Análise Arkade: WarioWare: Get it Together!, um pacotão de microgames para curtir sozinho ou de galera

23 de setembro de 2021
Análise Arkade: WarioWare: Get it Together!, um pacotão de microgames para curtir sozinho ou de galera

Como alguém que passou anos sem muito contato com as plataformas da Nintendo, fazia mais de uma década que eu não jogava algo da “franquia” WarioWare. Justamente por isso, receber uma cópia de review de WarioWare: Get it Together! foi uma grata surpresa, e aqui estão minhas impressões desta imensa coletânea.

Festa estranha, com gente esquisita

WarioWare: Get it Together! coloca o protagonista testando seu próprio jogo, que será lançado para uma plataforma “de mentirinha”. De repente, porém um bug ataca o jogo, e Wario e toda sua turma são tragados para dentro do jogo.

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Para um “vilão”, Wario até que tem muitos amigos

Para piorar, o mundo do game está sendo corrompido por bugs, que estão arruinando o precioso novo game do Wario. Para “limpar” este mundo digital, Wario vai embarcar em uma grande jornada, resgatando seus amigos para que eles possam ajudá-lo nesta missão.

Assim, WarioWare: Get it Together! é, essencialmente, um party game… porém, ele tem uma campanha — que pode ser jogada em modo solo ou cooperativo para 2 pessoas –, que deve ser explorada justamente para liberar o elenco completo para a jogatina com a galera.

Simplicidade e acessibilidade

A campanha de WarioWare: Get it Together! se divide em fases temáticas, que variam de acordo com a “personalidade” dos amigos do Wario. Tem fases com temática de comida, outra com temática de esporte, um mundo que homenageia franquias clássicas da Nintendo, e muito mais.

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Só o disco pode chegar ao GameCube!

Embora tenhamos uma dezena de personagens selecionáveis, o gameplay de todos é super simples: WarioWare: Get it Together! é tão acessível que poderia ser jogado até em um controle de Atari: usamos uma alavanca para mover o personagem, e um botão de ação para realizar a ação específica de cada personagem.

Cada um dos personagens tem seu próprio gimmick, mas tudo é super simples. Há personagens que pulam, outros que voam, há aqueles que lançam projéteis — alguns só em uma direção específica — e até um que fica em um disco voador, e pode “abduzir” objetos.

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Essa simplicidade é importante pelo simples fato de que, na prática, todos os personagens precisam ser capazes de encarar os desafios do jogo. E como os desafios em si são bem “genéricos”, mesmo o personagem com a habilidade mais exótica deve ser capaz de completá-lo.

Pacotão de microgames

Quem foi criança nos anos 90 deve se lembrar com carinho (ou não) dos Brick Games, aqueles portáteis (nem tão portáteis) que traziam “999 in 1“… mas na verdade tinham basicamente 5 ou 6 jogos de verdade e 995 variações deles.

Análise Arkade: WarioWare: Get it Together!, um pacotão de microgames para curtir sozinho ou de galera
Sim, espremer a pasta de dente é um microgame do jogo

WarioWare: Get it Together! é um pouco assim. O que temos aqui é um pacotão de microgames para curtir tanto sozinho quanto com a galera. Cada “fase” do jogo é um desafio imediato, que, em geral, pode ser concluído em menos de 10 segundos.

Cada um destes microgames é imperativo: “Fuja!”, “Coma!”, “Esconda-se!”, “Encontre o Par!”, “Desvie!”, “Leve a Bola!”, “Atravesse!”, “Molhe!”. E é bom que seja simples assim, especialmente porque o jogador precisa entender o que deve fazer — e então fazer — em questão de segundos.

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Aqui o objetivo é montar o sushi igual ao da imagem

Para você não achar que estou exagerando, confira o vídeo abaixo: em 30 segundos, consigo completar 3 “fases”:

Ainda que haja muita criatividade envolvida, também há muita simplicidade pois, como já dito, toda fase precisa poder ser vencida por qualquer personagem, usando, basicamente, uma alavanca direcional e um botão de ação. Então, simplesmente não há espaço para nada muito arrojado mecanicamente — o que sem dúvida contribui para tornar o jogo mais acessível.

E, puxando de novo o Brick Game que mencionei ali em cima, há muitas atividades que são essencialmente iguais, só mudando a temática. Eles não são “iguais”, mas são similares o bastante para parecerem iguais. Alguns são até bobos demais: repare na segunda atividade do vídeo abaixo, “Não seja pego!”, como é simplória:

O lado “bom” disso é que, como tudo é muito rápido — e há, sem exagero, mais de uma centena de microgames diferentes –, isso não chega realmente a incomodar.

Boa parte destes microgames foi pensado para a campanha, então podem ser jogados no single player numa boa. Para reunir a galera — algo que não pude fazer por motivos de pandemia –, também há um bom número de atividades pensadas para a jogatina multiplayer, inclusive um modo de jogo que randomiza 10 eventos, com uma seleção de personagens igualmente aleatória.

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Audiovisual

Aqui temos um meio-termo interessante entre o “padrão de qualidade Nintendo” misturado com escolhas estéticas muito mais cruas, experimentais. Tudo é muito bem feito e caprichado, mas há colagens, bonecos de palito e desenhos que parecem ter sido feitos no Paint.

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Não deixe o sorvete cair!

Tudo isso combina com a proposta um tanto caótica do jogo, e concede muito carisma ao conjunto da obra, afastando o jogo, esteticamente, do padrão “fofinho e perfeitinho” da Nintendo.

O departamento sonoro também é muito caprichado, com músicas agitadas que combinam com a proposta do jogo, efeitos sonoros divertidos e algumas vozes — geralmente soltando frases curtas e interjeições — que agregam certa personalidade aos exóticos personagens.

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Como ainda é padrão da Nintendo, infelizmente WarioWare: Get it Together! não recebeu nenhum tipo de localização para o nosso idioma. O conhecimento do idioma inglês não se faz realmente necessário para curtir o game, mas se você não conhecer algum verbo/termo específico, talvez falhe uma vez ou outra simplesmente porque não teve tempo de entender o que deveria ser feito — como já dito, a grande maioria das atividades dura poucos segundos.

Conclusão

WarioWare: Get it Together! sem dúvida cumpre sua função como entretenimento rápido e casual. Sua simplicidade permite que o jogo possa ser apreciado por crianças e adultos, e o jogo tem tudo para ser a grande atração em festas e reuniões de amigos.

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Apesar deste espírito de party game, o jogo também traz conteúdo para os “lobos solitários”, além da campanha em si, podemos destravar a Wario Cup, desafios semanais onde disputamos o topo das leaderboards com jogadores do mundo todo, com direito inclusive a partidas ranqueadas.

Este é “um jogo para a família”, mas que também tem bastante conteúdo para quem prefere jogar sozinho — ainda que este conteúdo seja “mais do mesmo” — atividades ultrarrápidas e breves, que parecem ter sido pensadas para gamers que sofrem de TDAH.

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Evitar uma b*sta de pombo na cabeça também é uma das atividades do game XD

No fim das contas, esse é o ponto: tenha em mente que tudo se resume a microgames, micro experiências rápidas, assertivas e bem direto ao ponto. Não há profundidade de narrativa nem de mecânicas — e isso não é um problema, afinal, esta é a premissa do game: diversão acessível e sem compromisso. Se esta premissa te soa bem, pode vir sem medo.

WarioWare: Get it Together! está disponível exclusivamente para o Nintendo Switch.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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