Arkade VR: Doom 3 VR Edition, o ótimo retorno da franquia à realidade virtual
Surpreendendo a todos em um PSVR Spotlight no início de março, a Sony anunciou que a franquia Doom retornaria à realidade virtual. Doom 3 VR Edition chegou sem deixar a comunidade esperando, no último dia 29 de março até então de forma exclusiva para o PlayStation VR. O game, originalmente lançado em 2004, recebeu algumas melhorias e foi completamente portado para a realidade virtual.
Em uma edição que inclui ainda as expansões Resurrection of Evil e The Lost Mission, o título demonstra grandes evoluções se comparado ao game de 2017, Doom VFR. Com gráficos ok e uma jogabilidade super confortável no Dualshock 4, o game ainda possui compatibilidade com o Aim controler, mas peca ao não trazer alguns recursos necessários para potencializar a imersão.
O Doom mais sombrio de todos
É praticamente inquestionável que Doom 3 é, de longe, o capítulo mais sombrio da franquia. Os títulos clássicos focavam em um visual mais caricato e cheio de ação (mesmo que repleto de sangue e satanismo). Por sua vez, os títulos mais recentes da franquia retomam bastante coisa dos jogos clássicos, com foco na ação desenfreada e na mobilidade. Doom 3 é um ponto fora da curva nesse quesito.
Isso porque o jogo de 2004 é o capítulo mais sombrio, escuro e com flertes com o survival horror que a franquia possui até hoje. Repleto de jump scares, cenários claustrofóbicos e iluminação escassa, Doom 3 ainda apela para um visual mais realista e bem menos estilizado do que todos os outros jogos da franquia.
Trazer justamente esse Doom para a realidade virtual com Doom 3 VR Edition, por si só, já é um baita acerto. Isso porque a atmosfera escura e claustrofóbica do jogo funciona muito bem na realidade virtual, plataforma que é riquíssima em games de terror, de FPS e de experiências no estilo escape room. Além disso, o jogo segue a lógica de títulos como Skyrim VR e Borderlands 2 VR ao trazer a experiência completa dos jogos originais somados com todos os seus conteúdos extras, tudo por um precinho até mais em conta do que os outros dois títulos.
Jogabilidade fluida e rápida
Como eu disse no início dessa review, Doom 3 VR Edition acertou muitas coisas que Doom VFR errou no passado. E a maioria delas estão relacionadas aos seus controles. Doom VFR gerou certa polêmica em seu lançamento principalmente por conta de seus controles problemáticos, focados exclusivamente nos teleportes com o PS Move, o que prejudicava bastante seu ritmo. Só num segundo momento, graças a uma atualização, o jogo recebeu suporte ao Dualshock 4.
Já em Doom 3 VR Edition, os desenvolvedores resolveram abandonar completamente os “pirulitos” do PS Move e focar na jogatina com o Dualshock 4 ou o Aim Controller. Considero essa uma decisão sábia, visto que o ritmo de jogo que Doom pede é muito mais adequado à mobilidade que esses controles proporcionam. Além da mira ser muito mais instintiva do que na versão tradicional do título por ser por movimento do próprio controle.
Porém, vale o aviso para a galera com motion sickness/enjoo de movimento. Jogar Doom 3 VR Edition sem as configurações que diminuem esse problema pode ser bem arriscado. Por conta da sua fluidez e velocidade de movimento, é bem fácil ter enjoos com ele, dependendo da sua resistência. Entretanto, as configurações de praxe para diminuir esse problema estão presentes no título, ainda que, ao ativá-las, o jogar abra mão de algumas camadas de imersão.
A imersão inconstante de Doom 3 no VR
E por falar em imersão, temos aqui um ponto a ser debatido no jogo. Sua imersão funciona muito bem durante a jogatina, mas poderia ser bem melhor não fosse alguns pontos específicos. A começar pelas mãozinhas flutuantes do nosso avatar. Doom 3 VR Edition segue o padrão de alguns outros ports de games antigos para a realidade virtual e não apresenta o corpo do seu personagem durante o jogo.
Um elemento que é bem comum em jogos até mais novos, mas que é alvo de muitas críticas justamente por ser uma solução um tanto preguiçosa. Mas esse artifício não prejudica tanto a imersão quanto as telas de loading e cinemáticas. Isso porque a cada save automático ou cena cinemática, o jogo sai do modo VR e você começa a ver a tradicional “tela de cinema” dentro do seu VR para, na sequência, entrar novamente na cabeça do seu avatar e voltar para o modo VR. É um inconveniente bizarro.
Isso acontece com uma frequência problemática durante a jogatina, o que acaba por prejudicar bastante a imersão. Junto a isso, temos também um visual pouco melhorado do game original de 2004 (que na época era um espetáculo visual, mas que hoje está bem datado), com o efeito de embaçamento que já afetava Doom VFR.
Um ótimo retorno à realidade virtual
Doom 3 VR Edition não é um jogo perfeito e não se esforça para passar a impressão de ser um produto novo. Seu visual é datado e isso é inquestionável. Entretanto, estar na realidade virtual dá sim um novo respiro para o game e, com todas as atualizações em sua jogabilidade, é justificável sim o retorno.
Na prática, o que temos aqui é um novo modo de jogar um jogo antigo, por um preço que faz valer a experiência, caso você tenha um PSVR em casa.
A imersão tem lá seus problemas, mas na maior parte do tempo o jogo funciona bem. E, é uma “boa desculpa” para (re)jogar Doom 3, um clássico um tanto injustiçado, que merece ser revisitado, com todo o seu terror claustrofóbico e seus jump scares.
Por fim, fica a expectativa de um dia vermos outros games da franquia portados para a realidade virtual. Quem sabe o Doom de 2016 no “PSVR2” do Playstation 5? Fica aí a sugestão — e a torcida.
Doom 3 VR Edition foi lançado em 29 de março e está disponível para Playstation VR, podendo ser jogado tanto no PlayStation 4 quanto no PlayStation 5, através de retrocompatibilidade.