RetroArkade: Sonic CD é o melhor Sonic de todos os tempos!
Talvez para muitos, uma grande dúvida. Mas pra mim é certeza: quando perguntam qual é o melhor Sonic de todos os tempos, a resposta é na lata: Sonic CD! Vem comigo ver as razões que me fazem afirmar isso!
Os primeiros jogos do Sonic são todos excelentes. Entendo muito bem as razões para que discordem de mim e fiquem com qualquer um dos três primeiros Sonics de Mega Drive: o primeiro, por ser o que causou o alvoroço e fez o Mario tremer na base pela primeira vez; o segundo, por ser mais completo e ter uma trilha sonora inesquecível; ou o terceiro, pela sua variedade de fases e até a trilha sonora “assinada” por Michael Jackson (será?).
Pois bem, mas pelos idos de 1995, pude conhecer este Sonic em especial, afinal de contas, era comum a Tec Toy vender Mega Drive com o Sega CD embutido “de brinde”, já que o console havia encalhado por aqui. Meu tio descolou um e nas férias pude conhecer de perto um Sonic igual aos outros, porém com todas as suas qualidades elevadas a um nível jamais alcançado novamente pela Sega.
Por isso, hoje, seja para concordar comigo, discordar ou pelo menos conhecer um grande jogo com o nosso herói azul preferido (sim, Sonic é mais legal que Mario!), vamos falar de Sonic CD.
Os “dois” Sonic 2
Tudo começa com o furacão chamado Sonic the Hedgehog. O primeiro jogo do ouriço para o Mega Drive foi um sucesso incrível e obviamente um jogo “2” se tornou obrigação por parte da SEEEEEEEEEGA! Porém Yuji Naka, criador do personagem, e boa parte do Sonic Team se mandou para os Estados Unidos para desenvolver a continuação, já que estavam insatisfeitos com a base japonesa da companhia (isso iria gerar muitos problemas lá na frente, mal sabiam eles…).
De qualquer forma, a Sega japonesa também começou a desenvolver seu próprio Sonic, baseados no que fizeram com o primeiro jogo. E logo as imagens começaram a circular pelas revistas, aonde imagens e notícias sobre o tal jogo rodavam o mundo. Mas ao mesmo tempo que as pessoas conheciam Tails e os novos recursos como o Spin Dash, também conferiam algo sobre viagens no tempo: “os dois podem viajar no tempo, saltando da era dos dinossauros até o futuro controlado por máquinas”, dizia a Ação Games que, sem saber, divulgava imagens de um jogo e falava de outro.
Aí chega o ano de 1992, e os jogadores conferem um excelente Sonic 2, com Tails, mas sem viagens no tempo. Foi quando Sonic CD foi de fato revelado como um jogo a parte feito pela Sega japonesa, com produtores do Sonic original a ser lançado no ano seguinte, para o Sega CD, por usar de recursos os quais o Mega Drive por si só não daria conta.
O Sega CD era um add-on do Mega Drive que embora fornecesse os mesmos gráficos 16-bit, ampliava suas capacidades técnicas devido ao CD: além do visual que poderia ser levemente melhorado, trilhas sonoras em qualidade assustadora para a época e a inclusão de vídeos faziam um jogo com estes recursos parecer coisa de outro mundo.
E enfim, no ano de 1993, após alguns atrasos, chega a aventura em CD, já impressionando logo de cara com a maravilhosa abertura em vídeo (falaremos melhor disso mais pra frente). Com os fracos jogos que o sistema recebia, Sonic CD foi recebido com reviews extremamente positivos, aclamando-o desde já como um clássico instantâneo. Porém com a impopularidade do add-on, o jogo não foi muito bem nas prateleiras vendendo “apenas” 1.5 milhão de cópias, o que é pouco, se compararmos com os mais de 6 milhões de cópias do Sonic 2, de acordo com o site vgchartz.com.
Agora fica a pergunta: qual é a continuação legítima de Sonic 1? Alguns easter eggs e os tais atrasos, além da participação da equipe original do primeiro game reforçam a tese de que Sonic CD deveria ser a sequência legítima da série, mas na cabeça dos gamers, a sequência é mesmo Sonic 2 e a versão em CD funcionaria como uma prequela ou mesmo um jogo num “universo paralelo”.
História do jogo
Uma coisa que Sonic CD tem de melhor que seu “concorrente” dos Estados Unidos de cara é a sua história: enquanto o “2” fala da nova tentativa de Eggman de dominar o mundo, criando sua “própria” Estrela da Morte, o “CD” traz um enredo mais completo e usando muito bem um elemento que sempre faz diferença quando bem utilizado, o fator tempo.
Estamos em Little Planet, um mundo que aparece uma vez por ano durante um período de tempo. Neste planeta, passado, presente e futuro são um só, ocasionando com isso as Times Stones, pedras que dão controle ao tempo. Dr. Eggman, esperto e ambicioso como sempre, descobre a existência de tais pedras e parte em sua busca, colocando robôs no passado para adulterar o futuro. Sonic também segue o vilão por entender o perigo que seria estas pedras na mão do cientista, porém para atrapalhar o ouriço, Eggman cria e envia Metal Sonic, a réplica metálica do ouriço que captura a Amy Rose, obrigando o nosso herói a cumprir três tarefas: frustrar Eggman, destruir Metal Sonic e salvar Amy.
Pelo fator tempo, aqui Sonic não persegue as esmeraldas do Chaos. Ele deve perseguir as Times Stones em fases bônus normais a um jogo da franquia, enquanto caminha por seis fases (dividida em três atos), podendo alternar entre presente, passado e futuro.
Tudo o que os Sonics de Mega tinham de bom, mas melhor!
O conceito de melhorar o que já é bom foi levado a sério em Sonic CD. Tudo o que Sonic 1 tinha de bom existe na versão em CD, porém melhorado. Começando pela introdução, feita em vídeo pela Toei, a mesma produtora que faria anos mais tarde, Digimon digitais Digimon são campeões. No vídeo podemos ver Sonic perseguindo Eggman enquanto segue rumo a Little Planet, segurada em seu planeta de origem por uma corrente. E além de existir mais animes contando o final da aventura, podemos de cara conferir outro aspecto de excelência no jogo, a sua fantástica trilha sonora!
A abertura japonesa é cantada por Keiko Utoku e a música é You Can Do Anything (Toot Toot Sonic Warrior). A americana conta com trilha sonora completamente diferente, porém conta com a mesma competência: a introdução é embalada por Sonic Boom pelo trio Pastiche. Ainda falando em trilha sonora, na época do CD tivemos obviamente a versão US do jogo e já podíamos conferir o excelente trabalho. Aí pudemos conhecer depois a versão japonesa e descobrimos que o que era bom podia ser ainda melhor. Era a chance de poder ouvir sintetizadores, instrumentos e vozes em uma época de músicas em chiptunes.
Pelas limitações do Sega CD a animação não era exibida em tela cheia e contava com poucas cores, porém nas versões mais recentes pudemos conferir o vídeo em tela cheia:
https://www.youtube.com/watch?v=EYW7-hNXZlM
E este trabalho sonoro de qualidade continua durante as fases, com faixas que cativam e ampliam o gameplay, graças ao bom uso dos recursos de CD. Somados a um impressionante design de fases que até hoje deveria ser referência para quem busca um bom jogo de plataforma: com o mesmo esquema de Sonic original, eles conseguiram adicionar elementos de exploração, como o holograma de Metal Sonic que poderia ser encontrado e a própria viagem passado-futuro. Quer terminar as fases no menor tempo possível? Sinta-se a vontade, tem até Time Attack pra isso, mas se quiser aproveitar os dez minutos que a fase te oferece, há muito o que fazer, especialmente se quiser melhorar o futuro do estágio.
Controlar Sonic também é uma tarefa agradável. Ele tem o Spin Dash introduzido no jogo anterior, mas também tem o Pell Out: segurando para cima e apertando pulo, o Sonic dispara em velocidade sem precisar fazer o recurso do spin, sendo muito necessário para as viagens no tempo.
O visual também foi algo muito elogiado na época. Baseando-se no primeiro Sonic, a equipe responsável fez as fases inspiradas no jogo, mas sem parecer “reaproveitamento”. Palmtree Panic é muito parecida com a Green Hill Zone, mas ao jogá-la, dá pra notar que são fases completamente diferentes, assim como a maldita Tidal Tempest, representante da droga da fase de água, com direito a bolha de ar e muito mais.
As fases de bônus aparecem quando se completa a fase com mais de cinquenta argolas e se adentra na argola gigante. Mas ao invés daquele negócio psicodélico do primeiro jogo ou fases de looping como no segundo, o que temos aqui é algo que lembra vagamente Mario Kart, mas com um ambiente livre aonde Sonic precisa atingir algumas naves espaciais para obter as pedras do tempo.
Para um jogo de 1993, as opções não param, pois você ainda pode conferir o Time Attack e de acordo com seu desempenho, pode desbloquear Time Attack das fases bônus, um modo aonde poderá fazer o que quiser no planetinha enquanto ouve as músicas do jogo e até um menu secreto que te permite assistir aos vídeos (um exclusivo) quando quiser. E outra adição aqui é em relação ao continue, que não existem por aqui. Em seu lugar temos a própria memória do console que grava seu desempenho, o que também foi muito bem recebido em uma era de passwords.
A sempre gostosa sensação de viajar no tempo
E a grande adição do jogo é de fato a viagem no tempo. Assim como Chrono Trigger ou Dragon Ball Xenoverse, a possibilidade de voltar no tempo e prevenir problemas no passado ou de ir ao futuro corrigir estragos nos dá uma sensação muito satisfatória, pois nós mesmos gostaríamos muito de ter essa capacidade, seja para dar uma de Marty McFly, ou mesmo para dar uns conselhos para o nosso “eu” de anos atrás.
Em Sonic CD isso acontece, e de maneira satisfatória. Pelas fases temos alguns postes com as indicações Past ou Future, e ao passar por elas, podemos correr o mais rápido possível com o Sonic para romper a barreira do tempo e viajar até o referido período. No passado, dá pra destruir as máquinas de robôs instaladas por Eggman e garantir o “Good Future” da fase. Independente do que fizer, a terceira fase que envolve o combate com o chefe sempre será no futuro, que será bom ou ruim de acordo com seu desempenho nas fases. Lembrando que o futuro bom é mais fácil, afinal não existem tantos obstáculos, já que a maldade do passado foi desfeita.
Os segredos perdidos no tempo
Um jogo deste calibre está cheio de segredos, lendas e coisas ocultas. Vamos a elas?
You can do Anything no Master System: Se você jogou Sonic 2 no Master System/Game Gear vai notar algo em comum. É que a música tema de Sonic CD foi baseada na Green Hills do tal game. Ouça e confira:
Sound Test, Imagens esquisitas e o “diabo”: Durante a tela-título, aperte BAIXO, BAIXO, BAIXO, ESQUERDA, DIREITA e A para entrar no Sound Test. Uma vez no Sound Test, coloque os seguintes códigos e aperte START para ver os seguintes efeitos:
Imagem secreta #1 ………….. FM42, PCM03, DA01
Imagem secreta #2 ………….. FM46, PCM12, DA25
Imagem secreta #3 ………….. FM42, PCM04, DA21
Imagem secreta #4 ………….. FM44, PCM11, DA09
Imagem secreta #5 ………….. FM40, PCM12, DA11
Special Stage Secreto ………. FM07, PCM07, DA07
Saca só algumas das imagens:
Mas a mais cabulosa é esta abaixo. Nem Creepypasta é, pois isso aí existe MESMO! Sua tradução diz: “Sega – A diversão é infinita // Majin”. O que pega é que Majin é uma palavra que pode significar de “ser com poderes especiais, até demônio. Porém Majin é o apelido do designer de fases Masato Nishimura. Uma das “funções” desta imagem seria assustar quem fosse vasculhar o jogo para produzir cópias piratas.
Fase a menos? Temos indícios de que existiria uma fase de deserto em Little Planet. Na versão em CD existe uma “fase 3” que não está no jogo. Tudo indica que poderia ser a fase Dust Hill, a fase que nunca existiu.
Monitores que “não precisamos”: Na versão beta, tínhamos quatro monitores que não foram para a versão final: um anel azul, um relógio, um S e um óculos. O que eles fariam pra valer segue um mistério, porém é nítida a vontade de se fazer algo novo.
CANSEI! Sonic ficará de saco cheio se ficar três minutos parado. Ele gritará “I’m out of there” e pulará fora da tela, dando Game Over. Depois não diga que não avisamos!
Quero jogar Sonic CD agora! Mas aonde?
Para sorte de quem vive nos dias de hoje, Sonic CD conta com um leque interessante de sistemas para ser apreciado. Mas isso não acontecia há alguns anos atrás, quando só havia a versão de Sega CD e a de computador. Até as coletâneas, como o Sonic Jam do Saturn e o Sonic Mega Collection do GameCube não trouxeram o jogo, que foi motivo de muita reclamação na época, porém vinham com alguns vídeos referente ao jogo. Apenas em 2005 que o título chegou aos 128 bits com a coletânea Sonic Gems Collection.
Mas aí apareceram as versões para iPhone, Android, Windows Phone, Playstation 3, Xbox 360 e o Ouya. Todas elas fizeram o inverso de antigamente: se antes era muito difícil encontrar uma cópia do jogo, hoje é a coisa mais fácil do mundo. Basta entrar em uma destas lojas virtuais e aproveitar o jogo por preços bem em conta.
As novas versões vem com mais recursos, como a possibilidade de escolher as músicas das versões dos Estados Unidos ou a do Japão, além de poder escolher o Tails para jogar (nas versões móveis). Mas independente de qualquer coisa, é um jogo que deve ser jogado e apreciado hoje, seja pelos fãs do Sonic, ou por aqueles que gostam de videogames e precisam conhecer um jogo muito bem feito, um dos melhores já criados.