O que aconteceria se Street Fighter 2 nunca tivesse existido?
Considerado uma das maiores revoluções culturais dos nossos tempos, Street Fighter II foi de forte impacto desde que chegou, em 1991. Mais do que um game de sucesso, o game de luta fez Ryu, Ken, Chun Li e tantos outros personagens estamparem tudo o que fosse possível na época, indo de camisetas ao cinema.
Como sabemos, o Street Fighter original, de 1987, não é sinônimo de sucesso, sendo, inclusive, “escondido” pela Capcom por vários anos, até estrelar novas coletâneas. O que poderia ter feito a Capcom, ao invés de investir e apostar em uma sequência, simplesmente desistir do projeto, focando seus esforços nas séries que já existem e em projetos futuros, que teriam maior retorno.
Nossa série “O que aconteceria se” busca imaginar cenários alternativos para o mundo dos games. Como um “multiverso”, buscamos imaginar como seria o mundo dos games que conhecemos, caso algo diferente do que foi registrado na história tivesse acontecido. Falamos, mês passado, em como seria um mundo sem Playstation, e desta vez, vamos imaginar juntos em um mundo sem Ryu, Ken, ou Akuma.
Domínio da SNK?
Vamos considerar que Street Fighter II não inventou o gênero. Mas o expandiu para o conceito que temos até hoje. Ou seja, os fighting games continuariam existindo, talvez até com a própria Capcom arriscando entrar no mercado mais tarde, porém não como influenciadora, e sim como influenciada.
Um ponto interessante para mencionar aqui é que Takashi Nishiyama e Hiroshi Matsumoto, que trabalharam no primeiro Street Fighter, logo se mudaram para a SNK, e participaram de games como Fatal Fury e Art of Fighting. Agora vamos pensar um pouco: se com Street Fighter II tais games foram um tremendo sucesso, imagina em um mundo sem World Warriors, o que a SNK conseguiria?
A SNK, diferente da Capcom, direcionava a grande parte de seus esforços para games de luta, conforme vimos nos arcades e Neo Geos dos anos 90. Então poderíamos imaginar que, com mais sucesso, maior ainda seria o alcance dos games da SNK entre os gamers, e, quem sabe, a companhia japonesa teria melhor sorte com seu videogame e seu futuro?
E a violência nos jogos? E a ERSB?
O efeito cascata é algo bem legal para se observar. Por causa do sucesso de Street Fighter II, outras empresas buscaram investir nos games de luta. E, entre eles, a Midway que contou com os até então desconhecidos Ed Boon e John Tobias para produzirem seu próprio jogo. O resto já sabemos: Mortal Kombat foi sucesso, mas também, polêmica.
Muito provavelmente, a dupla Boon e Tobias fariam sim algum game, mas não necessariamente de luta. Inspirados pelo formato de jogo de Pit Fighter, e buscando carona nos beat ‘em ups, o game poderia ser um side scrolling bem interessante (não como aquela atrocidade do Sub-Zero que existiu), divertido, mas que não teria o mesmo impacto do kombate mortal que conhecemos.
E não ter o mesmo impacto significa nunca ter chegado aos olhos de pais conservadores, que ficariam “horrorizados” com o que viram e pressionariam o congresso dos EUA para que atitudes fossem tomadas. O resultado disso? Não haveria “show” no Congresso dos EUA, e nem a ERSB. Jogos violentos seguiriam existindo, mas ao menos, naqueles tempos, seriam tratados como “jogos alternativos”, sem grande impacto.
Mas, naturalmente, assim como acontece hoje, os jogos evoluiriam e surgiria a necessidade de classificar os games, mas, sem a gigantesca pressão do governo, o mundo dos games se uniria ao cinema para padronizarem as idades indicativas para seus conteúdos.
De qualquer forma, teríamos um segundo Street Fighter 2
Vamos lembrar que nem só de Street Fighter a Capcom vive, o que vale também para aquela época. Talvez alguns milhões de dólares não entrariam no cofre da companhia japonesa, mas ela seguiria normalmente com sua agenda de lançamentos. No mesmo ano de 1991, a empresa lançou Captain Commando, Mega Man 4, Knights of the Round e Super Ghouls ‘n Ghosts, entre outros games.
O que nos faz pensar que, apesar de perder o trem milionário com seus World Warriors, a companhia seguiria tranquilamente como uma das grandes naqueles dias, e talvez, investindo “atrasada” no universo dos jogos de luta. A companhia, observando o “sucesso da SNK” com “The King of Fighters ’93” resolveria contratar uma equipe especial para desenvolver, enfim, uma sequência daquele jogo “esquecido” dos anos 80.
Assim, em 1994, três anos após a chegada de Fatal Fury, a Capcom enfim lançaria, nos fliperamas de todo o mundo, Street Fighter II. Que chegaria com os campeões de todo o mundo disponíveis para o combate, mas em combates de trios, com times especiais sendo formados, como o “Time dos Heróis”, formados por Ryu, Ken e Chun Li, para lutarem contra o tirano Vega, que não teria seu nome mudado, uma vez que em 1994, Mike Tyson não era mais o centro das atenções (ou até era, mas por motivos que não eram o boxe), o que não justificaria a inversão de nomes.
De qualquer forma, Street Fighter II faria sucesso, mas sempre observado como o game que “surfou na onda da SNK”. Teria novidades até os dias de hoje, com uma gama maior de personagens, que poderiam se estender a “participações especiais” de outros personagens da casa, como Mega Man, Dante, Jill Valentine ou Cody.
E no seu multiverso, o que aconteceria?
Agora é hora de te ouvir. O que você acha que aconteceria em um mundo que não existisse Street Fighter II? Haveria outro game para causar revolução semelhante? Ou os games de luta jamais teriam o sucesso que tiveram? Deixe aqui o que você pensa a respeito disso.