BGS 2016: Testemunhando as escolhas de vida ou morte de Detroit: Become Human
Quantic Dream está lançando seu mais novo e ambicioso game. E conseguimos vê-lo em ação na BGS 2016. Saiba mais sobre Detroit e como ele quer elevar a maneira de contar histórias baseadas em suas escolhas.
Um dos maiores problemas de jogos com linhas narrativas baseadas nas escolhas do jogador é o quão falso a ideia realmente é quando você joga novamente. Telltale Games e Quantic Dream são os maiores infratores, vendendo o conceito de que suas escolhas importam, mas no final você percebe que os diferentes caminhos dificilmente vão para chegadas divergentes, dando somente um punhado de escolhas que mostram como os resultados são inevitáveis independente do quanto que você faça algo diferente a cada vez que jogue.
Mas não me entenda errado, esses jogos são bons – quase todos, pelo menos -, mas não dá para acreditar no papo que eles estão te dando alguma chance de mudar o destino dos personagens na história. E é entendível, seria quase impossível desenvolver um projeto com tantos resultados diferentes e disponibiliza-los de um jeito tão natural que até incentivaria você jogar de novo em vez do que manter a regra de jogar só uma vez para não quebrar a magia. Eis que entra Detroit: Become Human.
Vimos a demo sendo jogada na BGS 2016 – a do Connor, mostrada primeiramente na E3 deste ano – e ela tem grandes chances de elevar o patamar de narrativas não-lineares. Na apresentação vimos a história do androide que trabalha em situações de reféns, nesse caso a de um androide defeituoso que se revoltou contra a família, matou o pai e pegou a filha como refém. A demo foi jogada de duas maneiras: A primeira indo horrivelmente errada e a segunda razoavelmente bem.
Para você resolver caso é necessário adquirir pistas e entender o sequestrador para conseguir convence-lo. Na primeira tentativa foi encontrada quase que nenhuma evidência para saber o que está acontecendo, além de várias escolhas que fugiram do bom senso para falhar propositalmente. Já na segunda foi adquirida mais informações, descobrindo o nome do androide, a motivação de sua revolta e um ponto sensível para fazê-lo desistir do crime e ser consertado.
Existem diversos pontos que, na demo em questão, são bem interessantes, como o fato de que você está correndo contra o tempo, sendo que a probabilidade de sucesso vai diminuindo a cada minuto perdido, ou seja, é necessário balancear o tempo gasto adquirindo as evidências corretas para obter o melhor resultado, que aparentemente consegue variar bastante. Outra mecânica que chamou a atenção é a de recriar certas cenas para conseguir mais pistas. Em um dado momento Connor vê uma das vitimas jogada no chão e refaz a cena, não perfeitamente, para ter uma ideia do que aconteceu, além de adquirir mais evidências para ajudar com o caso.
Também temos o tema de trans-humanismo e o tão discutido futuro com androides, abordando a pergunta sobre o que é ser humano. Connor é um androide que lida com outros androides que começaram a ter sentimentos, considerados defeituosos, mas ao mesmo tempo o próprio Connor aparenta possuir sentimentos, ou consegue simulá-los muito bem, o que pode levar para mais questões relacionadas entre humanos e androides, já que ambos conceitos começam a navegar em uma linha bem tênue. Além disso existe todo um preconceito por trás da situação, com a mãe da filha sequestrada ficando indignada ao descobrir que um androide foi enviado para ajudar.
Com o pouco que foi mostrado de Detroit: Become Human já dá para notar o cuidado que David Cage e a equipe da Quantic Dream está tendo com o jogo, desde as escolhas, diálogos, jogabilidade e os impressionantes gráficos que pretendem te afundar neste mundo futurístico.
Este já marca o terceiro grande projeto do estúdio após a transição que levou Cage e sua equipe para níveis inimagináveis de popularidade. Mas diferente de Heavy Rain, Detroit Become Human atiçou a minha curiosidade de jogar mais de uma vez e descobrir se essa ideia que está sendo vendida é verídica ou mais uma mentira, como foi em praticamente todos os jogos que marcaram esta nova iteração do gênero de contar histórias em que você pode fazer suas escolhas e afetar o mundo em sua volta.
Durante a demo foi falado diversas vezes que as escolhas serão de vida ou morte, e espero muito que Detroit: Become Human seja jogo que quebrará este molde que estamos tão acostumados. Se não acontecer, pelo menos eu acredito que o jogo contará uma história extremamente interessante e com bastante potencial para ser um ótimo conto de sci-fi.