Teria sido 1998 o melhor ano da história dos videogames?
Vamos voltar no tempo, mais uma vez. Desta vez, vamos para 1998, época na qual o mundo dos games estava acalorado. Os consoles atuais recebiam grandes novidades, quase todos os meses, enquanto rumores sobre a nova geração, que seria iniciada com o Dreamcast, mas que já contavam com informações do então vindouro PlayStation 2. Além disso, a geração de 16-bits, já veterana, ainda insistia em lançar coisas interessantes.
Assim, podemos afirmar que 1998 foi o melhor ano da história dos videogames, certo? Mesmo que você discorde, não há como negar que o ano foi especial, e revolucionou, para melhor, o mundo dos games. Foram inúmeros lançamentos inesquecíveis, uma geração anterior que ainda queimava boa lenha e a esperança por um novo século que poderia oferecer experiências ainda melhores.
Vamos, assim, relembrar motivos que fizeram do ano de 1998, que embora não tenha sido dos melhores no futebol, foi inesquecível para quem viveu aqueles dias, e já amava os videogames naquela época.
Os melhores jogos de todos os tempos de 1998
1998 foi um ano no qual grandes games foram lançados. Jogos inesquecíveis, que são lembrados até hoje. Começando por Resident Evil 2, considerado por muitos como o melhor da trilogia original. O ano ainda teria vários jogos considerados hits tanto de PlayStation quanto de Nintendo 64: Tekken 3, Banjo-Kazooie, Crash Bandicoot: Warped, Turok 2, Need for Speed III, Parasite Eve e Xenogears são alguns destes exemplos.
Além disso, até o Saturn, que já vivia seus últimos dias e estava pronto para dar lugar ao Dreamcast, apresentou jogos de qualidade. Panzer Dragoon Saga, Burning Rangers, Bomberman Wars e bons ports de games de luta, como Street Fighter Alpha 2, Vampire Savior: The Lord of Vampire e The King of Fighter ’97 faziam o console se despedir com muita qualidade em seu acervo.
No mundo dos portáteis, o Game Boy ganharia cores, e com isso, diversos jogos interessantes. The Legend of Zelda: Link’s Awakening DX trazia novamente a grande aventura portátil de Link, agora com cores e dungeons exclusivas para o jogo, focada em elementos que exploravam o novo hardware. Wario Land II também divertia, com o anti-herói e suas confusões. E até o clássico Pokémon ganhou uma nova versão, com Pikachu de protagonista e aventura levemente adaptada para se encaixar ao anime que fazia sucesso naqueles dias.
Mas o que realmente impressionou, em 1998, foi a quantidade de “melhores jogos de todos os tempos” lançados naqueles dias. Jogos que estão no topo dos melhores de muita gente. Como Metal Gear Solid, primeiro grande sucesso de Hideo Kojima, que trazia atmosfera cinematográfica, um enredo cativante e um jeito único de se jogar, baseado na espionagem. O game trouxe algo de novo ao mundo dos games e, desde então, a ambientação cinematográfica em jogos só evoluiu.
The Legend of Zelda: Ocarina of Time também marcou para sempre o mundo dos games. A aventura de Link, que na época era marcada por vários atrasos e expectativas, apresentou uma jornada épica, que marcava a estreia da série no mundo tridimensional. As três dimensões ajudaram a construir um mundo vivo, detalhado e com muitas oportunidades, exploradas de maneira genial com conceitos de tempo e com um gameplay extremamente competente, que inclusive serviu para introduzir o prático sistema de mira em inimigos, essencial em jogos 3D.
Half-Life trouxe não só um excelente FPS, como ajudou a consolidar o gênero, trazendo boas ideias e gerando, mesmo que de forma indireta, um fenômeno que dura até hoje: Counter-Strike. O jogo fez muito sucesso, rendeu uma continuação e um terceiro episódio é lenda urbana até hoje, mesmo com sinais claros de que a Valve não tem o menor interesse em desenvolver o tão desejado Half-Life 3.
E a qualidade de 1998 ainda tinha mais para oferecer. Starcraft criou mais um grande sucesso, jogado até hoje. Sonic Adventure marcava a estreia do Dreamcast no Japão, e levava o azulão para o mundo tridimensional em uma ótima aventura. Xenogears e Parasite Eve foram mais dois dos excelentes RPGs da Square na época, no que pode ser definido como o melhor momento da história do estúdio. E até jogos mais casuais, como Mario Party, agradavam por sua qualidade.
Expectativas por um novo momento
Além dos grandes games, as expectativas também estavam altas demais com as próximas novidades. A mais próxima era o Dreamcast, que marcaria a cartada final da SEGA no mundo dos consoles. O videogame, que prometia muito, realmente se mostrou muito poderoso, com uma parceria interessante com a Microsoft, ideias legais como o VMU, o memory card com visor que oferecia informações úteis na telinha do controle, e uma boa leva de jogos iniciais.
Muito já se falava também do PlayStation 2. As revistas de games, a principal fonte de informação na época, cuidavam do “hype”. Eram capas dedicadas ao console, matérias com informações técnicas, explicando as possibilidades do novo videogame e, claro, os jogos que chegariam nesta primeira leva. Sem trailers, restava aos gamers da época imaginarem os jogos com as poucas fotos em baixa resolução que estampavam Ação Games, Super Game Power e a Gamers.
Em tom menor, se falava também do novo console da Nintendo, além de uma possível investida da Microsoft. Como GameCube e o primeiro Xbox chegariam apenas em 2001, seus rumores estampariam as revistas meses mais tarde, mas já era possível, aqui e ali, ver algo relacionado ao futuro dos games, que já contava com uma promessa: os jogos seriam online no século XXI.
Os grandes jogos de 1998 fizeram o gamer projetar um futuro melhor. Afinal, se o Nintendo 64 ofereceu um mundo tão vivo como o de Ocarina of Time, imagine o PlayStation 2? Se o PlayStation original apresentou Metal Gear Solid, o futuro poderia nos apresentar games cada vez mais conectados aos filmes? E se Half-Life evoluiu o FPS já naquela época, qual seria o limite para o gênero? 1998 fez o fã de videogame sonhar mais alto, e imaginar que o céu era o limite.
Um ano inesquecível
Além do que falei aqui, com certeza todos aqueles que já jogavam videogame tem algum momento especial na memória com o ano de 1998. Afinal, jogos que foram lançados antes, como Donkey Kong Country 3, GoldenEye 007, Final Fantasy VII ou Gran Turismo ainda eram jogados, em tempos nos quais jogos tinham uma vida útil muito maior do que os “três meses” do hype dos lançamentos atuais.
Foi, assim, um ano que marcou tanto pela qualidade dos seus lançamentos, quanto pela expectativa por um futuro melhor. Em 2004 e novamente em 2008, a indústria repetiu dois anos de excelência, trazendo mais uma vez grandes games. Mas, a verdade é que, muitos daqueles sonhos imaginados em 1998 se tornaram realidade hoje, enquanto alguns problemas também surgiram, o que é normal para uma indústria em evolução.
Mas, com certeza, a qualidade de lançamentos daquele ano marcou positivamente aquela geração. Nunca houve tantos jogos bons para se jogar ao mesmo tempo, que se somavam a jogos tão bons quanto, lançados anos antes. Todo mês as revistas de games estampavam clássicos definitivos em suas capas, e mais do que nunca, apresentavam uma das épocas mais divertidas e interessantes para se jogar videogame.
Qual foi o seu game preferido de 1998?