Dez jogos que fazem trinta anos em 2023
Há dez anos atrás, The Last of Us e muitos outros games garantiram um 2013 incrível. Em 2003, a coisa foi ainda melhor, com Zelda Wind Waker e muitos outros jogos interessantes. Mas em 1993, o que era sucesso naqueles dias? Bom, muita coisa. E muita coisa boa. Há 30 anos, Mortal Kombat se tornaria a nova febre do momento, com a chegada de seu segundo game, e Doom revolucionaria o mundo dos jogos em FPS, com um legado que dura até hoje.
Vamos, assim, relembrar dez games que marcaram o ano de 1993, época na qual as notícias de games eram acompanhadas apenas nas revistas de games, as locadoras eram o ponto de encontro por quem gostava de jogar os sucessos de Mega Drive e Super Nintendo. A expectativa com o futuro era alta, com a espera de consoles como o primeiro PlayStation, o 3DO ou o Saturn, além de ver os computadores dando passos importantes para se transformarem em plataformas ainda mais relevantes para a indústria.
Como falei das outras duas vezes, não é uma lista sobre “os dez melhores”, e sim um convite para conversarmos sobre dez games que marcaram aqueles dias. Por isso, fique a vontade para continuar nosso conteúdo, dizendo qual é o seu jogo preferido deste ano, ou qual é aquele jogo que traz boas lembranças pra você, quando fala dele.
Doom
Se você joga Call of Duty ou qualquer outro FPS hoje, agradeça a John Romero. O FPS já existia antes de Doom, mas foi este jogo que alavancou o gênero ao status de realmente popular. Doom tinha bom gameplay, violência brutal, todo aquele ambiente rock’n roll (e que trilha sonora!) envolvendo monstros e demônios e um protagonista brucutu que segue a tendência da época de personagens que chutam a porta, atiram primeiro e perguntam depois.
Tecnicamente falando, o design de fases também é excelente, com objetivos em labirintos que fazem muita gente passar horas e horas, e isso acontece até hoje. Afinal, o game original é jogado até hoje, incluindo a “eterna disputa” que envolve fazer o game rodar em tudo quanto é lugar, o que inclui teste de gravidez, calculadora energizada por batatas ou uma câmera digital dos anos 90.
Sonic CD
Durante a “guerra fria” travada dentro da própria SEGA, entre as divisões do Japão e dos EUA, dois jogos Sonic foram lançados, com visões diferentes. A SEGA dos EUA venceu a queda de braço e lançou o Sonic 2 para Mega Drive, mas a SEGA do Japão não deu o braço a torcer e desenvolveu a sua ideia de sequência para o personagem, mas para o SEGA CD. E, como tinha o CD como mídia, algumas coisas a mais puderam ser incorporadas.
O CD permitiu, logo de cara, uma incrível abertura animada, coisa impossível na era 16-bits de cartuchos. Isso já impressionava. Mas o game também tinha uma trilha sonora instrumental animal. E o melhor: uma não, mas duas, já que a versão do Japão e a versão dos EUA contam com trilhas sonoras próprias, ambas excepcionais. Soma-se a isso o conceito de viagem no tempo, que permitia que o jogador explorasse a mesma fase, em eras diferentes, podendo influenciar no futuro, alterando o passado. Ainda é um game Sonic com suas mecânicas originais, mas com ideias muito à frente de seu tempo.
NBA Jam
Boomshakalaka. Jogar basquete nos games já era divertido antes de NBA Jam, mas foi este o game que elevou para a enésima potência a diversão do esporte. E o motivo era simples: o game ignorou tudo o que era regra no esporte, permitindo assim a diversão extrema, com muita ação exagerada. As enterradas, inclusive, eram sempre extremamente exageradas e impressionantes, além das icônicas bolas de fogo, acessíveis ao se fazer três cestas seguidas, funcionando como uma espécie de especial.
O game era divertido e bem feito, com seu gameplay em duplas, e estilo que lembra mais o basquete de rua do que o basquete profissional da NBA. Agradou tanto que os próprios jogadores daquela época adoraram o game, e conseguiram convencer a NBA, que no início estava um tanto desconfiada em licenciar sua marca para um jogo que não tivesse uma proposta mais “normal”, a apostar em um jogo que se tornou atemporal.
Aladdin
O sucesso Disney de 1992 recebeu não apenas um, mas vários bons games no ano de 1993. É um caso curioso de um jogo que recebeu licença para vários games, e todos eles funcionaram bem. Seja para PC, Mega Drive, Super Nintendo, Game Boy ou Master System/Game Gear, as aventuras do herói árabe não fizeram feio, mesmo com jogos tão diferentes entre si. Cada console tem uma versão própria do game, todas inspiradas na história apresentada nos cinemas.
A Capcom manteve a sua qualidade Disney no Super Nintendo, enquanto a Virgin fez um trabalho competente no Mega Drive e DOS. A versão da SEGA para Master System e Game Gear, também diferente, também agradou, sendo um dos jogos mais bonitos para o console, além de outras versões, sempre elogiadas. Até a versão não oficial do game, lançada para o NES, é bem feita. Deve ser coisa do Gênio, só pode.
Falei de todos os games de Aladdin aqui.
Mega Man X
Mega Man precisava de uma novidade em meados dos anos 90, para se manter relevante, após tantos jogos de sucesso para o NES. A solução encontrada pela Capcom foi uma “sequência”, mas não muito direta. X, na verdade, simbolizava a evolução de geração, aqui representada por um século de diferença entre a série original e a nova. O gameplay essencial é o mesmo, porém a série deu uma amadurecida em seu enredo, personagens e contextos.
A nova aventura de um novo Mega Man, com a mesma estrutura de gameplay, incluindo o jeito de se enfrentar chefes, mas somada com um foco maior na narrativa, agradou demais, gerando uma nova série dentro do universo Mega Man, rendendo ao robô azul ainda mais prestígio pelos próximos anos.
Super Street Fighter II – The New Challengers
Em 1993, Street Fighter precisava dar uma grande resposta para Mortal Kombat, que havia roubado a coroa de “fenômeno” dos games. A solução da Capcom, que já atualizava o game original de 1991, foi dar uma grande repaginada no game, enquanto projetos futuros seguiam em desenvolvimento. Assim, Street Fighter II se tornou Super, com novos personagens e novas mecânicas.
Cammy, Dee Jay, Fei Long e Thunder Hawk eram os novos World Warriors, trazendo com eles novos golpes e novas maneiras de se jogar. O gameplay também teve pequenas novidades, como o sistema de primeiro ataque, o reversal e o recovery. Eram portas abertas para seguir evoluindo o conceito, que seria melhorado na versão Turbo que introduziu especiais e, pela primeira vez na série, Akuma. É mais um “upgrade” de Street Fighter II, mas teve a sua importância, e o seu impacto.
Cadillacs and Dinosaurs
O Beat ‘em Up mais querido pela maioria esmagadora do fã de videogame completa trinta anos em 2023. Inspirados nos quadrinhos que envolvem justamente Cadillacs e dinossauros, o game representa, para muita gente, o auge da Capcom no gênero, que já tinha um bom passado com Final Fight e Captain Commando. Além da competente jogatina, o jogo também oferecia armas que podiam ser utilizadas eventualmente, além da possibilidade de dirigir o Cadillac em uma fase que conta como bônus.
O game seguiu cultuado, mesmo sem nunca ter saído dos arcades e ganhado ports. É tão querido pelos jogadores, que no ano passado o game chegou a ganhar um port de fã para o Mega Drive. É o primeiro port do game, em suas três décadas de história.
Zelda: Link’s Awakening
Zelda é uma série tão boa, que não interessa onde o jogo é lançado: sempre terá muita qualidade e será marcante. Tanto que, na nossa matéria de jogos de dez anos e vinte anos, tem um Zelda no meio. Desta vez, o jogo em questão foi a versão lançada para Game Boy, que é, para mim, uma das três melhores, junto de Majora’s Mask e Wind Waker. Esta aventura é bem diferente, e não apenas por ter sido lançada em um portátil.
O mundo era outro, os desafios também, e ainda existia partes do gameplay em formato lateral, assim como jogos Super Mario. Foi um game tão importante, que quando o Game Boy ganhou cores, ele ganhou uma nova versão, com dungeons que usavam os novos recursos coloridos. E ainda rendeu um remake, em 2019.
Day of the Tentacle
Em 1993, a Lucas Arts já era consolidada e seus clássicos chegavam com boa frequência. Neste ano, foi a vez de Day of the Tentacle. O Maniac Mansion 2 foi o oitavo jogo a usar o lendário SCUMM, o que mostra que o estúdio já estava bem desenvolvido na época. Dave Grossman e Tim Schafer avançaram cinco anos a história do primeiro Maniac Mansion, trazendo Bernard Bernoulli como protagonista, em nova aventura na mansão.
É mais um clássico de um estúdio que só lançou coisa boa em seus dias de glória, e que manteve uma base de fãs fiéis o suficiente para manter o gênero vivo, mesmo em dias os quais os jogos de apontar e clicar estavam meio que “desaparecidos”, antes dos remakes e remasters atuais, além de novas ideias que deram nova vida ao gênero atualmente.
Mortal Kombat II
Street Fighter se tornou um fenômeno cultural em 1991, mas viu Mortal Kombat roubar a sua coroa no ano seguinte. Em 1993, no entanto, enquanto Street Fighter resolveu atualizar mais uma vez o seu game, Ed Boon e John Tobias resolveram evoluir o Kombate Mortal, lançando um novo game que rapidamente se tornou um fenômeno maior do que o primeiro jogo. Tudo do primeiro jogo foi melhorado, incluindo a violência.
O game tinha mais sangue, mais violência, os Fatalities eram mais brutais, porém o Friendship e o Babality também surgiram por aqui, talvez como “respostas” às acusações históricas e polêmicas que o game recebeu naqueles dias, já que Mortal Kombat foi um dos “motivos” da criação da ERSB, que classifica a idade dos jogos até hoje.
Mortal Kombat II é considerado por muito fã como o melhor da série, ao menos se o assunto for sobre os jogos mais antigos. Pois além do gameplay e as “koisas” comuns do game, a ambientação era mais sombria, assim como a sua trilha sonora, levando de forma muito adequada e competente a ideia de um torneio mortal em Outworld.