Arkade VR: GORN traz diversão sanguinária e alguns problemas de execução
A biblioteca de jogos em realidade virtual para os PCs é bem mais extensa que a do PlayStation VR. Entretanto, com o aumento da popularidade do periférico do PS4, muitos jogos migram para a plataforma. Esse é o caso de GORN, que foi lançado em acesso antecipado em 2017 no Steam, foi lançado oficialmente em 2019 e chegou agora ao PSVR.
Com uma violência visceral em discrepância com um tom cartunesco bem carismático, o jogo consegue divertir. Entretanto, sua versão de PSVR acaba cometendo erros semelhantes aos que a versão de PC havia cometido lá em 2017, o que pode atrapalhar um pouco a diversão. Mas vamos falar disso aos poucos nessa análise completa.
A violência como entretenimento
GORN nos coloca na pele de um gladiador que, aos poucos, vai conquistando seu lugar nas arenas. Aqui temos uma obra que está bem longe de se preocupar com narrativa, então não procure isso nela. Isso porque o foco de GORN está em sua jogabilidade visceral e cheia de possibilidades.
O jogo usa os controles com sensor de movimento para dar bastante imersão. Mas seu brilho está nos diversos tipos de armas diferentes e nas formas pelas quais podemos matar os inimigos. São espadas, lanças, machados, martelos, escudos, arcos, correntes, bestas, estrelas ninjas e várias derivações dessas armas ao seu dispor.
Some isso ao fato de que cabeças podem ser arrancadas, braços cortados, rostos desfigurados, hematomas surgem quando acertamos o inimigo e por aí vai. Tudo com um equilíbrio interessante entre o gore e o cômico. É possível inclusive tirar toda a sanguinolência do jogo usando suas configurações. Mas isso tira um pouco do seu charme também.
Proposta simples, mas eficaz
O jogo não tem muito mistério depois daí. São várias arenas diferentes com um nível de dificuldade progressivo. No final de cada arena, enfrentamos uma espécie de chefão que é bem desafiador. Mas nada muito mais complexo do que isso. Sua história é um mero pano de fundo e isso não é um problema, já que a diversão está justamente em enfrentar brutamontes em desafios mortais.
E esses desafios são bem isso mesmo: desafiadores. Isso não só pelos comandos, dos quais falaremos mais abaixo, mas pelo nível de dificuldade envolvido na luta. Somos tão frágeis quanto os inimigos, bastando um dano para começarmos a morrer aos poucos. Para sobreviver e recuperar sua vida é preciso matar um adversário o mais rápido possível, antes que percamos.
Essa mecânica é interessante já que nos obriga a ter um mínimo de cautela durante as lutas. Claro que isso não funciona sempre, pois girar uma morning star ao nosso redor sem plano algum pode até ser efetivo às vezes. Mas coisas básicas como o posicionamento na arena e quantos inimigos você enfrenta ao mesmo tempo são realmente significativos aqui.
Além disso, táticas de batalha medieval como flanquear, estocar e agarrar funcionam muito bem. Isso dá ainda mais dinamicidade para os combates e a imersão fica mais divertida. Mas infelizmente, isso acaba sendo um dos lados de um cabo de guerra de jogabilidade complicado.
Comandos problemáticos
Não me entendam mal, a maioria dos comandos de GORN são muito bons. Mas na sua versão de PSVR temos dois problemas que são cruciais para a diversão: movimentação e bugs. Seja por problemas relacionados a otimização ou a adaptação do game ao console da Sony, ele chegou com vários problemas técnicos.
A movimentação é muito pouco intuitiva e atrapalha os demais controles. Isso porque o jogador é obrigado a mover os braços para frente e para trás como se puxasse o cenário para perto dele ou o afastando. Em lutas simples é até fácil de lidar com isso, mas quando enfrentamos cinco oponentes de uma vez, isso acaba sendo frustrante.
Fora isso, temos bugs relacionados à física do jogo que ora são engraçados ora são irritantes. Isso porque você pegar uma maça de madeira e aço e esticá-la como se fosse de massinha pode ser hilário. Porém, quando você vai tentar usar o arco e flecha e ele se mostra praticamente impossível de ser utilizado por conta de um bug de impacto da flecha, isso frustra.
Felizmente a Free Lives, uma das empresas responsáveis pelo desenvolvimento do game, já divulgou através do seu perfil oficial no Twitter que está ouvindo as reclamações feitas pela comunidade e já está trabalhando em uma atualização. Entretanto, esta ainda não tem uma data oficial para ser disponibilizada.
Diversão despretensiosa
GORN no PSVR atualmente é uma promessa. Porém o vislumbre que temos do que ele pode ser não é nada mal. Isso porque sua proposta é uma diversão despretensiosa e cheia de sangue, nada muito mais ambicioso que isso. Se você for com a expectativa regulada para isso, terá uma boa experiência com GORN.
O jogo é divertidíssimo principalmente para jogar entre amigos, com competições do tipo “quem tem o golpe mais maluco” ou algo do tipo. Eu mesmo consegui matar uma horda de inimigos usando um deles como arma. Sim, eu peguei o corpo de um dos adversários e o usei para bater nos demais, e ri bastante com isso.
Porém que fique claro que o jogo possui problemas. Seus desenvolvedores já garantiram que estão trabalhando nas soluções, mas essas não estão disponíveis ainda. Então fique ciente de que obtê-lo pode ser uma aposta de que esses problemas vão ser resolvidos ou não.
GORN está disponível oficialmente para Valve Index, HTC Vive e Oculus Rift desde 18 de Julho de 2019. Agora possui uma versão para o PlayStation VR lançada em 19 de maio de 2020.