Jogador pede reembolso no Steam por “ofensa religiosa” de Bioshock Infinite
Não pela violência, nem pelo racismo: depois de comprar Bioshock Infinite, o jogador Breen Malmberg exigiu seu dinheiro de volta por causa de uma cena que teria desrespeitado sua religião. Atenção: contém spoilers menores!
Quem jogou o recente sucesso da Irrational Games ou leu sua análise já sabe: o game trata de temas bem cabeludos. A cidade flutuante de Columbia pode parecer o paraíso, mas o que ela tem de bela ela tem de violenta, enigmática e sinistra, e deixa isso claro em vários momentos.
Uma destas cenas em particular fez o jogador Breen Malmberg cair da cadeira e o deixou revoltado ao ponto de escrever uma carta pedindo o reembolso total da grana que pagou pelo game.
O trecho em questão acontece logo no início do game. Ao chegar em Columbia, o protagonista Booker DeWitt é obrigado a passar por um ritual de batismo para entrar na cidade.
É uma cena marcante e cheia de simbolismo, mas também muito rica artisticamente: ela se desenrola em um templo cuidadosamente desenhado e iluminado, com várias estátuas e vitrais de anjos e santos e um belo canto entoado por um coral que compõem um cenário de tirar o fôlego.
Mas nada disso “iludiu” o bom cristão Malmberg, não senhor. Em um trecho da carta ao Steam, ele afirmou:
“Como o batismo no Espírito Santo está no centro do Cristianismo – do qual eu sou um devoto fiel – eu acabei tendo que escolher entre cometer uma extrema blasfêmia ou sair do jogo.”
O jogador lembra que essa cena em particular não foi mostrada nos trailers, e que o suposto desrespeito ao sacramento do batismo o impediu de jogar o game que tinha comprado:
“Eu usarei o exemplo de que se você fosse muçulmano, seria como forçar uma opção do tipo “aperte X para cuspir na face de Alá” e progredir no jogo, sem te dar nenhuma chance ou atalho para prosseguir sem fazer isso.”
Pois é…
Bioshock Infinite vai do sublime ao grotesco num estalo de dedos, verdade, mas este é justamente um dos seus pontos fortes. Não estamos falando de polêmica barata, tudo acontece em favor da narrativa e no final das contas o enredo vai muito, mas muito além dessas questões mundanas.
E com essa temática tão forte, já era de se esperar que o game causasse reações acaloradas e deixasse muita gente de cabeça quente.
Durante a produção, um dos próprios desenvolvedores do jogo chegou a escrever uma carta de demissão devido ao conteúdo “extremamente ofensivo” ligado à religião. A Valve, por sua vez, não se pronunciou sobre o reembolso que Malmberg declarou ter recebido pelo Steam.
De todo modo, fica a contradição: Por que, pelas barbas do profeta, um católico tão fervoroso comprou um jogo que explora abertamente a matança aos seus semelhantes? Isso estava bem claro nos trailers…
É muito fácil criticar a religião hoje em dia – em parte graças ao seu passado nada inocente e aos feitos infelizes de alguns caras que dizem representá-la. É fácil criticar muita coisa hoje em dia, do mesmo jeito que é fácil buscar a fé em “algo mais” quando a coisa aperta.
Então, antes de amaldiçoar o game ou crucificar o jogador, nós te perguntamos: será que o cara exagerou e foi hipócrita ou simplesmente tentou defender sua crença? Ou seriam ambos os casos: ele foi hipócrita e exagerado ao tentar defender sua crença? E aí? Krishna, Buda, Jesus ou Alá?