Como o SOPA e o PIPA afetariam a internet e o mercado de games
Quem está um pouco ligado no que acontece pelo mundo deve estar por dentro das polêmicas envolvendo os projetos de lei SOPA e PIPA. Basicamente, o que eles planejam fazer é acabar com a pirataria na internet. O problema é que esta boa ação pode ir muito mais longe do que parece, afetando a internet como um todo e inclusive nós, gamers.
A pirataria de games é algo tão comum aqui no Brasil que chega até ser clichê falar desse assunto. Mas, não é só deste tipo de pirataria que estamos falando. O SOPA e o PIPA (as siglas são estranhas, e significam, respectivamente, Stop Online Piracy Act e Protect IP Act) funcionariam como censores, e o que não fosse aprovado seria retirado do ar. As autoridades – e os detentores dos direitos autorais – teriam total autonomia para tirar um site do ar e prender tanto quem o criou quanto quem o utiliza.
O caso mais bombástico aconteceu ontem, com a queda do Megaupload. Um dos maiores sites de armazenamento e compartilhamento de arquivos foi tirado do ar, e seu criador, Kim Dotcom, foi preso. Com isso, tudo o que havia hosepedado no Megaupload foi para o limbo virtual.
Ok, é fato que a esmagadora maioria das pessoas utiliza o Megaupload para baixar conteúdos ilegalmente – atividade vulgarmente conhecida como pirataria. Mas existe uma pequena parcela de pessoas que poderia, por exemplo, utilizar o espaço do site para manter arquivos importantes salvos na nuvem, um mero hard disk virtual isento de maldade. Como ficam estas pessoas?
Embora as autoridades juram que foi uma coincidência, a queda do Megaupload serviu como um aviso: pense em quantas centenas de milhões de sites da internet hospedam links de conteúdo que – de acordo com o SOPA – poderia ser considerado ilegal? Já pensou se todos estes sites caíssem?
Não estamos nem falando da pirataria propriamente dita, mas do compartilhamento de informações. Pegue o blog da Arkade, por exemplo. Não anunciamos nem apoiamos a pirataria aqui, mas recentemente deixamos um link de um site para download – coincidentemente, o próprio Megaupload – naquele post sobre o GPS com a voz da GlaDOS.
Era um link inofensivo, mas se o SOPA entrasse em vigor, isto poderia ser motivo mais do que suficiente para sairmos do ar, pois estaríamos divulgando um link onde alguém violou os direitos da Valve (ou das empresas de GPS, vai saber) e criou uma modificação ilegal, hospedada em um site de compartilhamentos ilegal.
Um simples vídeo no Youtube postado por alguém que não é o detentor legal dos direitos autorais poderia acabar virando caso de polícia, e isso é algo realmente tenso. Mesmo sites “enormes” como Google , Twitter e Facebook invariavelmente nos linkam para sites com conteúdo “ilegal” do tipo. Qualquer “salvar como” viraria um crime em potencial.
Aonde entra o mercado de games, nisso? Bom, na verdade, não entra: a grande maioria das empresas de games foi contra o SOPA, outras – como a Sony, a Nintendo e a EA – começaram a favor, depois perceberam a besteira que estavam fazendo, e voltaram atrás.
Empresas de games já fazem o que podem para combater a pirataria: de coisas absurdas como a Ubisoft que obrigou jogadores a permanecerem online para que seus servidores fossem avisados de pirataria, até casos clássicos de banimentos de redes como a Xbox Live, e os casos criativos, como a Croteam e seu monstro invencível em Serious Sam 3.
Com ou sem SOPA e PIPA, a indústria bola suas próprias defesas contra os piratas, e vai continuar fazendo isso, em uma guerra eterna. Mesmo com números exorbitantes de pirataria, a indústria de games ainda é a mais rentável do ramo do entretenimento, e certamente estará sempre disposta a investir em novas formas de combater a pirataria.
Mas, deixando de lado as grandes empresas, como ficam os pequenos produtores de games independentes, de quem a rapidez da internet é uma grande aliada? Muitos games indie são disponibilizados via download em sites como o Megaupload, e é assim – por meio de downloads legais e ilegais – que alguns desenvolvedores conseguem um lugar ao sol.
O SOPA e o PIPA significariam o fim da pirataria? Provavelmente não. A pirataria no campo artístico existe desde sempre: do tempo em que alguém comprava um disco e copiava-o em uma fita cassete até as modernas técnicas de destravamento de consoles, isso é algo que vem de antes da internet.
Piratear provavelmente seria mais difícil com a aprovação destes projetos, mas mais cedo ou mais tarde alguém daria um jeito. Os sites de Torrent, o PirateBay e tantos outros sites que juntos são mais fortes que o Megaupload continuam online, firmes e fortes. Grupos como o Anonymous, quando motivados, são capazes de feitos incríveis, e eles estão na linha de frente contra estes projetos de lei.
Independente se você pirateia ou não jogos eletrônicos, músicas, filmes, ou o que quer que seja, leis como SOPA e PIPA seriam um grande retrocesso para a internet como um todo.
Felizmente, as mobilizações e protestos mundo a fora parecem ter surtido algum efeito, pois os projetos foram temporariamente engavetados. Engavetados, não abandonados de vez. Senadores dos EUA vão “revisar as maneiras de solucionar o problema da pirataria“.
E aí, o que você acha desta história toda?
(Via: Kotaku, Destructoid, G1, Gameworld)