Análise Arkade: viaje para fora do seu corpo no instigante Whispering Willows
Que tal desvendar o misterioso desaparecimento de seu pai, além de outras incógnitas, com a ajuda do seu próprio espírito? Conheça Whispering Willows, um game que lhe permite fazer isso.
Desenvolvido pelo estúdio Night Light, Whispering Willows chega para o PS4, com cross-buy no PS Vita, hoje, dia 30 de junho. Lançado originalmente para PC em julho de 2014, o game ganhará versões para Xbox One, Wii U, iOS e Android ainda esse ano.
David Logan, criador do jogo, disse que quis focar a produção em gameplay, história e acessibilidade. Mas será que todo esse conceito se traduziu em um game interessante? Vamos descobrir agora!
Introdução ao mundo de Whispering Willows
Whispering Willows é um game de aventura e suspense com alguns elementos de terror, onde você controla Elena, uma jovem determinada a encontrar seu pai, que está desaparecido. Ela tem a extraordinária habilidade de projetar seu espírito para fora de seu corpo, podendo interagir com outras almas penadas, entrar em locais nos quais não poderia em sua forma humana, e manipular elementos do cenário a seu favor, como por exemplo, mover cadeiras que bloqueiam o caminho, ou pegar chaves em locais de difícil acesso.
A história em si é bem simples, mas interessante, porque temos um background inicial com o desaparecimento do pai de Elena, e outros elementos que são acrescentados ao longo da campanha. O grande mérito do enredo é a linha temporal dos fatos, pois de forma sutil, apesar de linear, consegue contar uma história interessante com começo, meio e fim.
Uma narrativa problemática
Infelizmente, o maior, e mais evidente problema em Whispering Willows foi justamente a forma escolhida para nos contar a história. Em games de RPG é normal termos diversas cartas, manuscritos ou diálogos para serem lidos, isso é uma característica do gênero. Mas em um jogo “casual” termos tantas coisas para ler, é um pouco cansativo, pois não combina com a fluidez prometida no gameplay.
Por se passar em um cenário 2D, basicamente andamos e achamos uma carta extensa para ler, subimos uma escada e encontramos outra carta extensa para ler, e por aí vai. Praticamente um cômodo sim e um não, há algo para lermos, e isso quebra totalmente o ritmo do jogo.
Toda essa leitura é praticamente obrigatória, pois toda a história é contada dessa forma, através das cartas. Uma solução que agregaria muito, mas muito mesmo seria o game ter um narrador, que contasse a história durante a campanha, algo como Valiant Hearts, fez. Seria menos maçante e tornaria o jogo mais dinâmico e a própria narrativa mais envolvente.
Para compensar, o game chega ao Brasil 100% legendado em português, o que facilita a vida dos gamers brasileiros no meio de todas essas cartas. Encontramos alguns errinhos de português aqui e ali — não sei se a tradução foi feita com pressa ou algo do gênero — mas no geral o fato de termos um jogo indie tão dependente de textos traduzido para o nosso idioma ajuda bastante.
Cara de desenho
O visual é sem dúvida um ponto positivo de Whispering Willows, pois os cenários em 2D e os personagens extremamente bem desenhados proporcionam um tom cartunesco, familiar e agradável.
Mesmo sem conhecer a história, tudo aquilo parece saído diretamente de um desenho clássico, o que fará com que os jogadores se identifiquem na hora com o inspirado design do game.
Jogabilidade, trilha sonora e tempo de campanha
Os comandos são muito simples, típico de um game casual, e não exigem grandes habilidades. É basicamente uma evolução do gênero point and click, com alguns elementos de plataforma. Podemos andar dentro dos locais e correr fora deles, interagir com alguns poucos objetos dispostos no cenário apertando “X”, e quando estamos em nossa forma de espírito os comandos resumem-se também a um clique de botão.
O departamento sonoro é outro ponto positivo, pois apesar de não ter músicas, os sons que escutamos no game, característicos de produções que envolvem mistério, são muito bons. E além de escutarmos através da TV, quando estamos na forma de espírito o som passa para o DualShock 4, tornando a experiência auditiva muito mais rica. Elena não tem voz, apenas emite alguns sons de espanto, ou dá algumas risadas dependendo do que você encontra no cenário.
A campanha é curta — aproximadamente 4 horas — mas seguramente os jogadores mais habilidosos podem acabar na metade do tempo, e não vejo um grande potencial para o fator replay, visto que o jogo oferece basicamente sua campanha.
Conclusão
Whispering Willows tem um gameplay divertido e instigante, apesar de extremamente simples e uma história razoável, mas a maneira como é contada faz com que o game perca muito na questão da imersão e testa a paciência do jogador.
No geral, o game passa uma sensação de “familiaridade” incrível, parece que já jogamos ou gostaríamos de jogar algo assim. Como todo game, ele tem seus problemas, sim, mas vale a pena conferir, especialmente se você curte histórias de mistério e não se importa em ler um bocado enquanto joga.
Whispering Willows está disponível para PC na Steam, e hoje está sendo lançado para PS4 e Vita. Ainda este ano o game receberá versões para Xbox One, Wii U, iOS e Android.