#TBTArkade: O lançamento do Game Boy Advance, na Nintendo World de abril de 2001
Em 2001, já com Playstation 2 no mercado, e com Xbox e Gamecube mais próximos do que nunca, as expectativas de muitos estavam focados em um pequeno notável. É que o Game Boy, depois de ser o fenômeno cultural que foi, se tornar Pocket, Light, e Color, agora seria Advance. O aparelho ganharia mais botões, teria mais poder, e seria fonte de diversas investidas por parte da Nintendo e estúdios parceiros.
E, entre várias revistas de games da época, a Nintendo World #32, de abril daquele ano, deu capa, e destaque, ao portátil que chegaria. A matéria, assinada por Pablo Miyazawa, hoje na IGN Brasil, e Eduardo Trivella, que tem em seu currículo o trabalho na antiga revista NGamer Brasil, tinha como título a expectativa de todos, na época, com o Advance: “O futuro está em suas mãos”.
“Nada mais será como antes”
A matéria começa falando do sucesso que o Game Boy Advance já havia conquistado no Japão. Lançado três meses antes do que no ocidente, no dia 21 de março de 2001, a matéria destaca que filas quilométricas, somadas a cartuchos e consoles esgotados, cumpriram bem a meta inicial de vendas da Nintendo. Sob o slogan “é como ter um videogame na palma da mão”, as vendas no Japão serviram de termômetro para entender a reação futura do ocidente com o portátil.
A Nintendo of America colocaria, em junho, meio milhão de unidades do GBA nas prateleiras. O lançamento, seria simultâneo na Europa e no Brasil. Lembrando que, em 2001, a Gradiente ainda fabricava e vendia produtos Nintendo no país, sob autorização da Nintendo, e lançou o aparelho por aqui no ano seguinte, em 2002. O que se sabia era o preço, os jogos de estreia, e os estúdios parceiros.
O GBA chegaria aos EUA custando US$ 99,95, ou US$ 145 (R$ 591, na cotação do dia desta matéria), se considerada a inflação atual. No Brasil, o portátil custava cerca de R$ 300, e seus jogos saíam em média por R$ 130. E, entre os jogos de lançamento, teria Super Mario Advance, F-Zero: Maximum Velocity, Tony Hawk Pro Skater 2, Rayman, Army Man Advance, entre outros.
O primeiro contato dos brasileiros com o GBA
A redação da Nintendo World teve acesso ao Game Boy Advance no dia do lançamento japonês. A equipe, somada com alguns leitores, conheceram, em primeira mão, o aparelho, e deram a sua opinião em relação ao portátil. A primeira impressão foi quanto ao tamanho do aparelho. Que, apesar de aparentar ser menor, por sua orientação horizontal, tinha quase que o mesmo tamanho do Game Boy Color.
Os cartuchos surpreenderam. Pois tinham quase que a metade de um cartucho de Game Boy (que ficariam feiosos quando colocados no GBA, que era retrocompatível). E tais novidades em design, para a revista, teve como resultado uma nova posição para se jogar, com mais conforto. Parte disso se devia a orientação horizontal, que afastava as mãos e davam uma melhor pegada. E os botões, que ganharam um L e R, além de um novo posicionamento, davam a boa impressão de se jogar um Super Nintendo.
A própria Nintendo, sabendo disso, prepararia o console para tal impressão. Diversos títulos do Super NES foram adaptados para os portáteis, além do próprio hardware, que, para muitos, era puramente um “Super NES de bolso”. A matéria também destacou outros detalhes interessantes do portátil, como o Cabo Game Link, que ligava quatro GBAs, além de funcionar bem conectado ao Gamecube posteriormente.
Somado a isso, a revista elogiou a luz de power, que mudava de cor conforme o consumo das pilhas. Algo, de fato, muito útil em 2001. As pilhas, seguiam o padrão de economia, oferecendo 15 horas de jogatina, na sua conhecida tela sem iluminação. Em 2002, o Game Boy SP chegou com um design diferente, baterias e luz própria. E também foi destaque a retrocompatibilidade com o Game Boy. O cartucho de GB poderia ser jogado tanto na resolução padrão, ou em um formato “wide”, que encaixava tudo na tela.
Novos visuais e novos sons: valia a pena?
A Nintendo World não deixou de falar dos gráficos dos jogos que testou. Lembrou que o portátil tinha processador de 32 bits, e que teria mais poder, por exemplo, do que o Super Nintendo. E de fato, os games do console mostravam um comportamento superior ao 16-bits da Nintendo. Entretanto, nada de poderio gráfico como outros 32-bits, como Playstation e Saturn. O GBA rodava seus games como um Super Nintendo mais turbinado, no fim das contas.
Como exemplo, a matéria destacou Golden Sun, que chegaria ao Game Boy Advance no final de 2001. O game usou praticamente todas as 32.768 cores disponíveis do console, com direito a 500 cores simultâneas. A resolução do portátil, de 240×160 pixels, era exibida em uma LCD TFT, reflexiva, que permitia o gameplay em diversas posições, sem atrapalhar. Lembrando, novamente, que o GBA SP acabou com as questões de tela sem luz no ano seguinte.
Nas questões sonoras, o pequeno console também apresentava boas expectativas. Eram tempos nos quais o Game Boy, um console com mais de 10 anos de história, era praticamente sinônimo de console portátil. Houveram outras iniciativas, com menor alcance, como o Game Gear e o Neo Geo Pocket, mas todos com sons limitados. O GBA já permitiria, se os desenvolvedores quisesse, usar dos recursos Dolby.
Assim, Mario Advance teria “Toad soltando suas exclamações”, a trilha de F-Zero seria impecável tal como era no Super NES, e Castlevania: Circle of the Moon poderia apresentar uma trilha sonora bem interessante. Como de fato aconteceu com todos estes games, e mais alguns outros. A recomendação, no fim, era a de curtir o GBA com fones de ouvido. Recomendação esta que dura até hoje, com os portáteis que vieram a seguir, e os smartphones.
No fim, o veredito era óbvio: o Game Boy Advance valeria o investimento sim. “Afinal, não é todo dia que se pode ter um videogame mais poderoso do que o Super Nintendo no bolso”, dizia a matéria. Que ainda traria depoimentos de todos aqueles que tiveram acesso ao portátil, além de alguns games, como Super Mario Advance, F-Zero, All Japan GT, e Tweety and The Magical Jewel.