RetroArkade: Tails Adventure, a aventura exclusiva do amigo de Sonic no Game Gear
Desde sua estreia, em Sonic the Hedgehog 2, de 1992, Tails conquistou espaço entre os fãs do azulão e, desde então, é presença constante nos jogos da série. Mas, nunca havia contado, até então, com um game próprio. Foi apenas em 1995, e para o Game Gear, que o simpático personagem enfim ganhou um game pra chamar de seu.
E, surpreendentemente, o game não era um “clone de Sonic“, com um Tails solitário correndo pelas fases. Ao invés disso, a primeira aventura de Tails se apresentou como um Metroidvania, muito interessante por sinal. Como este game passou desapercebido por muita gente, chegou a hora de relembramos Tails Adventure, na RetroArkade desta semana!
Enfim, o Tails
Após a consagração definitiva em 1994, com Sonic the Hedgehog 3, e, mais tarde, com Sonic & Knuckles, no ano seguinte, os fãs do azulão não contaram com nenhum game novo da série principal. Entretanto, a SEGA seguia “experimental”. Tentando novidades com sua franquia, nesta época o problemático e cancelado Sonic X-Treme já estava dando trabalho, em seu desenvolvimento para o Saturn.
Já o Game Gear, recebeu neste ano seis games diferentes da série. Todos buscando levar algo de novo para a franquia. E também buscando alavancar as vendas do portátil, que vivia tempos difíceis com o Game Boy a cada dia caminhando para ser um dos consoles mais vendidos de todos os tempos.
Sonic Spinball era a versão portátil do game de 1993; Sonic Drift 2 era a continuação do jogo de kart com o azulão e seus amigos. Este formato ainda rendeu Sonic R, em 1997, e anos mais tarde, a série Sonic & SEGA All Stars Racing; Sonic 2 in 1, compilado com Sonic 2 e Sonic Spinball, lançado só na Europa; Sonic Labyrinth, jogo com ação e puzzles, em visão isométrica, funcionando como um embrião do que seria o Sonic 3D Blast; além de dois games com o Tails.
Além disso, a empresa tentava emplacar jogos com os outros personagens. Knuckles’ Chaotix estreava no 32X, buscando transformar o sucesso recente do personagem em vendas para seu periférico. E, como já mencionei, os dois games com o Tails também tentavam adicionar algo novo no já variado cardápio de Sonic. Tails’ Skypatrol, que já era bem diferente dos jogos Sonic, e o Tails Adventure, o qual é o tema desta RetroArkade.
A Aventura de Tails
O game foi desenvolvido pela Aspect. Este estúdio já contava com a confiança da SEGA, pois havia trabalhado, anteriormente, com jogos Sonic, como o Sonic the Hedgehog 2 para o Game Gear. Além disso, o estúdio já havia adaptado outros jogos para o portátil, como Batman Returns, e também já havia trabalhado com o Mega Drive, adaptando para o console os aspectos sonoros de Fatal Fury. A Aspect faria, anos mais tarde, o port dos dois games Metal Gear de MSX para Metal Gear Solid 3: Subsistence.
Assim, o estúdio ganhou uma espécie de “carta branca” da SEGA, para desenvolver o que achasse melhor para o Tails. O personagem não era rápido como o Sonic, por isso, a ideia foi a de levá-lo para um outro local, longe das disputas por esmeraldas com Eggman, e oferecer aos jogadores uma aventura mais focada nas habilidades do simpático personagem.
As histórias eram bem diferentes, em suas versões japonesas e ocidentais. Para os ocidentais, Sonic e Tails tiraram férias, após suas correrias. Tails, assim, decidiu ir para a Tails Island, lugar tranquilo e que serviria para seu descanso. Mas, chegando lá, descobre que a ilha foi tomada por um esquadrão de pássaros que construíram um grande forte. Logo, o personagem acaba tendo que adiar suas férias, para expulsar os inimigos de lá.
Já os japoneses ficaram com o seguinte plano de fundo: No Sul do Pacífico, existe uma ilha bem pequena que nem aparece nos mapas: a Cocoa Island. Nela estão as Esmeraldas do Caos. Sabendo disso, um esquadrão de pássaros do mal, resolveu tomar a ilha, e construir uma fortaleza. As histórias, que são bem parecidas, servem apenas de desculpa para o gameplay, não influenciando em nada o jogo, independente da versão jogada.
O Tailsmetroidvania
Como Tails é um personagem que não conta com a velocidade de Sonic, a Aspect resolveu focar mais em um outro elemento do game, que é a exploração. Mas, ao contrário de utilizar o sistema dos jogos Sonic, com uma fase linear com segredos espalhados, o esquema utilizado é o do bom e velho Metroidvania.
Há um mapa, para início de conversa, que determina os locais a se explorar no jogo. Você começa apenas com uma bomba, que é atirada nos inimigos (exato: Tails não pula neles aqui). Mas vai encontrando mais e mais itens. Como um mini-robô, que é controlado por controle remoto, e busca itens em locais inacessíveis. Todos eles terão alguma utilidade futura, servindo para desbloquear locais antes impossíveis, e para avançar no jogo.
É preciso, em Tails Adventure, explorar cada canto das fases. Para avançar, é preciso conhecer a fase, completá-la e ir desbloqueando fases novas no mapa. Tudo isso em um mundo, para os padrões dos 8-bits, imenso. É possível também retornar para as fases já concluídas, para buscar um item que não estava acessível anteriormente.
Também há um local de organização para a sua aventura: a casa de Tails. Lá dá pra ver e equipar os itens que irá usar em suas missões. Já que o game só permite que você ande com quatro itens. Também permite viagens de bote, disponibilizadas com o passar do jogo. E, por fim, é lá que você vai encontrar as passwords, que são os sistema de progresso por aqui.
Os anéis também marcam presença aqui, mas de maneira diferente. É possível coletá-los nas fases, e até em inimigos derrotados. Mas, ao ser atingido, você perde uma parte deles, sem a possibilidade de recuperar, como nos games Sonic. Com zero argola e sendo atingido, você morre. E as Esmeraldas do Caos estão lá e podem ser coletadas. Porém, apenas como perfumarias, sem nenhum reflexo no gameplay.
Quero jogar Tails Adventure: como faço?
Por razões não muito conhecidas, com exceção de Sonic Spinball, nenhum game de 1995 de Sonic foi portado para o Master System, como a Tectoy costumava fazer por aqui. Talvez seja por alguma questão técnica, já que estes games estavam em estágio avançado no Game Gear. E Tails Adventure, assim, não foi lançado oficialmente por aqui.
Mesmo assim, há possibilidades de curtir o game, sem precisar comprar um Game Gear, e a fita do game. Ou usar um emulador. Sonic Adventure DX, uma versão melhorada do game que saiu para Gamecube e PC em 2003, conta com o game em um de seus extras. Sonic Gems Collection, para Gamecube e Playstation 2, de 2005, também traz este e diversos outros games de Sonic.
E, desde 2013, todo o mundo pode jogar Tails Adventure no 3DS, através do Virtual Console. Pelo preço de R$8,99, dá pra curtir o game com uma adição importante do sistema da Nintendo. O Save State, que permite salvar seu progresso sem apelar para o caderninho de passwords.
Hoje é possível controlar Tails em vários games. Sonic Adventure, por exemplo, tem um padrão semelhante de exploração em 3D. E o personagem também está disponível em versões mais atualizadas de Sonic the Hedgehog, além de Sonic Mania. Mas pense: como seria um game do Tails solo hoje em dia, hein? Será que o personagem merece uma nova aventura nos videogames?