Polêmica: produtor de games é condenado à morte no Irã
2012 começou tenso no mundo dos games. Primeiro tivemos um soldado criticando o marketing de Call of Duty. Depois, ex-montadores de Xbox 360 ameaçaram um suicídio coletivo. E agora, um produtor de games estadunidense (de família iraniana) que estava preso no Irã desde o ano passado foi sentenciado à morte, acusado de ser um espião da CIA e de manipular a opinião pública utilizando seus jogos.
O caso de Amir Mirzaei Hekmati está repercutindo em todo o mundo. Ex-fuzileiro dos Estados Unidos, Amir, que trabalhou como designer de games para a empresa Kuma Reality Games, estaria em visita ao Irã para visitar sua avó.
A Kuma é uma empresa que ficou famosa por criar jogos polêmicos inspirados em histórias reais. Seu Kuma\War ganhou notoriedade por trazer atualizações que recriam casos reais, como o assassinato dos filhos de Saddam Hussein e a captura do terrorista Osama Bin Laden.
Um dos capítulos deste game, “Assault on Iran“, seria o estopim desta treta toda. Nesta missão, o objetivo do jogador é se infiltrar em uma instalação nuclear iraniana para obter evidências do enriquecimento ilegal de urânio no país. Confira abaixo um trailer do game:
O mais bizarro, porém, é que, segundo a imprensa iraniana, Amir alegou que realmente é um espião da CIA e que os games da Kuma foram realmente feitos para manipular as massas.
Sabe-se lá sob quais condições, Amir confessou tudo e afirmou que “recebemos dinheiro da CIA para produzir, desenvolver e distribuir gratuitamente filmes e jogos com o objetivo de manipular a opinião pública. O objetivo da Kuma era convencer o povo do Irã e do mundo inteiro que qualquer coisa que os EUA venha a fazer em outro país é algo bom e aceitável”.
Tudo isso – e muito mais – teria sido dito no vídeo abaixo, que você provavelmente não vai entender, pois tudo é dito em árabe:
Felizmente, o site Tehran Times traduziu e transcreveu toda a confissão de Amir para o inglês. Se quiser conferir o material na íntegra, clique aqui.
Anos atrás, o CEO da Kuma, Keith Halper, admitiu que, em 2006, a empresa trabalhou em um software de treinamento linguístico encomendado e financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. A declaração respalda o interesse norte-americano na produção de games úteis à sua causa, mas não faz nenhuma ligação com a CIA.
A CIA, por sua vez, negou qualquer envolvimento com tudo isso e com Amir: “as alegações de que o Sr. Hekmati trabalha para a CIA ou foi mandado ao Irã pela CIA, são falsas. O regime iraniano tem um histórico de acusar falsamente pessoas de serem espiões, de extrair confissões forçadas e de manter inocentes americanos presos por motivos políticos”.
A família de Amir também nega a acusação. Seus parentes dizem que ele já trabalhou para as Forças Armadas dos EUA como tradutor (segundo a confissão de Amir, o exército o teria mandado pra uma universidade especial para aprimorar seus conhecimentos nos idiomas do Oriente Médio) , mas que quando foi capturado, ele estaria no Irã apenas para visitar sua avó.
Considerando que a confissão e a sentença de morte só foram oficialmente veiculadas por veículos iranianos, o governo dos EUA está investigando a veracidade das informações.
E aí, o que você acha disso tudo? Será que os EUA e a CIA realmente fazem “lavagem cerebral” nas pessoas utilizando games, filmes e propagandas? Será que Amir é mesmo um espião enviado pela CIA? Tudo isso não seria uma retaliação do Irã à empresa que abordou o delicado tema do programa nuclear iraniano em seus games?
(Via: Tehran Times, IGN, Kotaku, The Escapist)