Arkade VR: Fracked, um breve e incrível show de ação em realidade virtual
Anunciado no início do ano com exclusividade para o PlayStation VR, Fracked finalmente chegou. Focado em ação cinematográfica, o game traz uma experiência dinâmica e fluída que surpreende bastante. A liberdade de ação e possibilidades de interação com o ambiente com certeza são seus pontos mais altos de uma campanha que traz vários acertos para os amantes da realidade virtual.
Por isso, antes de mais nada, apertem os cintos pois temos em mãos um dos melhores jogos de realidade virtual do ano para o PSVR. Mesmo com uma curta duração, Fracked agrada bastante e mostra que um jogo não precisa ser gigantesco para ser memorável. Vamos falar disso tudo e mais um pouco nessa análise completa!
Espionagem nas montanhas
Fracked não dá muito espaço para longas introduções ou contextualizações sobre o seu enredo. O game coloca o jogador na pele de um espião que se vê no meio de um misteriosa pesquisa clandestina efetuada nas altas montanhas. Tendo como suporte somente uma piloto de helicóptero, temos que nos virar para resolver a situação, impedir os vilões e escapar do local com vida.
O enredo não tem nem a mínima intenção de ser mais profundo do que isso. E sinceramente isso é ótimo! Pois Fracked deixa claro desde o seu início que seu foco é completamente voltado para o gameplay e, consequentemente, para a ação. Após uma breve calibragem dos sensores de movimento, já somos colocados na pele do personagem, soltando um sinalizador e descendo uma montanha de esqui. Tudo sem delongas ou introduções.
Ali vamos aprender alguns comandos básicos de como agir durante o jogo, com ações como andar, correr, agarrar objetos, escalar, se esconder e atirar. Apoiado neste leque de ações, o jogo se desenrola por suas curtíssimas três a quatro horas de duração. E é justamente por oferecer uma experiência breve, mas intensa, que Fracked brilha com mais intensidade.
Comandos simples e instintivos
Toda a ação que o jogo propõe só é possível graças aos seus comandos simples, instintivos e bem rápidos. Mesmo que a jogatina em sua duração total seja curta, é impressionante como o jogo consegue apresentar seus comandos de forma orgânica, ao mesmo tempo em que vai subindo o nível de desafio gradativamente, dando ao jogador a oportunidade de mesclar os movimentos e fazer tudo fluir muito bem durante a ação.
Graças aos seus recursos simples e criativos, Fracked permite uma porção de liberdades ao jogador que são muito bem-vindas. A começar pela mecânica sensacional de se esconder atrás de objetos para se proteger em tiroteios. Basta que você segure uma das bordas do objeto que quer utilizar de proteção (como uma caixa, por exemplo) que você poderá levantar-se ou se abaixar sem maiores dificuldades.
As armas possuem comandos de movimento específicos para serem recarregadas, simulando a inserção de um novo pente e a destrava. Mas sem maiores complicações como ter que pegar a munição em algum lugar ou algo do tipo. É um meio termo excelente entre mecânicas imersivas, porém descomplicadas na medida certa para a diversão.
No fim das contas, a combinação de todos os comandos funciona muito bem. Conseguimos andar, atirar e se proteger de balas sem maiores problemas, ou então descer numa tirolesa com uma das mãos enquanto usa a outra para atirar nos inimigos. Além, é claro, de comandar os esquis com movimentos da cabeça enquanto olhamos para os lados e atiramos em inimigos em alta velocidade. Tudo flui muito bem e de forma muito natural e leve, fazendo de Fracked um dos jogos mais divertidos de se jogar no PSVR.
Nem só de tiroteios vive Fracked
Como comentei anteriormente, Fracked agrada bastante pela liberdade que seus comandos proporcionam. Apresentando uma imersão que lembra um pouco o que vimos em Blood & Truth há alguns anos, Fracked vai além dando maior liberdade de movimentação para os jogadores, compensando isso com um visual mais cartunesco que lembra bastante Borderlands 2 VR.
Mas não só nos tiroteios que o jogo brilha. Os confrontos contra inimigos são alternados com momentos de fuga e resolução de puzzles rápidos e simples. Por exemplo, ao precisar escalar um guindaste para resolver um problema, usamos escadas e também escalamos por suas estruturas de ferro. Comandamos os controles do guindaste e resolvemos a situação.
Vários são os momentos de escalada de tirar o fôlego durante a jogatina, que incluem desde vagões de trem pendurados num precipício até uma escalada pelo poço de um elevador emperrado, enquanto inimigos tentam atirar em você do outro lado da construção. Com isso Fracked consegue transmitir a aura de ação não só com tiros e explosões, mas também com fugas alucinantes e momentos de adrenalina nas alturas, com direito a saltos cinematográficos e situações dignas de um filme do James Bond.
Fluidez de dar inveja
Alguns lançamentos dos últimos anos para o PlayStation VR acabaram cometendo deslizes complicados no que se refere à telas de carregamento. Quando falo sobre isso, me vem à memória quebras de imersão que passei durante games como Doom 3 VR Edition e Marvel’s Iron Man VR. Tudo por telas de carregamento excessivas ou então vídeos de cinemática que simplesmente não se encaixavam na experiência em VR.
E em Fracked finalmente temos um bom exemplo de como fazer um trabalho vem feito. É bem surpreendente ver como temos algumas liberdades de ação durante a jogatina de Fracked sem telas de carregamento, queda de taxas de frame ou qualquer coisa que possa quebrar minimamente a imersão.
Podemos andar e atirar ao mesmo tempo, causar explosões enormes atirando em tanques inflamáveis, descer por uma tirolesa enquanto atiramos e, ao cair no chão, seguir com a ação sem problemas. Tudo flui muito bem e as telas de carregamento se encontram muito bem encaixadas entre capítulos.
Como estamos falando de um jogo feito para a realidade virtual, esse tipo de fluidez é obrigatória para uma melhor experiência.Ver o PSVR (e o PS4) dando conta de sequências relativamente longas de ação envolvendo cenários fechados e abertos, transições em pistas de esqui e arenas com vários andares é de fato surpreendente. Sem dúvidas o pessoal da nDreams fez um trabalho primoroso em Fracked.
Um excelente jogo, mas não para novatos
Aqui cabe um aviso importante: se você é novato na realidade virtual, é bom experimentar outros títulos antes de embarcar de peito aberto em Fracked. Eu particularmente me considero bastante privilegiado de não possuir nem ao menos sintomas leves de cinetose, o que me permite desfrutar até os mais psicodélicos jogos em realidade virtual sem maiores problemas.
Entretanto, Fracked possui um ritmo muito rápido e uma liberdade de movimentação muito grande, elementos que podem ser gatilhos fortíssimos para causar mal estar (cinetose, motion sickness, enjoo de movimento) em pessoas que não estão acostumadas com experiências mais intensas em realidade virtual. Por isso, fica o aviso: este é um excelente jogo, mas que é melhor experienciado quando você já possui alguma familiaridade com essa tecnologia.
Um dos melhores games em VR do ano!
Se Fracked peca em alguma coisa, é em deixar um gostinho de “quero mais” na boca do jogador. Não pelo jogo ser incompleto ou algo do gênero. Na verdade, por tudo que ele oferece ao longo de suas três ou quatro horas , ele sem dúvida é um pacote super completo e intenso. A questão é que a gente fica com vontade de ter mais daquilo por pelo menos umas 12 horas. XD
Isso por si só é uma prova cabal do nível de qualidade de Fracked. O game alcança o panteão dos melhores jogos de PSVR, trazendo uma ação alucinante, excelentes mecânicas de movimentação e combate, além de visuais simples, porém agradáveis.
De todos os acertos do game da nDreams, o mais relevante talvez seja mostrar como é possível ainda utilizar a tecnologia do PS4 e do PSVR para jogos imersivos, interativos e com “cara” de nova geração.
Fracked foi lançado no último dia 20 de agosto de 2021, com exclusividade para o PlayStation VR (podendo ser jogado no PlayStation 4 e sendo compatível com o PlayStation 5).