Arkade VR: YUKI é Bullet Hell e Roguelite incrível na realidade virtual
Desenvolvido pela ARVORE, mesmo estúdio brasileiro que nos trouxe os incríveis Pixel Ripped, YUKI chega em outro ritmo, mas com uma pegada lúdica muito semelhante ao seu primo pixelado. O game combina mecânicas dos adrenérgicos games tipo Bullet Hell com mecânicas Roguelite inovando mais uma vez em uma experiência de realidade virtual única!
Lançado inicialmente para PCVR e Quest em julho, o game finalmente chegou ao PlayStation VR este mês. YUKI nos coloca na pele de uma criança que brinca com sua bonequinha de ação tecnológica enquanto passa por diversos desafios gerados proceduralmente, coletando power ups e liberando habilidades para avançar cada vez mais na aventura. Vamos conferir agora tudo que vimos jogando essa pérola brasileira!
Na imaginação de uma criança
Seguindo a filosofia criativa da franquia Pixel Ripped, YUKI coloca o jogador na pele de uma jovem garotinha que começa a brincar com sua boneca de ação favorita. Isso quer dizer que o jogo se passa inteiramente na imaginação da criança, que está imaginando a boneca vivendo as mais alucinantes batalhas contra inimigos místicos e tecnológicos.
Essa temática combina perfeitamente com a jogabilidade do game. Uma vez que você precisa pegar a boneca de ação com seu controle de movimento e controlá-la pelo ar, desviando de tiros, obstáculos e inimigos. Na prática, funciona literalmente como se fossemos uma criança brincando de nave espacial ou bonequinhos de ação, o que agrega uma incrível sensação de nostalgia à experiência!
Quem jogou Pixel Ripped 1989 ou 1995 vai se familiarizar um pouco mais rápido com a mecânica do jogo. As fases dos games anteriores da ARVORE nas quais utilizávamos uma nave de brinquedo, segurando-a como se fosse um aviãozinho e desviando de tiros dos inimigos, são características que lembram bastante o que vemos em YUKI.
Mas como estamos falando de um jogo com mecânicas tematizadas em aspectos de Bullet Hell e Roguelite, algumas particularidades de YUKI renovam a experiência, deixando a aventura imaginativa de YUKI bem mais próxima dos arcades de antigamente — e muito mais desafiadora do que os outros títulos do estúdio.
Um Bullet Hell no estilo arcade
Ao jogar YUKI pela primeira vez, a sensação que tive foi de experimentar o clássico game Galaga de uma forma completamente nova. Não dá pra deixar de citar também outras duas claras inspirações de YUKI: as franquias StarFox e Touhou. Com essa base de inspiração, já dá pra ter uma leve ideia de como funciona a mecânica de Bullet Hell de YUKI.
Para quem ainda não entendeu, Bullet Hell é um subgênero de games de ação onde disparamos vários projéteis enquanto tentamos desesperadamente desviar de todos os tiros e lasers que vem em nossa direção. Já foi um subgênero muito mais popular do que é hoje, principalmente na época dos arcades e fliperamas.
Em YUKI, enfrentamos os chamados Yokaliens, criaturas multidimensionais que ameaçam a existência. Cabe à guerreira que dá nome ao jogo impedir que essas criaturas dominem o espaço. Seja no visual, design ou trilha sonora, o game traz uma aura forte dos fliperamas, o que é muito bem-vindo para os mais nostálgicos.
O estilo de jogabilidade dos Bullet Hell foi muito bem adaptado para a realidade virtual. Isso porque os movimentos que fazemos com nosso braço (como se segurássemos um boneco voador) guiam a personagem, ou seja, depende da nossa desenvoltura corporal o sucesso em desviar da cortina de tiros que chegam por todos os lados.
Roguelite viciante e desafiador
Como a maior parte dos Roguelites, YUKI traz a mecânica de morte permanente para seu personagem. Sim, só temos uma vida, que precisa ser mantida até o fim da aventura. Caso contrário, é preciso começar a aventura toda de novo. Entretanto, como estamos falando de um Roguelite, algo das tentativas anteriores é mantido para as próximas, facilitando (um pouco) a nossa vida.
E no caso de YUKI, temos upgrades coletáveis e pontos que podemos trocar por melhorias. Além disso, ao passarmos de determinadas fases pela primeira vez, podemos liberar novas armaduras para Yuki, que não são somente estéticas. Estas novas roupas e asas mudam o estilo de seu tiro, tornando-os mais poderosos.
Assim, toda tentativa de se superar em YUKI é recompensadora. Seja pelos pontos acumulados e trocados por power-ups, seja pelo recorde pessoal superado e sinalizado na tela, ou, mais importante pelos novos trajes que são liberados. Cada nova partida nos faz ir um pouco mais longe — ao longo das seis fases do game.
Sim, YUKI possui apenas seis fases a serem exploradas e superadas. Entretanto, cabe dizer que o ritmo de jogo é viciante e o nível de desafio, mesmo que orgânico, é bem frenético. Desse modo, essas seis fases podem levar horas para serem completadas. E mesmo quando o são, o fator replay do jogo é bom o suficiente para te manter jogando por mais um tempinho.
PSVR levemente atrasado
Para esta análise, experimentamos a versão de PlayStation VR do game, que pode funcionar tanto no PS4 quanto no PlayStation 5 via retrocompatibilidade. No caso do PSVR, não é só a data de lançamento do game que sofreu algum tipo de atraso, algumas mecânicas de jogo também estão em falta, sendo prometidas em futuras atualizações.
No caso, estamos falando do Endless Mode, um modo de jogo infinito com leaderboards online para você competir com amigos e com a comunidade de jogadores. Essa mecânica deve aumentar ainda mais o fator replay do jogo e o divertimento despretensioso de partidas “sobreviva até onde conseguir”, mais uma vez trazendo algo da aura dos fliperamas com suas tabelas de melhores jogadores.
Entretanto, tal modo de jogo ainda não está presente no PlayStation VR, mesmo que o botão de acesso a ele já esteja lá — há a promessa de que receberemos em breve a feature. Para jogadores de PCVR ou Quest, o modo de jogo infinito já está disponível.
Uma experiência simples e divertida
Ao mesmo tempo em que todo o conjunto da obra de YUKI soa um tanto simples, ele também é criativo, divertido e viciante. Criar essa combinação de mecânicas em realidade virtual funcionou muito bem, e ainda tem um apelo nostálgico que pode (ou não) ser proposital. Tudo em YUKI parece ser pensado para te remeter à infância e, principalmente, à diversão.
Os níveis procedurais ajudam bastante no fator replay do jogo, enquanto a evolução cadenciada proporcionada pelo sistema Roguelite concedem uma sensação de progresso revigorante, fazendo com que cada experiência de jogo seja única. Assim, um game aparentemente curto se torna um loop quase infinito de diversão despretensiosa. Mais uma vez a ARVORE está de parabéns por mais um título em VR incrível para todos os públicos.
YUKI foi lançado inicialmente no dia 22 de julho 2021 para o PCVR (via Steam) e Oculus Quest 1/2. A versão de PlayStation VR chegou um pouquinho mais tarde, em 16 de novembro de 2021.