDR e 60fps –, e tudo é imediatamente familiar… só que muito mais bonito, com efeitos de iluminação incríveis e ótimos modelos de personagens.

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O pôr do sol tá lindão no jogo!

Tudo foi (re)criado com muito respeito ao material original, e o feeling do jogo ainda é o mesmo — algo que a própria série Tony Hawk’s conseguiu fazer errado diversas vezes. O visual deixa claro que este é um jogo novo, mas o coração dele continua no mesmo lugar — o que é ótimo.

Essa questão do feeling é amplificada pela trilha sonora, que resgata os maiores hits dos jogos originais, mas agrega uma boa leva de novas bandas e músicas que combinam perfeitamente com o jogo. Ao lado de faixas clássicas de bandas como Goldfinger e Rage Against the Machine, temos um punhado de boas bandas que estão debutando no jogo, como American Nightmare, The Ataris e Viagra Boys.

E claro que não podemos deixar de mencionar “os caras do” Charlie Brown Jr., que marcam presença no game com uma versão (levemente censurada) de Confisco. A banda de Santos integrou a playlist do game graças a uma mobilização sem precedentes dos gamers e internautas brasileiros. Sem exagero: dá orgulho de curtir o som do CBJr. em um jogo que, assim como a banda, marcou a adolescência de toda uma geração.

Conclusão

Quem é fã de Tony Hawk’s Pro Skater provavelmente nem precisa ler review nenhum pra decidir se compra o jogo ou não, mas se você estava um pouco receoso com este remake (algo compreensível, dado o histórico problemático da série), pode respirar aliviado: o jogo é excelente, divertido, nostálgico e desafiador na medida certa, e seu gameplay bem calibrado é capaz de agradar tanto quem sempre curtiu a franquia quanto quem nunca jogou nada dela.

Análise Arkade: Tony Hawk's Pro Skater 1 + 2, um remake incrível que revitaliza a série
Cuidado para não ser atropelado nessas fases pela cidade!

Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 é um remake feito do jeito certo, que respeita o legado dos jogos originais, e aproveita recursos atuais — como os 60fps e o multiplayer online — para deixar a experiência ainda melhor.

A pergunta que fica agora é: e o futuro da série, como é que fica? Este remake sem dúvida dá um novo fôlego para o jogo, e aposto que a qualidade dele vai ajudar os fãs a “esquecerem” os fiascos mais recentes da franquia, mas convenhamos: a série não pode viver do passado para sempre.

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“Rolê” é o multiplayer, que consiste em várias de provas seguidas

Lembre que o primeiro jogo já foi “refeito” uma vez na geração passada (com qualidade bem inferior). Este novo remake prova que eles sabem como fazer um bom jogo THPS. Resta saber se eles sabem como fazer um novo jogo THPS.

Mas isso é papo para outro momento. No presente o que importa é que Tony Hawk’s Pro Skater está de volta em grande estilo, tão divertido e viciante quanto era lá em 1999.

Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2 foi lançado ontem (04/09), e está disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One (versão analisada). O game está 100% localizado para o nosso idioma.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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