Brinquedo que não é de brincar – A história do Toy Art
Toy art, como o próprio nome diz “brinquedo de arte”, é uma febre que vem infectando mais que a gripe suína, e está chegando aos poucos no mercado brasileiro.
Tudo começou em 1998, quando o artista Michael Lau de Hong Kong levou para uma amostra de brinquedos sua coleção de G.I Joe (Comandos em Ação) customizados com roupas estilo hip-hop, com direito a correntes e tudo mais. A moda pegou, e hoje em dia os G.I.Joe que Lau fez valem ouro.
A onda do toy art é bem semelhante à dos Hot Wheels, aqueles carrinhos colecionáveis, que forram o quarto de garotos, adolescentes e também de muito marmanjo barbudo que está lendo esta reportagem. A maioria das coleções de toys saem em edições limitadas e cada boneco tem um grau de raridade, alguns chegam a valer mais de 200 dólares. As peças são geralmente feitas de vinil, resina, papel ou plush. No japão a moda já pegou tanto que a Pepsi lançou uma promoção onde diferentes bonecos ‘be@rbrick’ (linha bastante conhecida de toys) vinham de brinde junto com a compra de um refri.
O toy art não tem idade, em entrevista com o site Gothamist, o toy designer Tristan Eaton da empresa KidRobot, diz que em sessões de autógrafos ele encontra pessoas de 15 a 50 anos, igualmente empolgadas em receber um autógrafo. Na mesma entrevista, Tristan diz que o toy art está no equilíbrio entre a arte e o consumismo, pois é um produto de arte fina que é vendido por um preço razoável, e que desde o design até o produto final, cada modelo demora 3 meses a 1 ano para ser fabricado.
A linha Dunny, feita em vinyl, provavelmente é uma das figuras mais conhecidas no mundo dos toy arts, as figuras tem 7 centímetros de altura, tamanho ideal para decorar mesas, escrivaninhas, prateleiras ou até o carro. Esta linha é fabricada pela KidRobot, e já está em sua quinta edição. Para adquirir bonecos existem várias opções, dentre elas o blind box ou ‘caixa-cega’, onde, em uma caixa que não se pode ver o conteúdo, vem um brinquedo que pode ser qualquer um de uma determinada série, seja comum ou super raro. Coisa de japonês.
Os toys arts chamam a atenção pelas suas características únicas, dentro de coleções existem figuras diferentes, e algumas fazem referência a personagens da cultura pop em geral, que vão desde os simpsons até hannibal lecter, a maioria esbanjando originalidade. Uma grande parte é inspirada em artistas, personagens de comics, games, filmes e desenhos, ou apenas é uma figurinha carismática, daquelas que você olha e fala: – não sei porque, mas eu quero um! O brinquedo pode ter um tom satírico, engraçado, amedrontador, deformado ou fofo, um vai ser a sua cara. Os toy arts também caem muito bem como um presente de bom gosto para um geek, só lembre de incluir no cartão que se for um blind box e por acaso sair um raro, você quer de volta.
Para os que têm a criatividade à flor da pele, ou pelo menos acha que tem, figuras inteiras brancas também são vendidas, são os customs. Cabe ao artista (você no caso) transformar o boneco em algo legal, e quem sabe até vender, criar sua própria linha e ganhar vários milhões de dólares! Vamos com calma, quem sabe dezenas de reais seja uma quantidade mais realista.
Para descobrir como está a cena no Brasil, conversamos com Ismael Lito, provavelmente um dos maiores nomes em produção de toy art nacional. Ele criou o Paleolito, um toy brutamontes de reconhecimento internacional.
Arkade: Há quanto tempo existe o Paleolito?
Ismael: Seus primeiros desenhos devem ter aproximadamente 10 anos, era apenas um personagem dos meus trabalhos de ilustração. Há mais ou menos 1 ano comecei a produzi-lo como toy.
Arkade:Quais as foram as suas inspirações para fazer toy?
Ismael: O Paleolítico é o período da pré-história conhecido como idade da pedra, quando criança sempre fui apaixonado por dinossauros, gostava de desenhá-los e sabia os nomes de todos. Juntei isso com meu sobrenome: ‘Lito’ e fiz uma homenagem à minha família.
Arkade: Em quais países o Paleolito já chegou?
Ismael: Já mandei para países como França, Estados Unidos, Canadá e países da América latina, mas em pequena escala. Estou procurando parceiros para exportar em grande escala.
Arkade: O que uma pessoa precisa para fazer um custom?
Ismael: Criatividade, tempo, paciência e o principal: tinta. Elas podem ser profissionais como uni-paint, jet e aerógrafo utilizando tintas de modelismo ou opções mais baratas como canetinhas marca-cd da faber-castell.
Arkade: Você já fez algum boneco inspirado na cultura geek?
Ismael: Sim, já fiz versões do Paleolito inspirado em comics como o Hellboy, Spiderman e Venom ou em Star Wars como Darth Vader e Storm Trooper.
Descobrimos também que no Brasil a maioria dos fãs de toy-art se comunicam pela internet (o que não é surpresa nenhuma) e que alguns blogs e sites promovem concursos, feiras e encontros onde aficionados pelo tema podem trocar bonecos repetidos ou colocar sua arte em exposição. Algumas lojas virtuais vendem os bonecos em caixa aberta, fechada, ou custom.
Confira abaixo mais alguns Toy Arts:
*Esta matéria apareceu originalmente na edição 1 da Revista Arkade. Para ler a revista, clique aqui.