Gamescom Latam 2024: A primeira edição desse evento de peso, porém tímido, aqui no Brasil
A Gamescom é provavelmente o maior evento sobre games da atualidade, além de possuir uma força verdadeiramente grande no mundo inteiro. Enquanto a E3 sofreu com os anos da pandemia e hoje já não existe mais, após perder sua própria identidade e incorporar cada vez mais o lado do marketing e cada vez menos o lado da indústria de games, a Gamescom manteve sua consistência durante todo esse período, e agora cresceu para atingir novas terras, chegando aqui na América Latina na forma da Gamescom Latam.
Nós aqui da Arkade pudemos cobrir o evento, ver suas novidades e tudo o que foi oferecido, e queremos conversar um pouco sobre como foi o “balanço” dessa primeira edição da Gamescom Latam, que apesar de ter sido tímida, chegou já fazendo a lição de casa e encerrando deixando uma perspectiva de grandes coisas para vir no futuro. Então, vamos lá!
A base do BIG Festival e a Expansão com a Gamescom
A Gamescom Latam não foi construída do zero. Ela fez uma coisa muito inteligente, unindo dois eventos em um e entregando uma experiência bem diferente do que o público brasileiro está acostumado, unindo o BIG Festival, evento brasileiro focado na indústria independente, com o nome, as marcas e o peso da Gamescom.
Assim, ao andar pela feita, podíamos ver muitas coisas diferentes que iam muito além de estandes gigantescos de grandes nomes da indústria. O foco aqui não era participar para ir conferir o estante da Playstation ou Xbox (que sequer participaram da BGS 2023, e sabe-se lá se voltam em outubro), mas sim em poder ver um pouquinho de casa coisa, conferir diversas palestras, partidas de esports e conteúdos em diferentes palcos espalhados por todo o evento e, principalmente, conferir muita coisa boa os estúdios independentes estão produzindo para o futuro.
Praticamente todos os estandes grandes possuíam pelo menos um game independente para ser conferido, e haviam três espaços principais para os jogadores poderem testar criações desses estúdios: A Área Indie, um espaço pequeno e escondido no fundo do cento de convenções da São Paulo Expo, mas contando com games muito legais, como o divertido Bloodless, que falamos sobre ontem.
Havia também uma área enorme chamada Panorama Brasil que exibia somente games independentes criados por brasileiros, com seus desenvolvedores apresentando suas criações para os visitantes, que podiam testar seus games e bater um papo. E por fim, os visitantes podiam conferir o espaço do BIG Festival, a maior área de todo o evento, com exceção dos palcos, que apresentava dezenas de games independentes participantes da votação de melhor game da Gamescom Latam. Os jogadores podiam jogar diversas demos de games indies do mundo inteiro, quantas vezes quisessem e então votar em qual foi o seu preferido.
Até mesmo a própria Nintendo, a única dos três gigantes dos consoles a comparecer ao evento (e que tem surpreendido bastante ao se aproximar mais e mais do Brasil), trouxe um espaço em seu estande dedicado a apresentar games independentes produzidos na América Latina. E esse espaço ganhou muita atenção do público!
Pessoalmente, a melhor parte da Gamescom Latam, e uma que torço muito para que se mantenha no mesmo nível, senão maior, para os próximos anos, é o destaque dado para games e estúdios independentes. Isso foi genuinamente muito legal!
Em contrapartida, a edição deste ano não trouxe nenhuma demo de um game ainda não lançado mega hypado, o que, se me permite a franqueza, não foi um ponto negativo, por dois motivos: O primeiro é a indústria de games vive um momento tão precário que a própria comunicação dela com o público está severamente prejudicada. Ou seja, infelizmente é de se esperar que não vejamos (não apenas aqui, mas até lá fora) muita exclusividade em feiras. Por outro lado, apesar da Gamescom original trazer muitos anúncios e demos de games não lançados, sua proposta é diferente de eventos como a finada E3 (levando em consideração seus últimos anos) e a própria BGS. O foco, pelo menos em minha impressão, foi nos games em si ao invés dos estandes. Mas, a presença de grandes estandes e demos de games hypados faz sim falta.
Digo isso pois, mesmo com uma quantidade enorme de público lá dentro, especialmente durante o final de semana, não era difícil de conferir tudo o que havia lá. Obviamente as filas quilométricas para jogar demos estavam lá, principalmente no estande da Nintendo, mas empresas como a Sega, Square Enix, Bandai Namco e até a Xbox trouxeram não estandes, mas algumas estações com seus games em uma área livre, em que qualquer um podia simplesmente chegar e jogar, o que surpreendentemente gerava pouca fila!
É claro que o lado “entretenimento” dos grandes eventos é algo que o público gosta e quer ver. Mas a Gamescom Latam, em sua primeira edição, mostrou que o “entretenimento” era o complemento, quem visitou a feira podia entrar lá e interagir com bastante liberdade com tudo o que estava lá. E o mais lega de tudo, em minha opinião, e puxando novamente a conversa para os indies, foi ver como o evento conseguiu fazer a conexão entre público e desenvolvedores.
Não só games, mas também bussiness e até mesmo board games!
A Gamescom Latam trouxe espaços dedicados a conteúdos além de estações de games e apresentação de trailers. Uma das maiores áreas do evento era o espaço business, em que companhias, desenvolvedores e imprensa podiam entrar, sentar numa mesa e conversa, criando novas conexões e conhecendo de forma mais pessoal o trabalho de exibidores e convidados.
Entidades como o governo da cidade de São Paulo, Sebrae, AWS e até mesmo a galera que criou a engine Godot estavam lá para apresentar programas e tecnologias e como elas podem ser integradas a games.
E um espaço muito legal era a área dos Board Games, em que a galera podia entrar e jogar diversos games de tabuleiro disponíveis, incluindo as versões de tabuleiro dos games Apex Legends e Slay the Spire! Essa era uma área que, toda vez que eu passava por ela, estava sempre bem cheia!
Um evento tímido, mas com enorme potencial para o futuro
A Gamescom Latam 2024 foi um evento bastante tímido. Como mencionado, em termos de grandes estandes e presença de games bastante hypados, essa primeira edição foi bem “econômica”. A impressão que fica é que esse foi apenas um teste para os próximos anos, em que veremos, quem sabe, um evento a parte da edição europeia e asiática.
Era possível ver tudo o que o evento trouxe em apenas poucas horas. Se você quisesse jogar algum game específico, como por exemplo os do estande da Nintendo, você iria passar um bom tempo em fila, mas para conferir todo o resto era bem tranquilo.
A união com o BIG Festival foi uma estratégia bem interessante, que pode se tornar ainda maior nos próximos anos. E como já disse, que mantenham todo o destaque para os indies, pois isso realmente valoriza muito o trabalho dessa galera, principalmente de desenvolvedores brasileiros.
Mas ainda assim, a falta de grandes nomes na feira pode ser sentida. E mesmo entre as grandes marcas presentes, como Nintendo, Epic Games, Ubisoft, Sega, Square Enix, Bandai Namco, havia um pouco de “timidez” no que trouxeram. Novamente, por um lado, acho a estrutura bem interessante, com foco nos games em si ao invés do “entretenimento de estandes”. Mas ficou faltando o peso que o nome Gamescom tem, em trazer conteúdos realmente impactantes, não somente em termos de anúncios, trailers e demos, mais para se estabelecer aqui no Brasil como aquilo que já é: Um dos eventos de games mais importantes do mundo.
Com tudo isso, finalizo com a seguinte frase: Seja bem-vinda ao Brasil Gamescom! Por favos, não fique tímida e sinta-se em casa!