Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

10 de setembro de 2016

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

Shmups — também conhecidos como bullet hells — são jogos que cobrem a tela de tiros  e demandam extrema perícia. E há uma lendária série de Touhous — o Touhou Project — que, embora não seja muito difundida no ocidente, já existe há mais de 20 anos no Japão.

Embora seja fácil confundir um Touhou com um “jogo de navinha”, aqui temos alguns diferenciais: as “navinhas” geralmente são garotas/mulheres com poderes especiais. E os “tiros” são na verdade o Danmaku, que poderíamos traduzir livremente como “cortinas de balas”. Basicamente, cada personagem possui seu próprio Danmakuque se manifesta de formas específicas e forma padrões específicos.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

Muitos games da “série” Touhou seguem o estilo clássico dos shooters 2D de navinha: você avança por uma fase vertical e no final, enfrenta um chefe. Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet, no entanto, muda esta premissa básica, e é focado em duelos 1 x 1 entre as personagens.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

Ainda que eu não seja um especialista em Touhous, fiquei com a impressão que Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet é meio que um Super Smash Bros. do gênero, pois reúne personagens de diversos outros jogos em um único título, focado em duelos 1 x 1 entre as moças.

Os nomes delas são bem difíceis de lembrar, mas quem conhece toda a mitologia que permeia a franquia certamente vai reconhecer nomes como Youmu Konpaku, Reimu HakureiUtsuho Reiuji. Pelo que pesquisei, a mitologia dos jogos envolve realidades paralelas, deuses e criaturas místicas no Gensokyomundo inspirado no Japão feudal, mas que envolve muito folclore e misticismo em sua concepção.

A jogabilidade é confusa…

Inicialmente temos 10 personagens selecionáveis, todas velhas conhecidas dos Touhous. Cada personagem possui um modo Story — não se anime, as histórias são bem bobinhas –, e podem ser utilizadas também em outros modos de jogo, tais como Arcade, Boss Rush, Multiplayer (online e local), entre outros.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

A jogabilidade é um tanto confusa de início, pois existem muitos tipos de comandos possíveis: você possui 3 tipos básicos de projéteis Danmaku (mapeados nos botões X, Quadrado e Triângulo), mas quando utilizados em conjunto com os botões de movimento (já falo mais sobre eles), disparam outros padrões de tiros, totalizando 9 variações. Quando as personagens estão muito próximas uma da outra, também rolam ataques corpo-a-corpo.

Confira um duelo completo que capturei direto do PS4 e tente entender o que se passa:

Fora isso, cada personagem possui a habilidade de “cancelar”Danmaku inimigo e também carrega Bombas que, ao serem usadas em situações específicas, desencadeiam os ataques mais devastadores do jogo, os Spells.

Voltando aos botões de movimento: além da básica alavanca analógica, você pode dar um boost na sua movimentação com o gatilho direito, ou se mover de forma mais lenta e precisa usando o gatilho esquerdo. Combinar os 3 tipos de movimentação é essencial para fugir dos projéteis inimigos, e “tirar uma fina” dos tiros recarrega o seu Danmaku, ou seja, se saber se defender/esquivar é tão importante quanto saber atacar.

O vídeo abaixo resume um pouquinho das mecânicas e dá até uma canja de tutorial, confere aí:

Claro que mnha explicação e o vídeo acima são bem superficiais, e é altamente recomendável que você assista ao relativamente longo tutorial do game para entender direito o que rola na tela e para que serve cada medidor e cada habilidade. Na prática, a essência do gameplay é: esquive-se como puder dos projéteis do Danmaku inimigo, e faça chover tiros na tela usando seu próprio Danmaku.

Mas os duelos são frenéticos!

Você já jogou Furi, jogo que foi disponibilizado de graça para assinantes PS Plus há alguns meses? Em alguns aspectos, acho que Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet se assemelha a ele. Ainda que sejam jogos totalmente distintos em termos de gameplay, nos dois casos temos combates 1 x 1 e mecânicas meio complicadas, que precisam ser dominadas para que os duelos não se tornem injustos.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

Esse é aquele tipo de jogo que provavelmente quem assiste não entende quase nada do que está rolando na tela, mas quem joga está praticamente suando, com olhos fixos na tela e dedos tensos no controle, lutando para fugir dos projéteis que (literalmente) entopem a tela.

Confira abaixo um duelo e tente entender um pouco do que está acontecendo:

Confuso, né? Pois é, mas, como eu disse antes, é confuso para quem assiste, pois quem joga invariavelmente se acostuma com toda a “poluição visual” frenética que rola na tela, e quanto mais você joga, mais emocionantes vão ficando as partidas.

Se não quiser ficar só jogando contra a inteligência artificial, aproveite que o game tem multiplayer local e online. Desde já espero que a comunidade de jogadores abrace Touhou Genso Rondo nas próximas semanas, pois os duelos online têm tudo para renderem batalhas simplesmente épicas!

Audiovisual

Aqui é onde o jogo incomoda. Ele não é necessariamente feio, mas é tudo tão “cru”, tão simples que invariavelmente fica aquela impressão de que estamos jogando algo do começo da geração passada. Tão geração passada que a tela de jogo fica “espremida” no formato 4:3, pois as laterais são ocupadas por (feios) medidores e informações das personagens, distribuídas de forma bem grosseira.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

A simplicidade está em todos os aspectos: temos pouquíssimas músicas (que se repetem mais do que deveriam) e basicamente uma ilustração decente de cada personagem — que é repetida em tudo: tela de seleção, diálogos e cenas estáticas do modo Story, tela de especial, etc. Quando rolam embates corpo-a-corpo, fica claro que os modelos 3D das personagens também são simples até demais.

Antigamente a série Touhou era 100% produzida por apenas um cara (o lendário ZUN, que praticamente criou o gênero) o que justificava essa “economia”, mas hoje em dia as coisas já devem estar um pouco melhores nos bastidores do jogo, que sem dúvida ganharia muito se tivesse um polimento caprichado.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

O que realmente salta aos olhos são os Danmakus: vibrantes e coloridos, os projéteis das personagens assumem formas muito bonitas, que pulsam pela tela assumindo padrões que lembram mandalas, cristais de gelo, leques e muito mais. A beleza do Bullet Hell visto aqui é quase hipnótica (vide as imagens acima).

Conclusão

Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet não é para todos. Ele é complicado, confuso e até um pouco feio. Porém, quando você se aprofunda em suas mecânicas e em seus duelos, descobre um jogo extremamente aditivo, desafiador e viciante.

Análise Arkade: os confusos e frenéticos duelos de Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet

Se você é fãs da franquia Touhou ou de shmups/bullet hells em geral, provavelmente já está habituado a estes “defeitinhos” e vai se sair bem. O sistema de duelos 1 x 1 tem  uma pegada diferente dos Touhous tradicionais, mas a fórmula sem dúvida funciona muito bem.

Touhou Genso Rondo: Bullet Ballet foi originalmente lançado para PCs no Japão. O que chegou agora (dia 06/09) ao Playstation 4 é uma versão pseudo-remasterizada do game, que conta com menus e legendas em inglês.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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