Call of Juarez the Cartel (PC, PS3, X360) review: só mais um FPS

28 de agosto de 2011

Call of Juarez the Cartel (PC, PS3, X360) review: só mais um FPS

Call of Juarez é uma série que nunca foi perfeita, mas nos tempos em que não havia Red Dead Redemption, sempre garantiu uma boa diversão para os fãs de um bom faroeste. Por algum motivo misterioso, a Techland decidiu tirar praticamente todos os elementos western deste Call of Juarez: The Cartel. Com isso, o game perdeu boa parte de seu charme, e o que sobrou é apenas mais um FPS mediano, como tantos outros que já existem por aí.

A ideia até parece interessante, pois tenta trazer um pouco do faroeste para os dias atuais: a trama acompanha três policiais que nunca se viram, mas são forçados a trabalhar juntos em uma missão especial para combater o tráfico de drogas na fronteira do México com os Estados Unidos.

O trio não poderia ser mais eclético: Kim Evans é uma ex-membro de gangue que cresceu nas ruas e virou agente do FBI. Eddie Guerra é um agente do DEA que nas horas vagas mantém um nada saudável vício em jogos de azar. Por fim temos Ben McCall, detetive da LAPD que é o descendente do famoso Ray McCall – protagonista do game original – e simboliza o único vínculo deste game com os anteriores, o que deixa este caubói meio destoante do clima urbano do game.

Call of Juarez the Cartel (PC, PS3, X360) review: só mais um FPS

Apesar da premissa ser interessante, a história é bem simples e os personagens não contribuem para deixá-la mais atrativa: as atuações são medianas e os diálogos não possuem qualquer criatividade. Embora cada personagem possua sua história e suas motivações, eles simplesmente não conseguem cativar o jogador pela falta de emoção com que se entregam às situações. Não há drama, não há suspense, nem raiva, há apenas personagens robóticos soltando frases de efeito nada inspiradas.

A campanha principal divide com a dublagem esta escassez criativa: embora tenha muitas fases, todas elas são parecidas e repetitivas. Seu objetivo é quase sempre ir até algum lugar, conversar com algumas pessoas e se meter em um tiroteio. Depois que você matar todo mundo, alguns inimigos conseguirão fugir simplesmente para que haja uma perseguição sobre rodas. Detenha os traficantes motorizados e passe para uma nova fase, onde seus objetivos serão basicamente os mesmos, com uma outra situação diferente em certos pontos.

Dentre estas situações, a que mais se destaca são as perseguições de carro, mas mesmo elas são reaproveitadas tantas vezes durante o game que se tornam cansativas após o terceiro ou quarto passeio. Como em tantos outros shooters atuais, é possível habilitar um bullet time momentâneo para mirar com precisão. Um efeito bacana, mas nada inovador.

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Um ponto positivo é que a campanha foi planejada para ser jogada em trio, e jogar com outras pessoas deixa as coisas bem divertidas. A jogabilidade não apresenta nenhuma revolução mas também não decepciona, conseguindo deixar os tiroteios dinâmicos como devem ser. Embora cada personagem seja perito em um tipo específico de arma, todos se sairão melhor com um bom e velho rifle, o que anula quase toda a diferença de habilidades entre eles.

Jogando com outras duas pessoas, você perceberá que seus companheiros de equipe recebem mensagens telefônicas que somente eles podem ver. Isso dá um ar de constante rivalidade à equipe, pois parece que cada um sempre possui uma sidequest paralela para cumprir. Esta ferramenta é bem interessante pois você nunca sabe realmente “em que time” seus aliados estão jogando, visto que as mensagens podem conter informações importantes ou pior, seu companheiro pode estar secretamente trabalhando com os traficantes.

Call of Juarez the Cartel (PC, PS3, X360) review: só mais um FPS

Se você optar pela campanha solo, também poderá fazer estas sidequests, mas apenas as que chegarem ao telefone do personagem escolhido, e seus companheiros NPCs poderão acompaanhá-lo, o que tira boa parte da graça. Como consolo,vale ressaltar que cada personagem possui sua própria história e seu próprio final, o que acrescenta um certo fator replay ao game.

Nos aspectos técnicos Call of Juarez: The Cartel também deixa a desejar. os gráficos são pobres e em muitos momentos parecem saídos da geração passada. As texturas são simples e apresentam diversos tipos de bugs, com partes dos objetos sumindo e piscando conforme você se aproxima. Vez ou outra seu personagem simplesmente atravessa cadeiras, caixotes e outros objetos, um defeito que já era feio na geração 32 bits e continua feio aqui.

Para compensar, a trilha sonora do game é bem interessante, misturando batidas urbanas com canções típicas de faroeste, o que cria um clima que agrega ambos os estilos do game. Embora isso seja uma coisa boa, é preocupante quando um dos poucos pontos positivos do game é sua música, não acha?

Call of Juarez the Cartel (PC, PS3, X360) review: só mais um FPS

Fecha o pacote um modo multiplayer genérico, que traz diversos modos que a gente já viu em outros games do gênero. Definitivamente criatividade é o que faltou no desenvolvimento deste game, em praticamente todos os seus aspectos.

Call of Juarez: The Cartel é um game mediano em todos os aspectos, que fugiu de suas raízes e acabou descaracterizado, parecendo uma mistura de Kane & Lynch com Red Dead Redemption, mas sem a originalidade de nenhum deles. A campanha cooperativa até inova, mas se o que você busca é um bom game de faroeste, fique com Red Dead Redemption. Se o que você quer é um bom FPS, com certeza existem melhores exemplos no mercado.

Este review foi originalmente publicado na edicão 26 da revista Arkade.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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