OMS oficializa o “vício por video games” como doença na CID-11

28 de maio de 2019

OMS oficializa o "vício por video games" como doença na CID-11

Organização Mundial da Saúde oficializou o “distúrbio de video games” (ou vício, falando popularmente) como doença na mais recente Classificação Internacional de Doenças, a CID-11. OMS já vinha falando sobre essa classificação desde o ano passado, e agora oficializou a classificação, que entra em vigor em 1º de janeiro de 2022.

OMS considera como distúrbio relacionado a video games quando um indivíduo apresenta as três características listadas a seguir:

  1. A pessoa deve apresentar falta de controle sobre seu tempo jogando video games, seja em aumento de frequência ou incapacidade de parar.
  2. Video Games devem ser prioridade no dia-a-dia de uma pessoa, causando efeitos negativos em suas outras atividades diárias.
  3. O vício deve ainda ser presente apesar de consequências negativas na vida de uma pessoa.

A organização descreve na página sobre essa nova doença que a decisão de incluir o vício em video games na CID-11 veio através da avaliação de “evidências disponíveis” e do “consenso de experts de diferentes disciplinas e regiões geográficas”, mas sem entrar em detalhes que evidências são essas e quem são esses experts. Algo que a indústria dos video games tem destacado ao se posicionar contra essa decisão da OMS, por ignorar diversos estudos que provam que não há relação ou culpa por parte dos video games com os problemas citados (não que os problemas não existam, mas que a culpa não é dos video games).

Assim como ano passado, várias Associações da indústria dos video games se posicionaram contra essa decisão da OMS, lançando uma declaração contra a classificação e revelando preocupação (Para ler a declaração completa, em inglês, CLIQUE AQUI):

“Há debates significativos entre médicos e profissionais sobre a decisão de hoje da OMS. Estamos preocupados que eles chegaram a sua conclusão sem o consenso da comunidade acadêmica. As consequências da ação de hoje podem ser de longo alcance, não intencionais, e para o detrimento daqueles que precisam de ajuda genuína.”

“Nós encorajamos e apoiamos uma jogatina saudável ao promover informações e ferramentas, como controles parentais, que capacitam bilhões de pessoas ao redor do mundo a gerenciar suas jogatinas para garantir que elas continuem agradáveis e enriquecedoras. Assim como todas as coisas boas da vida, moderação é a chave e encontrar a balança ideal é uma parte essencial para jogatinas seguras e sensatas.”

Falando em moderação, esse é um assunto que precisa ser extensamente debatido, pois segundo a OMS o tempo mínimo de jogatina que já pode ser considerado distúrbio é o de 20 horas semanais, o que dá menos de 3 horas diárias. E sejamos honestos, isso é pouco, muito pouco. Eu, como editor aqui da Arkade, muitas vezes jogo muito mais do que isso. Não forçadamente, que fique claro, mas aproveitando o meu tempo livre e me divertindo e trabalhando com algo que genuinamente gosto, sem que isso afete o meu dia a dia.

Como realmente será tratada a “doença” do vício em video games no futuro, ainda não sabemos, mas é inegável que atualmente há muito mais estudos que comprovam que video games não possuem relação com traços negativos de personalidade, como violência. Mesmo assim, a decisão da OMS parece não ser baseada num largo estudo para identificar todo o problema, como a própria indústria comenta em suas declarações.

Qual é a sua opinião sobre isso a decisão da OMS, que agora é oficial? Segundo a OMS, essa nova “doença” afeta uma parcela muito pequena dos games, mas é preciso ser regulamentada para prevenir futuros casos. Você acredita que foi uma decisão acertada, ou concorda com a indústria, que foi uma decisão tomada prematuramente e sem estudos suficientes para tal?

(Via: VG24/7)

Renan do Prado

Amante de Metal Gear, platinador de Soulsborne e exímio jogador online (quando o lag não atrapalha).

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