WWE All Stars (PS3, X360, PS2, PSP, Wii) Review – Pancadaria cartunesca

24 de abril de 2011

WWE All Stars (PS3, X360, PS2, PSP, Wii) Review - Pancadaria cartunesca

Desde a época dos videogames de 8 bits, somos bombardeados por dezenas de títulos de luta livre, e nem todos foram boas surpresas. É estranho perceber a preocupação das produtoras atualmente em fazer games hiper-realistas e cheios de regras para um tipo de luta que todo mundo sabe que é de mentirinha (se você não sabia, desculpa o spoiler). Felizmente, a THQ parece ter percebido isso, e entrega com WWE All Stars um game de luta livre leve, caricato e colorido.

O grande atrativo da liga WWE é justamente seu apelo pelo fantástico, pelo entretenimento. As lutas têm público cativo nos EUA – e em menor escala também no Brasil, com o saudoso Telecatch nos anos 90 – por seu tom teatral, repleto de personagens anabolizados realizando discursos heróicos e promovendo rivalidades ilusórias.

Nos games, este tom divertido das lutas geralmente acabava perdido em um sistema de jogo engessado, com uma jogabilidade dura que tornava um sofrimento fazer tudo aquilo que os lutadores faziam nos ringues de verdade. O grande trunfo da THQ com este game foi ignorar tudo isso, a começar pela lógica temporal.

Em WWE All Stars é promovido o improvável encontro de lendas de ontem e de hoje dos ringues. Essa mistura já foi feita antes, na série SmackDown Vs. Raw, mas aqui ela parece muito mais convincente, pelo simples tom exagerado do game. Nem mesmo a boa e velha lei da gravidade foi respeitada! Ver homenzarrões de sunga realizando saltos de quatro metros de altura, ou aplicando uma complexa série de agarrões em pleno ar é algo que não se vê todo dia.

WWE All Stars (PS3, X360, PS2, PSP, Wii) Review - Pancadaria cartunesca

O visual do jogo como um todo segue essa mesma linha: as cores são saturadas, e os modelos dos lutadores parecem super-heróis de desenho animado, com bíceps grossos feito troncos de árvore e peitorais inchados ao extremo. Suas roupas, vozes e trejeitos, porém, são fiéis aos lutadores de verdade.

No modo single player, o jogo apresenta alguns encontros titânicos entre os grandes nomes do esporte, tal como Hulk Hogan, The Undertaker e Triple H, e há ainda a possibilidade de você embarcar no Path of Champions, uma paródia do carreer mode tradicional, onde o objetivo é ganhar o cinturão. Como todo game de luta, a diversão maior fica no multiplayer, que aceita até quatro jogadores ao mesmo tempo, tanto online quanto local, em variados modos de jogo.

O estilo alegre, colorido e dinâmico de um jogo tipo arcade dá uma fraquejada no quesito jogabilidade. Jogar WWE All Stars é muito mais fácil do que se aventurar pelos outros games do gênero, mas ainda assim é mais complicado do que um Street Fighter, por exemplo, onde “meia luas” para trás ou para frente fazem maravilhas.

WWE All Stars (PS3, X360, PS2, PSP, Wii) Review - Pancadaria cartunesca

Há uma configuração de botões muito peculiar que pode deixar as primeiras lutas meio frustrantes. Por exemplo, temos um botão de defesa para golpes normais, mas há outro botão usado para defender especificamente os agarrões. Precisava mesmo de um botão para cada coisa?

A ausência de um tutorial obriga o jogador a descobrir tudo sozinho, e até você se sentir confortável com os botões, certamente vai apanhar um bocado. Se virar no estilo “feijão com arroz” é até simples, mas a arte de jogar bonito, emendando agarrões para formar combos estilosos, é algo que só mesmo os jogadores mais pacientes irão desenvolver. Executar os golpes exclusivos de cada lutador também demandam uma razoável habilidade com os controles.

Para os amantes do esporte, WWE All Stars oferece boas surpresas, como um profundo sistema de criação de lutadores – que você pode mostrar para o mundo em partidas online – e dezenas de cutscenes com cenas dos lutadores reais em ação. Ainda falta um pouco mais de polimento para este ser o jogo de luta livre perfeito, mas a THQ está no caminho certo. Quem sabe na versão de 2012.

Este review foi originalmente publicado na Revista Arkade número 22.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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