Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

18 de fevereiro de 2017

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

“A caneta é mais poderosa que a espada”. Você certamente já ouviu essa frase, certo? E Typoman Revised é um joguinho deveras criativo que eleva este conceito a um novo patamar, pois tudo o que você tem para se virar são letras e palavras! Confira agora nossa análise deste engenhoso indie game!

Um herói ortográfico

Typoman nos coloca na pele de um bonequinho formado das letras que formam a palavra HERO. De início você é apenas uma cabeça sem corpo (a letra O), mas vai encontrando suas partes antes de começar de fato a aventura.

Ao invés de ficar falando, acho mais fácil te mostrar meu gameplay do começo do jogo, só para você entender o quão… “diferente” é esse jogo:

No controle do pequenino HERO, sua missão é explorar um mundo em ruínas onde letras e palavras estão em todos os lugares, e elas serão suas maiores aliadas em sua jornada, mas cuidado, pois certas palavras também podem se revelar monstros e armadilhas letais!

Não há exatamente uma história muito clara, mas alguns acontecimentos esparsos que desenvolvem o jogo, e aspas colecionáveis que desenvolvem o “lore”, explicando mais sobre a situação da personagem e sobre aquele mundo decrépito. Formar a história toda dá um bocado de trabalho, pois diversas aspas estão muito bem escondidas em lugares de difícil acesso.

O poder das palavras

Ainda que pareça mais um jogo de plataforma 2D estilo Limbo, não demora para ficar claro que Typoman é um jogo bem diferente de praticamente tudo o que o gênero “plataforma 2D” já nos apresentou, pois ele traz uma mecânica que, se não é 100% nova, sem dúvida é muito pouco vista.

Novamente, o que esse jogo faz com as palavras é algo tão genial e coerente com suas mecânicas, que fica difícil explicar por escrito. Felizmente, os gifs estão aí para facilitar a vida da gente. Confira dois bons exemplos abaixo:

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

Escrever “ON” liga a plataforma.

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

E com um simples “D“, “RAIN” vira “DRAIN” e libera seu caminho.

Deu para sacar? Você usa letras “avulsas” para formar palavras, que por sua vez, realizam ações e permitem que você acione mecanismos e interaja com elemento do cenário de formas realmente criativas. Lembra um pouco o que Scribblenauts já fez, com a diferença que aqui você não escreve o que quiser, precisando lidar com as letras que o jogo te dá.

A barreira idiomática

Typoman Revised teve uma localização curiosa. Os menus do jogo estão todos em português, mas as palavras — que, afinal, são parte fundamental do gameplay — precisam ser escritas em inglês. A própria história do game, que se desenrola com as aspas que você coleta, está em inglês.

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

Isso não é realmente um problema quando você está trabalhando com poucas letras e palavras simples — tipo ON, OPEN, RAIN –, mas é claro que o jogo invariavelmente fica bem mais complicado do que isso, despejando punhados de letras para você, sem dar realmente uma pista decente da palavra que você deve formar com elas.

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

Como brasileiro que sou, estou habituado a “pensar em português”, mesmo tendo um nível de inglês razoável. Isso dificultou um pouco as coisas, e talvez dificulte para você também, pois nem sempre a palavra que precisamos para resolver um puzzle é óbvia ou conhecida. Como o jogo já saiu para outras plataformas, é possível encontrar uns guias por aí que dão uma ajuda, então ,caso fique muito tempo “travado” em uma parte específica, dê uma Googlada.

Audiovisual

Ainda que se apoie no estilo característico de Limbo e seus clones, Typoman Revised se destaca por conter letras e palavras espalhadas de forma muito interessante pelos cenários. Muitas vezes os objetos com os quais você interage são feitos das letras que formam seu nome, o que concede charme e autenticidade ao game. E quando as letras “casam” para formar palavras úteis, rola um belíssimo efeito de névoa/iluminação.

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

Mesmo sendo um jogo essencialmente 2D, ele possui uma profundidade muito interessante, e podemos ver um pouco mais do mundo destruído e das bizarras formas de vida alfabéticas que nele vivem simplesmente admirando os cenários desolados. Em certos momentos — quando umas seringas espetam você — tudo fica “mole” e distorcido, transformando o jogo em uma viagem ainda mais psicodélica!

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

O jogo não possui vozes, mas o resto de seu departamento sonoro é muito competente, como músicas que são geralmente tranquilas, mas crescem bastante para acompanhar os momentos de ação e as perseguições. Como já dito, o game está parcialmente em português, e nos menus a localização foi feita de forma satisfatória.

Conclusão

Typoman Revised é um joguinho realmente único. Eu sei que ele parece Limbo e tantos outros jogos, mas ele realmente se destaca por suas mecânicas diferenciadas, e pelas formas criativas e imprevisíveis com que podemos interagir com o mundo do game simplesmente aproximando ou separando letras.

Análise Arkade: os criativos puzzles ortográficos de Typoman Revised

O game acaba sendo um pouquinho desafiador demais para nós, que “pensamos em português”, mas isso de maneira nenhuma subtrai suas qualidades: Typoman Revised é um jogo simples, mas tremendamente criativo, que conseguiu criar todo um universo próprio e cheio de estilo em cima de caracteres e palavras.

Recomendo o jogo para quem tem paciência e um inglês razoável, mas especialmente para gamers que gostam de pensar fora da caixa e experimentar ideias criativas e que fujam do lugar-comum… nem que isso signifique ficar travado em alguns pontos e acabar precisando da ajuda de guias e detonados.

https://youtu.be/PyCMKeQmXQk

Typoman Revised foi lançado em 17 de fevereiro para PS4 e Xbox One. Antes disso o game já estava disponível para PC e Wii U.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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