Já assistimos Planeta dos Macacos: A Origem. Confira nossa resenha
Quem é fã de um bom filme de ficção científica tem praticamente a obrigação de conhecer a obra Planeta dos Macacos. O filme original de 1968 dirigido por Franklin J. Schaffner é excelente, já o remake de 2001 filmado por Tim Burton viaja um pouco, mas tem seus méritos. E este Planeta dos Macacos: A Origem não é exatamente um prelúdio para nenhum dos filmes anteriores, mas nos mostra a triste história de Caesar (lê-se César), o chimpanzé superinteligente que iniciou a revolução dos símios.
Eu digo que ele não é exatamente um prelúdio porque ele não deixa necessariamente um gancho para o início do filme original. Neste filme não vemos de fato o início da guerra entre humanos e macacos. Vemos apenas o que levou o primeiro macaco superinteligente a se revoltar com a espécie humana. E depois de assistir ao filme, é difícil não se solidarizar com Caesar.
A trama acompanha os experimentos do jovem cientista Will (James Franco, antigo Harry Osborn na trilogia do Homem-Aranha, indicado ao Oscar pelo excelente 127 Horas) em busca de uma cura para o Mal de Ahlzeimer, a famigerada doença degenerativa que afeta o cérebro. Após anos de pesquisa, Will desenvolve uma droga que reconstitui neurônios afetados pela doença.
Logicamente, a droga é testada primeiro em pobres chimpanzés, visto que não se sabe (ainda) o efeito dela em seres humanos. Os símios que recebem a medicação apresentam um significativo aumento de inteligência, e o ápice desta evolução é Caesar, filhote de uma das cobaias que parece ter absorvido a droga enquanto estava na barriga de sua mãe.
Após um grave acidente em seu laboratório, Will se vê obrigado a levar o pequeno Caesar para sua casa. Seu pai (John Lithgow), que sofre de Ahlzeimer, se apega ao macaquinho, e enquanto os anos passam, Will ensina diversas coisas para o macaco, que tem uma inteligência muito superior à de sua raça.
O ambiente familiar no qual é criado torna Caesar extremamente civilizado, mas nem sempre ele é capaz de controlar seu instinto de liberdade e seu lado animal. Em um destes momentos, Caesar acaba ferindo um vizinho, e com isso ele precisa deixar sua casa e ir para um abrigo de animais. E são os maus tratos sofridos ali, aliados à mágoa de ser deixado por seu dono, que moldam o caráter de Caesar para que ele se rebele.
Mas, vamos com calma. Este “se rebelar” não é nem de longe iniciar uma guerra contra os humanos. Tudo o que Caesar quer é sair daquele abrigo. E, após acompanharmos o drama do pobre macaco, sua atitude é completamente plausível. Até mesmo o mais racional dos seres se vê obrigado a tomar medidas extremas quando a própria vida está em risco.
Falamos em drama ali em cima, e este é um elemento muito forte no filme: se esquecermos por um momento a ficção científica, este Planeta dos Macacos: A Origem é um drama, e dos bons. O crescimento de Caesar, sua relação com seus donos, as tentativas desesperadas de Will curar seu pai, e principalmente, o sofrimento de Caesar no cativeiro, tudo é muito dramático.
Isso não quer dizer que o filme é parado. O roteiro é muito bem amarrado, e tudo acontece no tempo certo, sem parecer atropelado. Quando vemos tudo o que Caesar passou, é impossível não torcer por ele, que é um chimpanzé (digital) muito expressivo. Aliás, este é um ponto positivo do filme: todos os macacos que aparecem na tela são produzidos em computação gráfica, mas a qualidade dos efeitos é tão boa que é bem fácil esquecer disso.
A captura de movimentos de Caesar foi feita em cima da interpretação de Andy Serkis (foto acima), ator que já emprestou seus movimentos para outro macaco muito importante: King Kong, no filme dirigido por Peter Jackson. Serkis também interpretou Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis e se aventurou no mundo dos games como Monkey, no game Enslaved: Odyssey to the West.
Utilizando sua inteligência privilegiada (de formas um tanto exageradas, mas ei, estamos falando de uma ficção científica), Caesar consegue não apenas se libertar, como também lidera um enorme grupo de macacos de variadas espécies. “Recrutando” um exército no zoológico, Caesar e seu bando peitam as autoridades humanas no meio da famosa ponte Golden Gate, em uma sequência de tirar o fôlego.
Após o clímax, fica evidente que esta primeira geração de macacos superdotados não quer guerrear. Caesar sequer quer matar os humanos. Tudo o que ele quer é liberdade, longe de jaulas e tratadores cruéis. E, embora não seja este o lugar para a discussão, é fato que este filme vai reascender o debate sobre a utilização de animais em experimentos científicos.
Em resumo, Planeta dos Macacos: A Origem é um ótimo filme, que consegue balancear drama e ficção científica de maneira exemplar. Com uma boa trama e um andamento bem dinâmico, o filme é uma excelente pedida para o final de semana. E se você assistiu ao original de 1968 e tem boa memória, vai se divertir encontrando muitas referências ao clássico!
http://youtu.be/SSAV7kzHVj8
Planeta dos Macacos: A Origem estreia amanhã, dia 26 de agosto, em todo o Brasil.