Análise Arkade: o excelente Unruly Heroes dá uma nova cara a uma história clássica

5 de fevereiro de 2019

Análise Arkade: o excelente Unruly Heroes dá uma nova cara a uma história clássica

A Journey to the West é um romance chinês que já tem mais de 500 anos, mas segue sendo uma obra tremendamente influente até hoje. Enslaved: Odyssey to the West é inspirado nele, e os primórdios de Dragon Ball também. Unruly Heroes chega para engrossar essa lista de obras inspiradas na clássica história, e é uma das primeiras boas surpresas indies de 2019!

Uma velha história recontada

Unruly Heroes adapta a famosa jornanda ao oeste trilhada pelo Rei Macaco, mas faz isso de forma bastante leve, e até bem humorada. A ideia aqui não é apresentar o romance em todos os seus detalhes, mas fazer uma releitura mais light da história, apresentando seu conceito para novas audiências.

O game traz 4 personagens: Wukong é o rei macaco, Sanzang é um monge dorminhoco, Kihong é um porco gorducho e Sandmonk é um grandalhão barbudo. É possível jogar em modo cooperativo (tanto online quanto offline), ou sozinho, alternando entre cada personagem ao pressionar de um botão.

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Os 4 heróis de Unruly Heroes

Este quarteto está obviamente em uma jornada para o Oeste, mas esta não é uma viagem lá muito tranquila, pois há perigos e mistérios a rodo pelo mundo, com deuses, monstros e divindades interferindo em nossa jornada. Isso faz de Unruly Heroes um verdadeiro passeio pelo folclore chinês do século XVI, e mesmo uma história tão antiga quanto a Jornada ao Oeste ganha novas cores graças ao primoroso trabalho artístico do game.

Plataforma e pancadaria

Em termos de gameplay, o que temos aqui é um mix pra lá de competente de plataforma e pancadaria, com alguns puzzles salpicados aqui e ali integrados aos cenários — coisas como acionar mecanismos para ativar pontes e liberar passagens ou estátuas que aproveitam as habilidades únicas de cada herói: o porco, por exemplo, pode inflar feito um balão para alcançar lugares altos.

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As mecânicas são simples, mas ágeis e bem executadas. E, ainda que plataforma 2D seja um gênero simples em sua essência, os produtores arrumaram espaço para inserir boas ideias ao longo da campanha, que conta com inimigos intangíveis, perseguições e até um trecho super fofinho em que os personagens voltam a ser crianças!

O cerne do jogo está no gênero plataforma, mas ele também traz generosas doses de pancadaria, e no geral faz isso muito bem: cada personagem tem um estilo de combate bem próprio, mas todos são bons de briga, podendo encadear golpes simples e pesados e até realizar air combos. Enchendo um medidor específico, pode-se aplicar um golpe especial, que costuma ser tão estiloso quanto poderoso.

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Alguns trechos são bem desafiadores

Esquiva também é importante, e se me permite uma dica, sugiro que use o analógico direito para isso, e esqueça o botão de esquiva. Digo isso porque a esquiva é multidirecional, e no ar também serve como um boost para o seu pulo. Simplesmente mover o analógico direito para onde se quer ir é muito mais simples e intuitivo para se usar quando as coisas estão complicadas.

Unruly Heroes conta com quase 30 fases, ambientadas em 4 diferentes “mundos”. Há diversos chefes aqui, e ao final de cada mundo encaramos uma batalha épica contra um chefe gigante. As boss battles são impressionantes, exigindo que o jogador não apenas saia batendo, mas também utilize elementos do cenário a seu favor e saiba a hora de se esconder.

Sério, olha essas imagens de chefes, e me diga se esses não são alguns dos bosses mais legais que você viu recentemente:

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Como nem tudo são flores, há um ponto negativo nessas batalhas: estes confrontos são divididos em etapas, mas não há checkpoints entre elas. Ou seja, se você perder todos os seus heróis na 3ª etapa de uma boss battle, terá que recomeçar a batalha lá do início.

Audiovisual

É impossível bater o olho em Unruly Heroes e não lembrar dos últimos jogos da série Rayman. E não é por acaso: o estúdio responsável pelo game — Magic Design Studios — é francês, e tem em suas fileiras alguns veteranos que já passaram pela Ubisoft.

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Os cenários são caprichadíssimos

Felizmente, o jogo está longe de ser uma cópia de Rayman, e tem méritos de sobra para se destacar por si. A direção de arte é primorosa, e cada frame do jogo parece uma pintura. O design dos personagens e monstros também dá um show, e só o que faz falta é interação e diálogo entre eles — salvo por grunhidos e sons de batalha, os personagens são praticamente mudos.

A trilha sonora é sutil, mas quando aparece, sem dúvida consegue engrandecer ainda mais o jogo, coroando boss battles e perseguições com maestria. Há até um mini-game musical na tela de loading e, embora seja algo super simples, não deixa de ser um detalhe simpático.

Análise Arkade: o excelente Unruly Heroes dá uma nova cara a uma história clássica

Neste mini-game, cada botão do controle ativa um instrumento

No geral, Unruly Heroes é um jogo extremamente polido, claramente produzido com carinho e atenção aos detalhes. Ele é caprichado de um jeito que o coloca muito mais perto de um Unravel ou de um Ori and the Blind Forest do que de um game indie tradicional — o que não deixa de ser um baita elogio, afinal, eles não tiveram a verba de uma grande publisher por trás.

Conclusão

Unruly Heroes foi lançado de surpresa em uma semana bem movimentada — ele saiu 2 dias antes de Resident Evil 2 Remake — e isso infelizmente pode ter deixado ele meio fora do radar de muita gente.

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Mas, se você já cansou de matar zumbis em Raccoon City e quer encarar algo mais light — ainda que com um ótimo nível de desafio –, acho que realmente deve dar uma chance para o game. Além de ser um deleite para os olhos, ele é mecanicamente excelente, e esbanja carisma em praticamente todos os aspectos.

Unruly Heroes é uma pérola indie que merece ser reconhecida. Então, se você que está lendo isso curte jogos de plataforma 2D bem executados e não abre mão de umas boas doses de pancadaria, vai fundo: te garanto que você não vai se arrepender!

Unruly Heroes foi lançado em 23 de janeiro, e está disponível para PC, Xbox One e Nintendo Switch. O game está legendado em português brasileiro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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