Porquê os jogos para redes sociais (facebook) são do mal
Algo que eu já pensava há algum tempo é também a opinião de Jonathan Blow, criador do premiadíssimo jogo Braid: jogos sociais são do mal.
Semana passada foi lançado o jogo Carmen Sandiego para facebook, o que marca o retorno da clássica franquia de jogos de adventure-detetive popular nos anos 90. Eu o joguei por alguns dias para escrever um review, mas achei que não valeria a pena. O jogo é superficial, com um nível de dificuldade relativamente alto (o que 99% dos jogadores resolve utilizando o google para decifrar as pistas) e extremamente repetitivo. Fui até o level 13 e deu para perceber bem a jogada dos criadores: apesar do jogo ser grátis, você precisa de moedas para ter acesso a algumas missões, as facebook coins – algo que eu acredito ser uma grande tendência de consumo para os próximos anos – que podem ser compradas diretamente na interface do facebook e servem como moeda corrente para os aplicativos que rodam em cima da sua rede.
Eu não sou contra gastar dinheiro em games, muito pelo contrário, não há nada mais justo que recompensar os desenvolvedores que trabalham arduamente para nos proporcionar entretenimento, mas como disse o criador de Braid em entrevista para a PC gamer: “a maioria dos games para Facebook tentam sugar o jogador ao máximo, enquando oferecem pouca diversão em retorno”. Concordo com você, John, mas isto não é tudo. Ainda existe a apelação ao status que o jogo coloca, como por exemplo mostrar sua linda fazenda cheia de itens inúteis aos seus amigos, ou mostrar o quanto “mafioso” você é.
A principal ideia das empresas em criar um jogo para uma rede social é deixar o mais viral possível, ou seja, estimular jogadores a chamar mais e mais amigos para também jogar, fazendo um efeito dominó e popularizando o jogo com rapidez. Isto realmente funciona, principalmente em uma rede social com mais de 500 milhões de usuários. Me lembro de ver um perfil de um amigo no facebook que tinha quase 2 mil amigos, e quando eu perguntei de onde ele conhecia tanta gente, ele respondeu: Mafia Wars. Não tive como não o questionar: Vale a pena inserir milhares de desconhecidos em sua rede social só para ganha status em um jogo?
Em Carmen Sandiego, por exemplo, várias missões e promoções exigem que você tenha recomendações de amigos para conseguir, o que na verdade não torna o jogo socialmente divertido e estimulante, e sim uma busca por interações baseada em interesse, fazendo o jogador explorar a boa vontade e privacidade dos amigos. É muito diferente de World of Warcraft, por exemplo, onde seu amigo realmente te ajuda em uma quest e é recompensado por isto.
Para finalizar, acredito que estes jogos sociais não se classificam nem como casuais, já que o objetivo da grande maioria é, mais cedo ou mais tarde, fazer você investir em moedas virtuais que lhe trarão pouco entretenimento em retorno. A plataforma social do facebook é incrível e a API é extensa, mas falta aos desenvolvedores terem ideias mais criativas se quiserem atrair gamers de verdade, e não uma massa de zumbis que só querem clicar e compartilhar.