Arkade Speed – Formula One Championship Edition, o último F1 antes da Codemasters
Desde 2008, a Codemasters tem a licença oficial para desenvolver os games de Fórmula 1. Assim, ano após ano, o estúdio, que hoje pertence à Electronic Arts, consegue lançar games cada vez mais próximos ao que vemos nas pistas, com direito a um torneio de eSports bem intenso.
Mas, até esta “era Codemasters” chegar, muitos outros games tiveram a licença da Fórmula 1. Houve tempos que duas ou até três franquias de estúdios diferentes lançavam jogos oficiais da categoria. Hoje iremos falar do último game que foi licenciado pela Fórmula 1, antes da Codemasters apresentar o F1 2009, o primeiro de sua série que dura até hoje.
E, por incrível que pareça, o último game da categoria “pré-Codemasters” era um exclusivo da Sony. Isso mesmo. Assim como Uncharted ou God of War, a Fórmula 1 também foi, por um tempo, exclusividade de Playstation.
A F1 e o Playstation
Embed from Getty ImagesA Sony sempre viu com bons olhos a Fórmula 1. Vendo as boas investidas da SEGA, inclusive o episódio especial do GP da Europa de 1993, que teve Williams com bota de Sonic no lugar dos pés dos seus pilotos e terminou com Senna erguendo um troféu do Sonic, a então estreante no mundo dos games resolveu participar da categoria também.
A Playstation foi estampada nos carros da Prost, entre 1997 e 2000. E também apareceu nos lendários carros amarelos da Jordan, em 2001, na ocasião para promover o Playstation 2. Mas além de patrocínios, a Sony também encomendou para a Psygnosis, em 1996, um game sobre a F1, saindo como resultado um game da Bizarre Criations, que foi lançado para Playstation e PC.
Com o passar dos anos, a Psygnosis se tornou o Studio Liverpool, e continuava lançando games da categoria, com desenvolvimentos de outros estúdios, como o Studio 33 ou a Visual Science. Curiosamente, a versão de 2000 chegou também ao Game Boy Color. Enquanto isso, a série foi se fortalecendo durante os anos 2000, quando a Fórmula 1 foi crescendo em avanço tecnológico, via Schumacher escrevendo a história, e os novos consoles permitiam games cada vez mais realistas.
Em 2006, eram treze os games desenvolvidos para a série Formula One da Sony, sempre para consoles Playstation, mas com algumas versões também sendo lançadas no Windows, onde os simuladores de F1 contavam com mais opções, e o jogo de 2000 para o GBC. Além disso, em 2005 e 2006, o PSP também ganharia suas versões.
Mas, com o PS3 chegando, era hora de aproveitar a exclusividade da categoria, que a Sony tinha obtido em 2003, para apresentar para o mundo o poder de seu novo console, além de mostrar o que era possível, a partir daquele momento, nos jogos de corrida.
O F1 exclusivo do PS3
O jogo segue a fórmula de seus antecessores, incluindo o Formula 1 06, que saiu para PS2 e PSP. Obviamente, os visuais e texturas foram atualizados para o novo e mais poderoso hardware, que permitiam mais detalhes nos carros e nas pistas. O game também tinha compatibilidade com o Sixaxis, prometia reflexo em tempo real, o que incluía os carros refletindo a pista em corridas na chuva, além de novos efeitos para corridas chuvosas.
A Sony, através do Studio Liverpool, o desenvolvedor do game, ainda queria colocar o Safety Car no game, mas desistiu antes do lançamento oficial. O novo console permitia não só novos visuais, como também novidades em inteligência artificial. E a Sony fez questão de promover o “Live Action Racing”, onde era possível, de acordo com a empresa, pressionar o adversário, para forçá-lo ao erro, assim como a IA buscaria oportunidades de ultrapassagem, das formas mais realistas possíveis.
A base do game era o campeonato de 2006, com os devidos problemas que a Codemasters, até hoje, enfrenta com games da categoria, pois há mudanças, das sutis até as mais complexas, acontecendo a todo tempo. Para o jogo de PS3, Yuji Ide é o piloto da Super Aguri, quando na verdade ele perdeu sua superlicença na quarta corrida do ano, por direção perigosa.
Pedro de la Rosa, Robert Kubica, Robert Doornbos, Franck Montagny e Sakon Yamamoto, que participaram da temporada, também não estão disponíveis. Além disso, é a equipe Midland que aparece no game, quando, na verdade, o time foi vendido para a Spyker logo após o GP da Turquia, que terminaria a temporada com este nome.
A título de curiosidade, a Midland se tornou Spiker, para se transformar em Force India, que passaria a ser a Racing Point até se tornar a Aston Martin que compete neste ano de 2022.
Embed from Getty ImagesO game oferecia um modo carreira, no qual os jogadores fariam testes para escolher uma das três pequenas equipes da época, a Toro Rosso, Super Aguri ou Midland. Dependendo do teste, o jogador era classificado como piloto de testes ou de corrida. Como piloto de testes, o game oferece testes com várias configurações. E como piloto de corrida, terá que cumprir metas pré-estabelecidas.
O game oferecia várias novidades para a época, porém chegou sem Force Feedback, essencial para quem joga games de corrida no volante. Em 2008 uma atualização adicionou o recurso. E o game também veio sem suporte a gráficos em 1080p. Outra ausência é a da pista mais divertida da F1: Spa, na Bélgica. Mas a falta do circuito não foi culpa da Sony, pois em 2006, a tradicional corrida foi cancelada, graças a problemas administrativos da época.
Assim, o game oferece, independente das mudanças de pilotos e circuitos de 2006, as 18 etapas que foram disputadas naquele ano. 11 equipes e 22 pilotos formam o grid para os modos de gameplay.
O início e o fim
Formula One Championship Edition foi uma das apostas da Sony para promover o Playstation 3 na Europa. Tanto é que foi um dos games de lançamento no Velho Continente. Mas, ao mesmo tempo em que se tratava de um lançamento, também significava uma despedida. Afinal de contas, seria o último game da série desenvolvida pela Sony, e o fim da exclusividade da F1 nos consoles Playstation.
Em 2008, menos de um ano após o lançamento, a Codemasters adquiriu os direitos da categoria, aproveitando sua base de conhecimento de Grid e Dirt para dar sequência à categoria. Como a Codemasters adquiriu a exclusividade da F1 em todos os sistemas, os fãs da categoria ficaram um ano (e duas temporadas) sem um game oficial, até o F1 2009, publicado pela Codemasters, mas desenvolvido pela Sumo Digital, chegar ao PSP e Nintendo Wii.
Foi a partir de 2010, com o F1 2010, que a Codemasters passou a oferecer os games que nós conhecemos até hoje, com todos os pilotos e circuitos da temporada, ano a ano. A Codemasters ainda construiu com a F1 um mundial robusto de eSports, até ser adquirida pela EA, que desde F1 2021, controla a franquia.
O game da Sony teve uma recepção mediana. Mas, há um grande problema, que acontece até hoje, com este game. A mídia especializada em games, de forma geral, não conhece bem um game de corrida e não tem avaliadores focados no gênero, avaliando-os como outros jogos, e tirando pontos ou tecendo críticas sobre questões que nem são tão necessárias. Ainda assim, houve quem desse boas notas ao game, como o 30/40 da Famitsu, ou o 8/10 da Game Informer.
No mais, o game sofreu também por fazer parte da primeira leva de jogos do Playstation 3. Que, como sabemos, sofreu horrores com o posicionamento atrapalhado da Sony no início de vida do console. Quando a Sony tomou as rédeas da situação, os games do início de ciclo se tornaram ilustres desconhecidos, já que os novos donos de PS3 não encontravam os games nas lojas e, ás vezes, nem na PSN.
Mas trata-se de um game que traz um momento importante da Fórmula 1, e que conta, em seu gameplay, os últimos dias de uma exclusividade e de uma série que, por um tempo, ficaram bem próximos da Sony. A mesma Sony que, até hoje, recebe os games F1, mas desta vez através da Codemasters/EA.