BDR: Conheça empresas de games listadas na Bolsa que você pode investir hoje
A partir de hoje, todos os brasileiros poderão investir, via B3, em empresas no exterior. Já era possível, anteriormente, investir, como brasileiro, em empresas estrangeiras, de várias formas: ou através de corretoras internacionais, cada uma com suas questões fiscais, ou via BDRs, negociadas na bolsa brasileira, mas acessível apenas a investidores qualificados. Ou seja, pessoas que tem mais de um milhão de reais declarados em investimentos.
Mas hoje, qualquer brasileiro que quiser investir, poderá, através das diversas corretoras, acessar algumas empresas dos Estados Unidos, incluindo grandes companhias de videogames, listada em bolsas pelo mundo. É sobre elas que iremos falar hoje.
Mas calma lá! Nada de se empolgar com a matéria e sair comprando ações. O mundo dos investimentos NÃO É HYPE! É bem diferente do entusiasmo que estamos acostumados neste universo. Investimentos devem ser feitos com consciência, conhecimento e muito estudo. Se você considera ser um investidor, a única coisa que posso te falar é: estude, saiba como as coisas funcionam, e aí sim, faça seus investimentos.
Outra coisa: não considere esta matéria como sugestão de compra. O intuito aqui é mostrar uma novidade que chega ao mundo dos investimentos, e que, indiretamente, afeta o mundo dos games. As empresas vistas aqui são apresentadas apenas com o caráter didático, combinado?
Mas o que é uma BDR?
Brazilian Depositary Receipts. Este é o nome de certificados que representam ações de empresas de outros países, mas negociados no Brasil. Em uma linguagem bem simplista, é como você comprar ações de uma empresa nos Estados Unidos, mas através de uma espécie de representação autorizada dentro do Brasil.
Não é o mesmo que comprar ações diretas. O interessado adquire títulos que representam estas empresas. Este título ficam depositados em uma instituição financeira que guarda todos, fazendo sua custódia. Você investe na empresa, sem ter as ações diretas. Inclusive, códigos e preços são diferentes. E, no Brasil, são negociados em reais, não em dólar.
Já são 550 BDRs disponíveis no Brasil, para negociação. Há empresas enormes por aqui, como Amazon, Netflix, Disney ou mesmo a Liberty Media, conglomerado que controla atualmente a Fórmula 1.
Normalmente, estes títulos eram negociados apenas por poucas pessoas, investidores com mais de um milhão declarado. Restando, para os interessados, abrirem contas em corretoras no exterior. Mas, a partir de hoje, já é possível comprar estas BDRs em corretoras no Brasil, para qualquer brasileiro interessado.
Números que mostram o crescimento da indústria dos games
A indústria dos videogames não é tão nova quanto a gente pensa. A Atari, por exemplo, já tem 48 anos de vida. A Activision também já tem quatro décadas de história. E a indústria segue crescendo, com novidades atrás de novidades. É só ver como as coisas andaram, desde os anos 80, até os dias de hoje. Do RF ao HDMI, das linhas na tela às definições em 8K com Ray Tracing. Dos consoles sem cartuchos aos sistemas de streaming.
Em 2019, antes da pandemia, a indústria movimentou cerca de 120 bilhões de dólares. Já para 2020, com o crescimento do Gaming que veio com o “fique em casa” ocasionado pela situação do coronavírus, a projeção é de lucros de quase 160 bilhões de dólares. E, para 2023, a projeção é ainda maior: 200 bilhões.
Tais números só mostram o poder da indústria dos games, que já não é uma novidade (muitos estúdios tradicionais são mais velhos do que o Facebook, por exemplo). São empresas e companhias que movimentam games e dinheiro de muitas formas, com algumas usando as bolsas de valores pelo mundo para capitalizar seu potencial.
Dito isto, estas são as empresas envolvidas com videogames, listadas na B3 e negociadas por BDRs.
A1MD34 – AMD
K5, K6, K6-II, Athlon, Duron… são muitos os processadores da AMD que, provavelmente, já esteve em um computador seu um dia. Atualmente, além de processadores, a marca tem atuado muito forte com placas de vídeo, com a família Radeon. Consegue, assim, ser competitiva, tendo a Intel como concorrente para processadores, e a Nvidia, para aceleradores gráficos.
Seu movimento mais recente foi uma parceria com a Acer, levando sua tecnologia aos computadores e notebooks da empresa, incluindo os potentes Predator.
ATVI34 – Activision Blizzard
O lar de Call of Duty, World of Warcraft, Diablo e mais. A companhia, que é a união da primeira desenvolvedora de games independente de todos os tempos, com a criadora de franquias que transcendem gerações. A companhia gerencia grandes franquias, apoia o cenário de eSports com Starcraft, CoD e Overwatch, e ultimamente, tem apostado na nostalgia. Nos últimos anos, trouxe de volta Modern Warfare 1 e 2, Crash Bandicoot, Spyro the Dragoon e Tony Hawk Pro Skater. Além do recente sucesso, CoD Warzone.
EAIN34 – Electronic Arts
Outra empresa tradicional do mundo dos games, a EA tem longa história. Inaugurada em 1982, foi nos anos 90 que o estúdio despontou, com seus games esportivos, e a franquia Need for Speed. Hoje, é pelas mãos da empresa que temos jogos FIFA, Star Wars, The Sims, Battlefield, entre outros. Além da Origin, a loja oficial da empresa. Ou o EA Play, que oferece games e descontos mediante assinatura. Passou por maus momentos entre a comunidade, que questionou duramente sua política de loot, mas aparentemente, parece que “aprendeu um pouco a lição”.
ITLC34 – Intel
Desde os games mais antigos, que usavam os processadores Pentium, até os dias atuais, com processadores extremamente potentes, a Intel é uma grande interessada no universo dos games. Fabrica diversos dispositivos e tecnologias, indo dos conhecidos processadores para SSDs, Workstations, MiniPCs e muito mais. Até já se aventurou como fabricante de processador para smartphones, em uma parceria com os primeiros Zenfone, da Asus.
Além disso, a Intel tem presença firme no mundo dos eSports. Patrocina diversos eventos, e promove o Intel Extreme Masters. Em 2018, junto com a ESL, investiu cerca de US$ 100 milhões neste universo.
MSFT34 – Microsoft
A dona de Xbox tem um portfólio muito maior do que seus videogames. Windows, OneDrive, Azure, Office e Surface são apenas alguns dos produtos de uma das companhias mais valiosas do planeta. Vale, atualmente, incríveis um trilhão e setecentos bilhões de dólares. Apenas Apple e Amazon valem tanto.
A marca Xbox, apesar de não ser a líder na corrida dos games, tem uma presença muito forte com sua comunidade, o que tem gerado muitos lucros. E também é dona de diversos estúdios, como a Rare, a Mojang de Minecraft e a Double Fine, que atuam com o selo Xbox Game Studios. Apenas em 2020, o faturamento da divisão cresceu 64%, aproveitando muito as questões de pandemia, no qual as pessoas ficaram mais em casa, e muitos, jogando mais videogame.
E, claro, está com o seu Xbox Series X no forno, prometido para o final de 2020.
NVDC34 – Nvidia
Engana-se quem acha que a Nvidia “faz apenas placas de vídeo”. A companhia, que faz sim placas de vídeo queridas pelos gamers também atua em diversos outros ramos, como a Inteligência Artificial. A Nvidia atua nos seguintes ramos: saúde, cidades inteligentes, indústria, educação, supercomputadores, telecomunicações e muito mais.
Além disso, a companhia segue investindo em seu “console”. Após aventuras com o Shield, a bola da vez é o GeForce Now, sistema em nuvem que, ainda não disponível no Brasil, permite o gameplay de games em nuvem, até em um Chromecast.
SNEC34 – Sony
A dona do Playstation vê em seu console o maior sucesso da companhia, e a maior geradora de receita. A Sony, que também é a dona da marca Walkman, tem além da sua linha de produtos, um portfólio com produtoras de cinema como Columbia e a TriStar Pictures, algumas gravadoras, e até o Homem-Aranha, no cinema. E, é claro, a Sony Interactive Entertainment, a responsável pelo Playstation.
O sucesso dos dois primeiros consoles pavimentaram um caminho próspero para a companhia no mundo dos games. Atualmente, aposta em games exclusivos, que geralmente contam com boa recepção entre sua comunidade. Além de se aventurar no mundo do PC, levando algumas de suas franquias para os computadores.
O Playstation 5, novo console da companhia, chega no final deste ano.
T1TW34 – Take-Two
A dona do GTA, a franquia mais rentável da história dos videogames, quer mais? Pois tem. Como dona da Rockstar, é sobre esta companhia que estão games como Red Dead Redemption ou Bully. Além disso, a Take-Two também é dona da 2K, o que soma seu catálogo com a série Mafia, e os games esportivos, que tem na série NBA 2K, outro grande .
A companhia sempre esteve em crescente, desde 1997, quando estreou na NASDAQ. Mas a partir de 2016 o crescimento foi cada vez maior, na época em que a empresa “se encontrou” com o GTA Online, game que fez a empresa mudar o rumo com a sua franquia: passou de lançar diversos games com a mesma engine, como acontecia nos anos 2000, e rentabiliza única e exclusivamente com o seu modo online. Que vê o ambiente ideal para levar o que o fã da franquia mais quer: anarquia gratuita pelas ruas de suas cidades.
E a Nintendo, Ubisoft e outras?
Sim, existem muitas outras empresas listadas em bolsas de valores pelo mundo. A Nintendo, Capcom, Ubisoft e tantas outras contam com ações disponíveis. Entretanto, este artigo fala apenas de empresas listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira. E apenas as empresas listadas acima constam nesta lista. As outras estão em bolsas pelo mundo, em seus respectivos locais.
Pode ser que, com a abertura das BDRs, mais empresas encontrem aqui no Brasil oportunidades de buscarem maiores ganhos. A indústria dos games já tem alguma representatividade no país, com um grande público consumidor, seja de games AAA, jogos online, ou jogos de smartphone. Resta saber, para as outras companhias, se vale a pena encarar o brasileiro, também, como público investidor.