Análise Arkade – A excelência de Prince of Persia: The Lost Crown
Os Metroidvanias são um dos gêneros mais interessantes atualmente. Em meio a enxurradas de jogos “mundo aberto, AAA, com gráficos realistas” e todo esse blá blá blá da indústria, os jogos de plataforma com exploração livre são resistência ao trazer diversão com gráficos mais “simples” e jogabilidade que tem mais a ver com a forma a qual jogávamos antigamente do que com os jogos atuais.
Mas, lá no passado, além de Metroid e Castlevania, outro jogo trazia ótimos elementos de plataforma e exploração: Prince of Persia, que foi lançado originalmente em 1989 por Jordan Mechner, e rendeu uma série próspera, incluindo os dias dourados com a série de ação 3D da Ubisoft. A série, ainda sob o guarda-chuva da desenvolvedora francesa, estava encostada, mas resolveu retornar.
Um remake de Sands of Time está em andamento, mas o game que trouxe de volta o nome Prince of Persia para os nossos dias é um game que nos leva de volta aos dias de explorar calabouços no fim dos anos 80. Unindo o que o game original já tinha de bom, somando a elementos que foram evoluindo o gênero e ainda se propondo a adicionar coisas novas, vamos juntos conhecer o Prince of Persia: The Lost Crown, o novo “Metroidvania of Persia” da Ubisoft, que chega como uma grande opção para quem gosta de jogos desta natureza.
Prince of Persia: The Lost Crown representa a primeira incursão da série no universo metroidvania modernizado. Os mais novos ou mais desavisados podem até achar que é um “clone” de jogos mais recentes, mas na verdade a série foi uma das precursoras desse gênero, com este game buscando se adaptar ao contexto atual, mas sem perder sua aura de líder no segmento.
Isso não significa que o game não tenha espaço para mudanças, já que por aqui, diferente do esperado, o protagonista não é o Príncipe em si, mas sim Sargon, o membro mais jovem dos Imortais. Ele terá que explorar o Monte Qaf, um local misterioso e amaldiçoado, oferecendo uma narrativa que tem como centro a mitologia persa, cuidadosamente refletida nos aspectos visuais, de personagens, cenários e efeitos.
O Monte Qaf é um ambiente bem variado, repleto de templos antigos, catacumbas, bibliotecas e cavernas. Todas elas esperando o jogador para oferecer ótimos combates, plataforma habilidosa e resolução de puzzles. O interessante por aqui é que o jogo ainda tem espaço para trazer o “jeitão Ubisoft” de se fazer jogos, com várias missões secundárias sendo encontradas, e interessantes elementos de exploração.
Esses elementos demonstram que foram tratados com cuidado individualmente, mas se combinam harmoniosamente, permitindo uma transição suave entre diferentes aspectos do jogo. O que já faz deste game um dos ótimos no gênero.
O sistema de combate destaca-se pela sua rapidez e desafio, oferecendo uma variedade de ataques e habilidades que se integram de forma bem interessante. Apesar de acelerado, as lutas sempre vão exigir um mínimo de estratégia, para que o jogador jamais fique “confortável” apenas esmagando botões para atacar. O sistema de melhorias, centrado em um colar de amuletos, é o que garante flexibilidade para diferentes estilos de jogo, pois você pode ampliar uma barra de vida, ou amplificar o aumento de poder.
A movimentação do personagem é natural e ágil, refletindo a evolução das habilidades à medida que avança. Explorar o game é demais, pois certas plataformas que estão inalcançáveis por um tempo te convidam a ir lá ver o que te espera, quando você tem o que é preciso para acessá-la. Os puzzles não são dos mais difíceis, mas se encaixam bem na proposta do jogo.
Para ajudar a exploração, podemos marcar locais no mapa de forma intuitiva. O que nos faz querer mais explorar os belos cenários do jogo, que são ricos e diversificados, sempre com cores vibrantes e um competente trabalho artístico.
Também vale citar aqui que o game é um tanto mais acessível do que os outros, especialmente pelos modos propostos pelo jogo. Se você já está acostumado com os desafios do gênero, jogue o game sem assistências e seja feliz. Mas se você quer conhecer o estilo de jogo e tem dificuldades, poderá não só facilitar os combates, como também ativar assistências de guias e direcionamento pelo mapa.
Prince of Persia: The Lost Crown representa uma volta ao passado, mas com olhos para o futuro. O mais interessante que senti, ao jogar o game, é que apesar de apostar em elementos comuns a jogos atuais, incluindo Metroid Dread, Dead Cells ou Hollow Knight, não só tenta trazer elementos novos para o gameplay, como honra o seu passado, o que inclui não só os combates, que eram mais técnicos lá no passado, como a exploração de plataformas, sempre perigosas e cheias de armadilhas.
Muito ouvi falar deste jogo ser um “clone” de outros, mas eu discordo. Prefiro enxergá-lo mais como um jogo que vem sim dentro de um gênero cheio de opções, mas que busca manter a sua originalidade, honrando seu passado. Metroid Dread fez isso antes, mantendo toda a essência dos seus jogos anteriores, mas atualizando o gameplay, a ponto de ser reconhecido como um dos melhores games de 2021.
Prince of Persia: The Lost Crown faz o mesmo, unindo em um só “pacote” a essência do Prince of Persia original, bons elementos dos “tempos em 3D dos anos 2000”, os famosos “elementos Ubisoft” que convidam o jogador à exploração, mais as boas ideias que ditam os bons jogos Metroidvania atuais. Tudo isso em um trabalho visual competente, e um gameplay lapidado e divertido, que espero que seja refletido em boas vendas, para justificar uma sequência.
Prince of Persia: The Lost Crown chega no dia 18 de Janeiro para PC, Nintendo Switch, consoles PlayStation e consoles Xbox. Uma demo está disponível para quem quiser jogar, bastando visitar este link.
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