Análise Arkade: Ultracore é uma relíquia dos anos 90 que foi resgatada no presente
Existem games com a proposta de resgatar o estilo clássico de antigamente, emulando títulos e ideias do passado. Há ainda as remasterizações, que resgatam clássicos com algumas melhorias. Mas de vez em quando vemos uma situação bem rara: O lançamento real de um game produzido há décadas atrás.
E é nessa última categoria que se encaixa Ultracore! Um game que finalmente foi lançado após 26 anos de espera! E é hora de embarcar numa viagem nostálgica com nossa análise completa!
Uma viagem pelo tempo, 26 anos atrás
Em 1994, uma produtora chamada Digital Illusions estava produzindo um game chamado Ultracore para o Mega Drive. O game já estava 99% pronto, faltando apenas os retoques finais para então lançá-lo.
Porém, nesse mesmo o ano o Playstation seria lançado e a distribuidora do game, a Psygnosis, decidiu que um game novo para uma plataforma de 16-bits não conseguiria competir com um novo console de 32-bits sendo lançado. E assim, a Psygnosis decidiu cancelar Ultracore com o game praticamente pronto.
Anos se passaram e Ultracore caiu no esquecimento. Mas sua produtora, a Digital Illusions não, ela cresceu e se tornou a DICE que conhecemos muito bem atualmente, a mesma produtora da série Battlefield! E com ajuda da própria DICE, o estúdio alemão Strictly Limited Games, conseguiu um kit de desenvolvimento do Mega Drive, terminou o game e enfim o lançou!
100% anos 90, 100% Ultracore
Como eu mencionei no início dessa análise, existem games que prestam homenagem aos clássicos de antigamente, seja com visuais pixelados, dificuldade elevada, gameplay e etc. No caso de Ultracore, o game é 100% anos 90. Sem exagero!
Sem saves, sem tutorial, sem menu de configurações de controles, sem níveis de dificuldade. Você liga o game e já entra na tela inicial, você clica em Start e a ação começa imediatamente. A partir daí, se vira!
Exatamente como os games de antigamente, história é algo secundário. Tudo o que importa é sair dando tiro e chegar ao fim da fase. A história do game só é mostrada em poucos momentos, que dão somente um contexto geral sobre o que está acontecendo.
Você é um soldado de elite, cujo planeja foi invadido pelo exército de máquinas de um vilão chamado Vance. Sua missão é simples: Destrua Vance e as máquinas espalhadas por diversos mundos serão desativadas. E Apenas isso, o resto é com você!
Se você não viveu os games dos anos 90, então se prepare! E se você já é “véio de guerra”, então certamente vai sentir a nostalgia fluindo enquanto joga. Ah, lembra que eu falei que não tem save no jogo e nem níveis de dificuldade? Pois o game é assim: 3 continues e só, mas felizmente seu personagem pode ter várias vidas, encontrando 1-ups nos cenários ou ao matar um certo número de inimigos.
Se perder todos os continues, é game over. E para retomar o progresso de onde você parou, terá que usar o antigo sistema de Passwords. Por isso, sempre que terminar uma fase, anote o password que aparece na tela de resultados da missão!
Ação e dificuldade como era antigamente
Ultracore coloca o jogador direto no tiroteio e larga sua mão. Se vire e chegue até o fim! Mas o game é bem simples de aprender e seu alto desafio é bem divertido.
O game possui mapas enormes, alguns possuindo até mesmo múltiplos caminhos até o final. Com desafios e recompensas diferentes. Além de muitos segredos escondidos, com paredes destruíveis ou paredes falsas,que abrem caminhos para áreas que contém vários bônus, desde 1-ups, power ups para suas armas e outros itens, como bombas, escudos, munição e moedas (que são usadas em algumas estações para comprar munição, bombas ou vidas extras).
O objetivo aqui é simples, saia correndo atirando em tudo o que aparecer em sua frente e chegue até o final. Algo interessante é que todas as fases do game são divididas em duas partes, cada parte com um chefão. E muitas áreas contam com puzzles simples para prosseguir, normalmente exigindo que o jogador procure key cards para abrir portas.
Em termos de gameplay, tudo é bem simples: Você pode correr, pular, atirar, interagir com portas e computadores, trocar de armas e usar bombas que destroem todos os inimigos em tela (exceto alguns mais fortes). Ah, e uma coisa legal do game é que é possível atirar em direções diferentes, não apenas no padrão 8-axis (como em Contra). É possível mirar em vários ângulos diferentes e melhor ainda, se você estiver jogando com um controle, pode usar o analógico direito para mirar e atirar ao mesmo tempo!
Um pequeno problema no gameplay está na combinação de correr e atirar. Se você estiver correndo e começar a atirar, tudo ocorrerá normalmente. Mas se você estiver parado e atirar, seu personagem ficará travado na posição que está, podendo mirar livremente, mas não conseguindo andar. O problema disso é que há inimigos que você precisa agachar para desviar de seus tiros. Se você estiver correndo e apertar para baixo, você mirará para baixo. E se estiver parado, aí sim agachará. É um problema chato, mas que é contornado ao se acostumar com a forma que o gameplay funciona.
Existem várias armas diferentes que são encontradas em caixas. Todas as armas possuem power ups, que aumentam a quantidade e força dos tiros. O jogador possui sua arma padrão, que não gasta munição, mas todas as armas diferentes que você pega pelo caminho compartilham o mesmo estoque de munição. Por isso não é uma boa ideia sair gastando tiros de armas especiais em inimigos fracos.
E como nos games de antigamente, há um limite de tempo para você terminar as fases! Se o tempo acabar, você perde uma vida. Mas o game é bem generoso e dá bastante tempo no início de casa fase, além de itens que aumentam o tempo restante. E se o jogador perder uma vida, ele volta exatamente no último ponto em que o personagem esteve de pé, então não há sofrimento com checkpoint distantes.
Audiovisual
Ultracore possui um visual em 16-bit que transpira “Mega Drive“. Se você viveu naquela época você também sabe o que quero dizer com isso. Antigamente era possível saber se um game era do Super Nintendo ou do Mega Drive só pelo seu visual. E esse é mais um caso desses.
O visual do game é bem detalhado e fluído, com vários robôs inimigos diferentes para o jogador destruir, apesar da variedade não ser tão grande assim, com robôs realmente novos aparecendo na última fase. Mas mesmo assim, há muita coisa acontecendo em tela ao mesmo tempo, com vários inimigos indo pra cima do jogador e vários tiros e explosões.
Os chefões possuem visuais bem feitos, muitos sendo gigantes e com pequenos pontos fracos, mas oferecendo batalhas bem intensas. E os cenários do game alternam entre florestas e bases subterrâneas cheias de máquinas e detalhes tecnológicos.
E o departamento sonoro é simplesmente magnífico! As músicas do game são realmente incríveis e altamente nostálgicas. E não apenas isso, mas o jogador ainda pode escolher uma trilha sonora em 16-bit ou uma trilha sonora “CD”, com mais qualidade. E ambas as trilhas sonoras do game são realmente primorosas e viciantes de se ouvir!
Conclusão
Se você tem saudades dos anos 90, ou se você quer ter uma genuína experiência de como eram os games de antigamente, então Ultracore é uma escolha obrigatória para você.
O game possui somente 5 fases, pouco para os padrões atuais, mas era assim que os games era antigamente, pouca duração, porém com muitos desafios para aumentar bastante o tempo de jogo. E desafio é o que não falta aqui, então se prepare para gastar muitas vidas!
Ultracore, que não teve seu lançamento original em 1994, finalmente foi lançado no dia 23 de junho para Playstation 4 e Nintendo Switch. Ah, e o game também foi lançado para o Mega Drive em 2019!