Cine Arkade Review – O Sétimo Filho
Mais um épico mundo medieval nos é apresentado em O Sétimo Filho, estrelando Jeff Bridges e Julianne Moore em um universo repleto de dragões e magia negra. Confira agora nossa análise!
O Sétimo Filho nos leva para um mundo medieval onde linhagens e monstros como fantasmas, dragões, bruxas e ogros ganham um grande papel na trama. Baseado no livro The Spook’s Apprentice, de Joseph Delaney, o longa promete uma história épica em um universo de fantasia cheio de personagens interessantes, tudo comandado pelo diretor Sergei Bodrov. Mas infelizmente, na prática, ganhamos somente a metade desta promessa.
O filme segue a jornada de Tom Ward, ou melhor, o sétimo filho do sétimo filho, detalhe que é bem importante para o enredo. Ward segue ao lado de seu mestre, John Gregory, conhecido pelo seu trabalho como um Caça-Feitiço e membro dos Cavaleiros do Condado.
A trama desenrola com a nossa antagonista, a malévola feiticeira Mãe Malkin e sua trupe de malfeitores que querem afundar este mundo em ira e magia negra. A parte interessante é que todos os vilões da história tem poderes especiais – com a Malkin e mais alguns do grupo podendo se transformar em gigantescos dragões – que são impressionantes graças ao competente uso de efeitos especiais no filme.
O Sétimo Filho tem uma apresentação visual de tirar o fôlego em um mundo cheio de lugares e criaturas cativantes: temos florestas repletas de fantasmas e espectros, monstros baseados em anomalias de diversas crenças, regiões que adicionam uma camada a mais para o Condado e um grupo de vilões que remetem suas origens a uma mescla bizarra, porém interessante, das “classes” de personagens típicas do mundo medieval que vemos no entretenimento hoje em dia.
O elenco de O Sétimo Filho se divide em interpretações notáveis e outras que são desinteressantes e infelizmente passam despercebidas da história. Este é um dos maiores problemas porque, dos quatro personagens que ganham mais tempo na tela, temos dois bem competentes e dois que parecem nem se importar em estar naquele lugar.
A interação de ódio e desdém entre Gregory e Malkin – interpretados por Jeff Bridges (O Grande Lebowski) e Julianne Moore (Para Sempre Alice), respectivamente — é uma união que agrada pelo conflito e é basicamente o maior elemento que leva o enredo para frente.
Em contraponto, temos a história a la Romeu e Julieta entre Tom Ward e Alice Deane – vividos por Ben Barnes (O Retrato de Dorian Gray) e Alicia Vikander (O Amante da Rainha) – que infelizmente são os personagens mais insossos que aparecem no filme, o que serve como um grande problema se lembrarmos que o personagem de Barnes deveria ser a figura principal do filme, mais até que o seu mestre, Gregory.
A consequência disto é Jeff Bridges e Julianne Moore roubando a cena ao levar suas interpretações por caminhos interessantes, e fazendo com que sua presença seja uma das únicas razões que fazem O Sétimo Filho valer a pena, no que tange seu elenco. Outro ator que se destaca é Djimon Hounsou (Guardiões da Galáxia) como Radu, um dos integrantes do perverso grupo de Malkin.
O Sétimo Filho consegue se redimir da performance sem sal de Barnes e Vikander nos competentes aspectos de ação e visual. Todas as cenas de ação são bacanas e nos dão a imagem completa da batalha, sem cortes exagerados ou movimentos erráticos de câmera, entregando coreografias bem feitas, o que deixa cada cena de ação muito empolgante e divertida.
O mesmo vale para os efeitos especiais: desde a transformação grotesca de um humano para um dragão, monstros que possuem habilidades aterradoras, ogros capazes de destruir casas e esmagar soldados com um único golpe, tudo é muito caprichado; a beleza e a alta qualidade de efeitos especiais é notável na telona do cinema.
Tudo isso me faz lembrar que O Sétimo Filho é bem similar a um outro filme que saiu recentemente: O Destino de Júpiter. Comparo ambos porque eles apresentam falhas parecidas: o romance entre os personagens principais ao lado de uma trama rasa; mundos interessantes e cheios de vida mas nem tão bem aproveitados; personagens secundários que são bem mais interessantes que os principais; um trabalho técnico invejável em termos de ação, efeitos e trilha sonora. A única diferença real é a ambientação e o universo aprofundado nestes dois filmes, mas os seus meios e fins são extremamente similares.
Ao terminar O Sétimo Filho é fácil ver todos os pontos negativos e positivos porque eles são bem óbvios e difíceis de questionar. Temos um universo de dragões, feiticeiras e monstros espetaculares mal aproveitado por uma trama inócua, ainda que pontilhada de boas cenas de ação e alguns momentos divertidos.
O Sétimo Filho estreia em todo Brasil no dia 12 de março.