Análise Arkade – Atari 50: The Anniversary Celebration, um passeio pela história
Como um gamer “old school” que teve seu primeiro contato com videogames pelo saudoso Atari 2600, lá no final da década de 80, é fato que o Atari tem um lugarzinho especial no meu coração.
Justamente por isso, quando essa coletânea Atari 50: The Anniversary Celebration foi anunciada, expextativas foram criadas. Fiquei muito ansioso para revisitar alguns clássicos que marcaram a minha infância e, principalmente, para ver o que eles iam inventar com os jogos “Reimaginados” que fariam parte do pacote.
A verdade é que, em termos de jogos, essa coletânea, infelizmente, fica devendo, ainda que não por culpa dela — já falo mais sobre isso. Porém, o que temos aqui, em termos de conteúdo documental, é realmente uma grande celebração aos 50 anos daquela que, por um tempo, foi a maior empresa de videogames do mundo.
A parte documental
Uma coisa muito legal que esta Atari 50: The Anniversary Celebration faz é distribuir seu conteúdo ao longo de uma timeline. Isso permite que o jogador passeie por momentos-chave destas cinco décadas da empresa e conheça curiosidades e histórias de bastidores de jogos que ajudaram a moldar a indústria dos games.
Entre fotos antigas, reproduções em 3D das caixas originais e até mesmo entrevistas em vídeo com desenvolvedores, o jogo reúne um acervo riquíssimo de conteúdo, que sem dúvida é o maior trunfo feste pacote.
A timeline não tenta esconder todo aquele episódio “trágico” do jogo do E.T. que encalhou e praticamente quebrou a indústria dos videogames, nem mascara como a Atari penou para se manter relevante depois que outras empresas passaram a dominar o mercado. Claro que a ênfase não está nesses episódios, mas eles também não são empurrados para debaixo do tapete.
E o mais legal é que, como estamos falando de um videogame — mídia que é, antes de mais nada, interativa –, podemos navegar por esta timeline como bem entendermos. E, se queremos jogar um dos jogos que estão ali, basta pressionar um botão para acessá-lo.
Os jogos da Atari 50: The Anniversary Celebration
Se você curte “jogo velho”, a Atari 50: The Anniversary Celebration é um prato cheio. No total, a coletânea reúne pouco mais de 100 jogos de diversas plataformas diferentes (da família Atari, claro). Há jogos de arcade e do saudoso Atari 2600, claro, mas também há títulos de Jaguar e do portátil da Atari, o Lynx.
A lista inclui diferentes versões de certos títulos, e há muita coisa realmente clássica aqui, como Breakout, Missile Command, Centipede, Yar’s Revenge e Adventure. E, claro, há um punhado de jogos que eu nunca tinha jogado, tanto de algum outro modelo do Atari, quanto do Jaguar e de outras plataformas menos conhecidas.
Os jogos rodam na resolução original, então não espere nada revolucionário — ainda que seja possível mudar a proporção da tela ou “esticar” os conteúdos para o formato widescreen. Existem até alguns jogos “secretos” bloqueados, que você vai ter que cumprir algum objetivo específico para liberar.
É até curioso como o Jaguar era uma plataforma “avançada” para sua época — início da década de 90. Acompanhar como os jogos foram ficando mais complexos (até pelos controles passarem a ter mais botões) é um experimento interessante que esta coletânea nos permite fazer.
Os jogos reimaginados
No total, este pacote colabortivo traz 6 clássicos reimaginados. São eles:
- Swordquest: AirWorld
- Haunted Houses
- VCTR-SCTR
- Neo Breakout
- Quadratank
- Yars’ Revenge Reimagined
Infelizmente (para mim, pelo menos), essas reimaginações não foram tão incríveis assim. São releituras bastante diretas e não muito imaginativas dos jogos clássicos, com algum novo detalhe aqui ou ali. Valem mais pela atualização audiovisual da experiência, ainda que não sejam ousados tecnicamente.
Cadê meus jogos favoritos?
Rodar esta Atari 50: The Anniversary Celebration me fez perceber uma coisa bem triste: muitos dos jogos que realmente marcaram a minha infância no Atari 2600 do meu pai NÃO foram produzidos ou distribuídos pela Atari. E, justamente por isso, ficaram de fora dessa coletânea.
Isso quer dizer que não temos alguns clássicos realmente emblemáticos do console, como Pitfall, Enduro, Bobby’s Going Home, River Raid, Keystone Kapers e H.E.R.O. É compreensível o porquê deles não estarem aqui, mas não deixa de ser meio frustrante.
Claro que isso é só a minha nostalgia falando mais alto, mas, acho justo relembrarmos que empresas como Activision estavam por trás de muitos dos jogos que mencionei no parágrafo acima.
Então, não venha achando que essa coletânea tem TODOS os jogos que você jogava na sua infância. Tem muita coisa boa, é verdade, mas certas ausências são especialmente notáveis.
Conclusão
No fim das contas, acho que a Atari 50: The Anniversary Celebration vale mais pelo seu valor histórico do que pelos jogos que ela traz. A timeline, as entrevistas e curiosidades contidas aqui compõem um conjunto muito mais interessante do que os jogos em si, apresentando fatos realmente legais.
E, talvez no fim das contas, este fosse o objetivo: celebrar os 50 anos anos de história — e não apenas de jogos produzidos — de uma empresa que foi muito importante para a indústria de videogames como um todo.
Acompanhar a evolução de seus hardwares é fascinante, especialmente se considerarmos que a Atari continua na ativa — seu Atari VCS foi lançado sem muito alarde no ano passado –, apostando na nostalgia para se manter relevante.
Então, se você é fã da Atari e quer dar um mergulho na história da empresa, o que temos aqui sem dúvida vai lhe render um ´´otimo entretenimento. Agora, se o que você procura é uma coletânea com os melhores jogos do Atari, talvez deva ficar nos emuladores, mesmo, pois as ausências são muito sentidas.
A coletânea Atari 50: The Anniversary Celebration foi lançada em 11 de novembro, com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series e Nintendo Switch. Não há nenhum tipo de localização para o nosso idioma, então ter um bom nível de inglês é fundamental para o bom aproveitamento da parte documental.