Sound Test Arkade Faixa 20 – Spencer Nilsen – Sonic CD (trilha EUA)
Sonic CD, entre muitas qualidades, conquistou seus fãs também pela sua trilha sonora. O curioso é que a versão dos Estados Unidos conta com uma trilha completamente diferente da japonesa, que você conferiu em nossa primeira parte deste especial. Continue com os fones de ouvido e vamos conhecer mais sobre esta clássica e interessante trilha sonora.
O jogo, em si, tem diferença?
Se a trilha sonora tem diferenças imensas, o jogo não sofre deste problema. Tudo o que já falamos sobre Sonic CD, seja na RetroArkade, ou na parte um desta Sound Test Arkade, se faz presente aqui: as questões de passado, presente e futuro, os chefes, os finais e o Metal Sonic, tudo é exatamente igual, independente de seu Sonic ser da Terra do Sol Nascente ou da Terra do Tio Sam.
O game vinha junto com o Sega CD, e a versão americana, com a trilha sonora que conheceremos a seguir, era a que embalava as aventuras do Sonic pelo console. Como o Sega CD nunca foi um grande sucesso no Brasil, muita gente acabou deixando passar o jogo em seu lançamento, conhecendo melhor o título na base do emulador, onde começou a confusão, pois era comum jogadores baixarem a versão japonesa e estranhar o fato de que o amigo tinha um jogo com a trilha sonora totalmente diferente.
Felizmente, o problema foi “resolvido” com a explicação desta mudança, e com os lançamentos para Xbox 360, Playstation 3, smartphones e outros dispositivos, que permitem que o jogador escolha a trilha sonora do game: US ou JP.
Tal trilha, apesar de contar com as mudanças comuns que ocorriam quando os games cruzavam o mundo, também serve para mostrar as diferenças que já haviam entre a Sega japonesa e a dos Estados Unidos, em uma rivalidade que só causava problemas para a empresa como um todo, prejudicando até os games do Sonic (o que não aconteceu neste game em questão, felizmente). Se em 1993 estes problemas já existiam, mas de forma menor, com o passar dos anos as confusões foram só aumentando e o fim da história você já sabe.
Os compositores
Spencer Nilsen, David Young e Mark Crew assinam as faixas da versão US do game. Spencer trabalhou na televisão e no cinema, mas marcou sua carreira na Sega, participando de adaptações musicais para vários jogos do Sega CD, que contam além de Sonic CD, com Batman Returns, Ecco the Dolphin, Ecco: The Tides of Time, Jurassic Park, The Adventures of Batman and Robin e The Amazing Spider-Man vs. The Kingpin no currículo. Tudo isso com apoio de David Young, que sempre foi seu colaborador para estas criações. Já Mark Crew, que já foi tecladista do Santana, foi contratado para ajudar em Sonic CD, mas acabou ficando e participando de outros games também.
Já a música de abertura, Sonic Boom, foi composta por Spencer Nilsen, mas interpretada pela banda Pastiche. Esta canção, com outra roupagem, também é interpretada no final do jogo, sendo a única faixa cantada da versão US do game.
Dando play na versão dos caubóis
https://www.youtube.com/watch?v=kLiUNxg8Gh4&list=PLKomBczcYlg7qogMPml540gaAXh2I-VPA
A palavra “radical” era a palavra de ordem dos anos 90. E Sonic era quem melhor representava este termo nos games nesta década, pois o personagem tinha carisma, velocidade e era (e é) querido por todos. Sua presença era bem diferente de outros personagens, por uma atitude mais rock’n roll e jeitão descolado. Na versão dos Estados Unidos, este lado de Sonic foi bem explorado, já na música de abertura, Sonic Boom, que é bem mais puxado para o rock do que sua versão japonesa, oferecendo mais adrenalina na clássica abertura que mostra o herói correndo pelo mundo do jogo.
E este espírito se reflete por todo o jogo. Uma trilha mais jovial se destaca pelas fases, trocando os efeitos mais eletrônicos dos japoneses por versões que misturam batidas com instrumentos. A leitura que os norte-americanos tiveram do game foi a de que o Sonic é um personagem de muita atitude e suas músicas deveriam levar o jogador a lembrar sempre disso. Até as faixas menores, como as de fase concluída, invencibilidade e rapidez são carregadas em guitarras e efeitos.
No fim, uma mistura de batidas eletrônicas com rock’n roll fez com que, de fato, Sonic CD nos Estados Unidos fosse um game “radical”, contrariando a visão mais “heróica” que o jogo oferecia no Japão e ajudando, e muito, a consolidar o personagem como um cara de atitude, imagem esta que, embora faça parte do DNA do personagem desde sua concepção, foi mais explorada apenas na época do Dreamcast, anos mais tarde.
Nem melhor, nem pior: apenas diferente
A liberdade da composição para o CD, fez com que os compositores e músicos experimentassem mais e levassem trilhas bem diferentes do que as batidas que os consoles antigos ofereciam. Sonic CD, não foi o primeiro game a contar com trilha tocada, claro, mas foi um divisor de águas para a sua geração, pois ofereceu não uma, mas duas trilhas sonoras extremamente competentes e, mesmo diferentes, conseguiram levar ao jogador duas visões universais sobre o Sonic: um herói, mas com muita atitude.
Felizmente, o passar dos anos nos permitiu ter acesso às duas trilhas sonoras, seja nos serviços de música, ou no próprio jogo, onde podemos escolher antes de jogar a versão que mais nos agrada. Isto gerou um replay curioso: o de terminar o mesmo jogo duas vezes só para curtir ambas as trilhas sonoras.
O que confirma Sonic CD como o melhor momento do azulão em sua rica história. Quantos games bem feitos você viu por aí que tem duas trilhas sonoras de extrema competência?