Análise Arkade: A Ascenção do Ronin (Rise of the Ronin) é uma divertida mistura de estilos

21 de março de 2024
Análise Arkade: A Ascenção do Ronin (Rise of the Ronin) é uma divertida mistura de estilos

Hoje, dia 21 de março, está sendo lançado A Ascensão do Ronin para Playstation 5, nos levando para o fim do Período Edo da história do Japão para vivermos um verdadeiro conto de samurais. E nós já jogamos o game e vamos contar tudo o que achamos!

Um período histórico familiar

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Se você é fã do mangá ou do anime Rurouni Kenshin, conhecido aqui no Brasil como Samurai X, então já de cara vai gostar da temática deste game. A Ascensão do Ronin é ambientado nos momentos finais da era Edo, quando o Japão finalmente abriu suas fronteiras para o resto do mundo.

Com essa abertura, o Japão passou por uma verdadeira transformação social, ao receber principalmente visitantes ocidentais, que trouxeram sua moda, sua arquitetura, armas de fogo e tecnologias da revolução industrial para o país. Graça essa entrada massiva de estrangeiros no país, aliado a diversas ações realizadas pelo Xogunato Tokugawa, uma enorme guerra civil tomou o país, que resultou na instauração da Era Meiji, período em que ocorre Rurouni Kenshin.

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Deixando os spoilers históricos de lado, A Ascensão do Ronin está ambientada antes dessa guerra, e coloca o jogador no controle das Espadas Secretas, dois irmãos que viram seu vilarejo ser devastado por samurais a serviço do Xogum, e foram treinados desde cedo para serem assassinos, com ambos atuando sempre juntos.

Porém, logos nos eventos iniciais da aventura, os irmãos são separados, e devemos escolher um deles para controlar. E no controle deste Ronin agora solitário, exploraremos o Japão em busca do outro irmão perdido. E nesse meio tempo, encontraremos vários aliados diferentes, incluindo figuras históricas, cuja interação afetará o andamento da narrativa.

O Assassin’s Creed no Japão Feudal que nunca tivemos (misturado com Souls-like)

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A Ascensão do Ronin é um game de mundo aberto com seu mapa divido em áreas, cada uma com suas próprias missões, colecionáveis e checkpoints (na forma de bandeiras que são meio que as “bonfires” daqui). E, quanto mais eu ia jogando, mais eu tinha a sensação de familiaridade, pois o game toma muita inspiração em vários games diferentes.

Notavelmente, as maiores inspirações parecem ser Sekiro: Shadows Die Twice e Assassin’s Creed. A parte de Sekiro será melhor detalhada no tópico sobre o gameplay, mas já de cara é visível a inspiração tanto por alguns itens e gadgets disponíveis (principalmente um graplink hook) e pelo sistema de stamina, de esgotar as forças do inimigo e também pelo próprio nível de dificuldade de seu combate.

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A parte Assassin’s Creed vem de sua exploração. Temos um mapa grande, mas nada a nível dos últimos games da série. Ao interagirmos com as bandeiras, que servem de “bonfires”, desbloqueamos ícones de interesse no mapa, que contém missões secundárias, NPCs fugitivos para derrotarmos em troca de recompensas, gatinhos para serem resgatados, baús com tesouros e etc.

Há também um pouco de verticalidade aqui, pois usando o grapling hook podemos escalar casas e prédios e, principalmente, escalar algumas torres com bandeiras, o que torna a região próxima visível dentro do menu do mapa. E há ainda um planador que podemos usar ao pular de locais altos para atingir distâncias maiores!

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Essa inspiração em Assassin’s Creed tanto vem para o bem, quanto para o mal. Do lado negativo, temos um mapa com objetivos bem espalhados, demandando baste uso de fast travel as vezes. Além de uma repetição de alguns tipos de missões, em especial de libertar vilarejos de bandidos, o que desbloqueia novas áreas do mapa.

Porém, o game não força esse tipo de coisa a ponto de se tornar monótono e sem fim. Há bastante conteúdo aqui, mas você não vai ficar perdido fazendo 1 milhão de atividades secundárias enquanto a missão principal fica lá abandonada.

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O mapa, dividido em área, é obscurecido por névoa, que vai se dissipando conforme você explora

Além da missão principal, há missões de facções. Dado o período histórico em que o game é ambientado, durante a aventura encontramos personagens pró-xogunato e anti-xogunato. E sua relação com esses personagens afeta a narrativa e as missões que você terá a sua disposição.

Cada personagem do game é bem construído narrativamente, e conversar com eles oferece cenas que explicam bem suas motivações, o que coloca um verdadeiro peso na decisão entre apoiar ou não um dos lados. Além disso, há o relacionamento individual com cada personagem, que é desenvolvido ao cumprir missões específicas, conversar com eles e presenteá-los sempre que possível. Quanto mais próximo esses relacionamentos, mais vantagens você desbloqueia, incluindo novos estilo de luta, que explicarei mais a frente.

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E, sendo um game da Team Ninja, o seu DNA está inteiro aqui, com muitos elementos de outros de seus games presentes. Especialmente, temos as estâncias de luta de Nioh e as habilidades especiais de Wo Long, que formam um conjunto muito coeso que a primeira vista parece complicado, mas é muito mais simples do que se parece.

Seus diversos sistemas de gameplay

É no gameplay que a verdadeira mistura é visível. Primeiramente, o gameplay é apenas superficialmente inspirado em Souls-like. Temos uma barra de stamina, também presente nos inimigos, e se elas forem esgotadas, tanto o jogador quanto os NPCs ficam abertos para ataques críticos.

Ao morrer, você volta ou para a última bandeira que interagiu, ou para pequenas estátuas de checkpoint rápido espalhadas entre as estradas, semelhante a Elden Ring, em que, ao morrer, você pode voltar se houver estátuas de Marika por perto.

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Os combates são puramente táticos. A menos que você esteja enfrentando um inimigo mais fraco, ficar martelando o botão de ataque só vai fazer você gastar toda a sua stamina e causar quase nada de dano nos inimigos. Além disso, se você estiver enfrentando dois ou mais inimigos, as coisas complicam muito, pois eles irão flanqueá-lo e atacar ao mesmo tempo. Assim, cada batalha depende de atenção e estratégia do jogador, tanto em quais armas está usando, seus estilos de luta e, obviamente, o nível do seu personagem.

Por falar em nível, evoluir o personagem é algo bem diferente do que se está acostumado num Souls-like, estando mais próximo do visto em Sekiro. Você não evolui pontos de atributo, como força, destreza e inteligência, você acessa um menu com várias árvores de habilidade, que contém desde ataques novos e combos maiores até desbloqueio de opção de usar persuasão ou mentir em diálogos.

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Ao desbloquear uma habilidade, o atributo correspondente sobe um ponto. Assim, a evolução conta mais como você escolhe as habilidades que quer, do que atribuir pontos em diferentes atributos.

Tudo culmina nos equipamentos que você usa. Existem vários tipos de armas diferentes: Katanas, Odachis, Lanças, Katanas duplas, Sabres, e etc. A variedade de armas é grande e cada tipo de arma possui suas próprias proficiências. Quanto mais você usar um tipo de arma, vai desbloqueando novos estilos e habilidades. Assim, o game incentiva que você aprenda a jogar com diferentes estilos, pois as possibilidades de evolução são muitas!

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Você pode fazer carinho em (muitos) gatos!

Em combate, o quadrado faz o combo padrão de cada arma, segurar quadrado ou combiná-lo com alguma direção no analógico faz você usar ataques diferentes. Segurando o R1 você pode trocar o seu estilo de luta (cada arma possui vários estilos, e você pode equipar três por vez), e usar as habilidades especiais do estilo, que são feitas combinando R1 com quadrado, X, triângulo e bolinha.

Um ponto de crítica aqui é que o botão R1 serve para muitas coisas ao mesmo tempo. Segure R1 e aperte direcional para cima para trocar de arma, direcional para baixo para trocar a arma secundária, para os lados troca o seu menu rápido de itens (cada item é usado ao apertar um direcional), além de você trocar estilos e usar habilidades. Nesse ponto, pelo menos comigo, rolou um pouco de dificuldade, pois no meio de lutas, as vezes com mais de três adversários, eu precisava prestar atenção na tela para trocar para o menu de itens rápidos para poder usar o que eu queria.

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A complicação, no fim, fica mesmo no gerenciamento de seus equipamentos durante o combate do que no aprendizado de suas mecânicas. Por isso, você deve gerenciar bem seus itens para evitar complicações desnecessárias, o que é algo bem óbvio.

Voltando a falar sobre a influência de Sekiro, quando inimigos são atacados, sua barra de stamina vai sendo preenchida da direita para a esquerda com uma barra vermelha. Essa barra limita o quanto de ações o inimigo pode fazer, diminuindo sua stamina. Assim, a melhor estratégia é sempre focar em cansar inimigos para usar ataques críticos, que possuem animações realmente incríveis e muito sangrentas. E, ao enfrentar múltiplos inimigos, fica bem difícil gerenciar tudo. O que é, de certa forma, “realista” numa luta mortal, mas que para jogadores não acostumados com games difíceis, vai ser um desafio a se superar.

Audiovisual

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Rise of the Ronin possui um visual bem bonito. Os modelos de seus NPCs são bem simples, sem foco em fotorrealismo, e as vezes, principalmente em personagens secundários que aparecem pouco, com visuais um tanto engessados.

Isso não é um problema, pois as animações do game, principalmente em seus combates, é excelente. Atacar, defender-se, todos os combates são muito artísticos. E sangrentos. Assassinar inimigos furtivamente, ou usar ataques críticos em batalhas é um verdadeiro show a parte. E usar execuções em combate ainda tem um bônus, pois assusta inimigos próximos, lhe dando abertura para atacá-los com mais efetividade.

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E você pode fazer carinho em cachorros também!

Visualmente, o detalhamento está nas armas, nas roupas, nos cenários e nas coreografias de batalhas, e não nos modelos dos personagens. Pessoalmente, não tenho nada a reclamar, mais vale um game bom com visual simples e efetivo do que um game maravilhosamente lindo e chato.

A trilha sonora é inteiramente composta com músicas usando instrumentos orientais e melodias da era em que o game está ambientado. Se você gosta das trilha sonoras de games como Sekiro, Nioh e do bom e velho Tenchu (alô From Software, eu quero um game novo nessa série!), então não tem erro.

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Um ponto extremamente positivo é que o game está 100% localizado em português brasileiro! Menus, textos, legendas e vozes estão totalmente localizadas em nosso idioma! O game ainda conta com algumas vozes icônicas, como a de Carlos Campanile, que faz a voz do Freeza em Dragon Ball, e que também dublou Gehrman em Bloodborne.

Conclusão

Análise Arkade: A Ascenção do Ronin (Rise of the Ronin) é uma divertida mistura de estilos

A Ascensão do Ronin é um game bem surpreendente. Ele pega tudo o que a Team Ninja fez com seus últimos games explorando o gênero Souls-like e junta numa coisa só, adicionando mundo aberto e elementos de Assassin’s Creed.

Por isso digo que esse é o Assassin’s Creed no Japão Feudal que há décadas pedimos e até agora não recebemos. Pelo menos até o lançamento de Codename Red, que não sabemos quase nada sobre.

Análise Arkade: A Ascenção do Ronin (Rise of the Ronin) é uma divertida mistura de estilos

Um combate estratégico que demanda bastante atenção, um mapa aberto com várias atividades diferentes, mas com nenhuma saturando demais as coisas, e uma história bem interessante, num dos períodos históricos mais emblemáticos do Japão, fazem de A Ascensão do Ronin uma obra bastante envolvente, divertida e desafiadora.

A Ascensão do Ronin será lançado amanhã, 22 de março, exclusivamente para o Playstation 5.

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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