O N-Gage, a investida da Nokia no mundo dos games, completou 20 anos de vida
20 anos atrás, em 2003, revistas de videogame estampavam um novo “celular-gamer”, antes mesmo deste termo se tornar mais popular. Era o N-Gage, cujo nome era um trocadilho com o N da Nokia, com o Gage da palavra “engajar”, ou “engage”, em inglês. Em duas décadas já distantes, mas que parece ter sido ontem, jogatina portátil era apenas via console portátil, sendo o Game Boy Advance da Nintendo a referência no assunto.
Por isso, a ideia de um celular (considerando o que era celular naquela época) que rodava jogos com um hardware poderoso, acessava a Internet e permitia realizar telefonemas e enviar SMS realmente chamou atenção. Mas só atenção, já que apesar de poderoso para época, o N-Gage nunca foi um sucesso em vendas, o que justificaria a sua existência por mais do que os três anos que tentou emplacar.
Quando chegou, o “celular-gamer” chegou com status de bater de frente com a Nintendo, que já era dominante no setor. O portátil tinha boas configurações, Internet e bons parceiros, que renderam jogos como Call of Duty, Sonic, Tomb Raider e Splinter Cell em sua biblioteca. Ou seja: ela tinha o que as outras candidatas a desbancar a Nintendo não conseguiram.
Mas o portátil nunca foi um sucesso de vendas. Vendeu apenas três milhões de unidades (o GBA e o PSP venderam, cada um, cerca de 80 milhões de unidades), com muita gente considerando os seus problemas mais do que suas qualidades. O maior problema, que inclusive foi um dos primeiros memes de uma crescente Internet, era o seu design esquisito, que fazia com que ele tivesse de ser virado de lado para falar com as pessoas, além do fato de ter que desmontar o celular, tirando tampa e bateria, para poder trocar o jogo.
A Nokia corrigiu alguns desses problemas com o N-Gage QD revisado em 2004, mas mesmo esse modelo tinha suas desvantagens; perdeu a reprodução de arquivos MP3 e não incluía um rádio FM.
Ao não conseguir superar a Nintendo, a Nokia descontinuou o N-Gage em 2006, redirecionando o foco para seus telefones Series 60, que “evoluíram” para o ‘N-Gage 2.0’, agora uma plataforma de jogos. O que foi seguindo em uma queda livre para a companhia finlandesa. A Nokia, na época do N-Gage, era o maior nome quando o assunto era celular, mas a partir do final dos anos 2000, esta liderança foi diminuindo.
O tempo foi passando, e a então líder viu iPhones e Androids tomarem seu lugar, enquanto ela errou mais uma vez, tentando com a Microsoft emplacar o Windows Phone, que tinha integração com o Xbox, mas que era bem mais limitado do que seus concorrentes, em seu sistema operacional e suporte de aplicativos. Assim, a Nokia foi adquirida, com seu negócio de telefonia, pela Microsoft em 2014.
E, apesar de tudo, a marca existe até hoje, com a sua marca estampando aparelhos, agora com Android, junto com um licenciamento da HMD Global. A Nokia, inclusive, continua comercializando, além de aparelhos e tablets atuais, os seus clássicos celulares, como o Nokia 110.