RetroArkade – O “carnaval” de tiros espaciais em Summer Carnival ’92: Recca
Um game com carnaval no nome significa que representa uma festa, certo? E se uma “festa” significasse uma “chuva de balas disparadas por inúmeros sprites na tela que te odeiam”? Então Summer Carnival ’92: Recca pode, de alguma forma, ser considerado um jogo de “carnaval”.
A fama do game se deve a dois elementos importantes. O fato de que se trata de um dos games mais difíceis de todos os tempos, e a qualidade técnica, que faz o game, desenvolvido para o NES, nem parecer que se trata de um jogo feito para o 8-bits da Nintendo.
O “Carnaval de Verão” de 1992
Tal game tinha uma missão. Foi desenvolvido para uma competição de jogos de tiro. Nos anos 90 já existiam campeonatos de games, mas não eram conhecidos e nem organizado como “eSports”. Eram jogadores comuns, talentosos, que disputavam prêmios e provavam o seu valor, nos mais variados jogos.
O evento, em questão foi o Summer Carnival, promovido pela Naxat Soft, publisher do game, que foi realizado no dia 17 de julho de 1992. Por isso que o game não oferece nenhum contexto, ou enredo. Ele funcionou como um game feito única e exclusivamente para competição e busca por pontos. Exatamente como funciona games como League of Legends e Rainbow Six hoje em dia. Mas claro, tirando os recursos online e contando apenas com o competitivo.
Shinobu Yagawa, que trabalharia no futuro em Battle Garegga, Pink Sweets e Ibara, foi o responsável pelo desenvolvimento do game, que foi conduzido para ser um game extremamente cruel. Feito apenas para os “mais radicais”. Nobuyuki Shioda cuidou da música do game.
Como diferencial, o objetivo da produção era levar o game aos extremos. Recca, como também é conhecido, e que significa “Fogo Flamejante”, foi o game que chegou ao limite do Famicom/NES. Semelhante a Contra, o game usa um “truque” que colocava os sprites de efeitos a um fps menor, para dar ao game maior fluidez, em 60 fps.
Recca é, então, um shooter “de navinha”, com rolagem vertical e três modos de jogo. O NES não era um console muito próximo deste tipo de jogo, embora conte com alguns clássicos do gênero em seu catálogo, por limitações técnicas. Os arcades e consoles mais poderosos, como o TurboGrafx-16, eram mais apropriados para a “farra” espacial.
O game é como qualquer outro do gênero: desvie de tudo, “suba” a tela, colete power-ups, atire em todos e encare um baita de um trambolho de chefe no final da fase, que solta tiro de tudo quanto é lugar. Há um modo “história”, mas são os modos “tempo” e “pontuação” que fazem o game valer a pena, pra quem encara o desafio. Afinal, foi pra isso que ele foi desenvolvido.
Houve ainda espaço para boas ideias. Existe um easter egg, para os poucos seres viventes que terminaram o jogo. Ao aparecer, no final dos créditos a frase “To be Continued”, basta resetar o console, que o game “continuará”, com uma espécie de “parte 2”, com algumas mudanças em relação ao jogo nacional. E, se não conseguir lidar com o jogo, dá pra apelar com uma dica de vidas infinitas: ao restar o jogo, segure select até os textos da tela apagar, e você verá uma frase CHANGE LIMIT aparecendo. Aí, segue A, B, para cima, e Select, e aperte Start para voltar ao jogo principal.
Recca não te dá paz. Desde o começo do jogo, o pau come. Por isso, até hoje, é recomendado como um grande game para quem quer desafio extremo. Felizmente, após anos com o game sendo tratado apenas como “lenda gamer”, pois foi vendido em poucas unidades, versões de Virtual Console para Wii e 3DS, trouxeram para mais jogadores a oportunidade de curtir um legítimo “game de navinha raiz”.