Análise Arkade – Darkstalkers Resurrection (PS3, X360): pancadaria nostálgica
Darkstalkers pode não ser a série de luta 2D mais famosa de todas, mas sem dúvida tem uma ampla base de fãs, que sonham com um novo jogo da franquia. Enquanto este novo jogo não sai, a Capcom nos brindou com Darkstalkers Resurrection, uma ótima coletânea cuja análise você confere na sequência!
A Capcom é uma das produtoras que mais “se dá ao luxo” de aposentar personagens e franquias: Mega Man, Captain Commando, Strider, Dino Crisis e, obviamente, Darkstalkers, são algumas destas franquias queridas por muita gente, que mereciam voltar em grande estilo ao mundo dos games.
Alguns personagens destas séries continuam existindo em crossovers e spin offs (a série Marvel Vs. Capcom está cheia deles), mas falta um jogo genuinamente novo, um título “AAA”, que atualize de maneira competente estes títulos e apresente-os para novas gerações de gamers.
Enquanto este reboot (ou sequência) não acontece, podemos encontrar boas horas de diversão e nostalgia com Darkstalkers Resurrection. O que temos aqui são jogos antigos, que se mantém praticamente idênticos às suas versões originais, mas contam com alguns recursos modernos, como visual remasterizado, leaderboars e partidas online.
Se este não é o Darkstalkers 4 que muita gente queria, pelo menos serve para mostrar que a série ainda funciona: Darkstalkers é uma franquia cheia de personalidade, com personagens extremamente criativos, golpes especiais incríveis e pancadaria 2D de primeira qualidade.
A coletânea traz os dois últimos capítulos da série – Night Warriors: Darkstalkers Revenge – que foi originalmente lançado em 1995 para os arcades e posteriormente convertido ao Sega Saturn – e Darkstalkers 3, game que chegou aos arcades em 1997 e ganhou conversões para Sega Saturn e Playstation.
Embora utilize mecânicas familiares da série Street Fighter, Darkstalkers é um jogo totalmente diferente. Street Fighter é uma franquia mais “pé no chão”, com lutadores e estilos de luta (em sua maioria) mais realistas (vamos ignorar o Blanka e as magias mirabolantes por um momento).
Já Darkstalkers bebe em fontes muito mais variadas de inspiração: temos personagens inspirados em clássicos da literatura, mitologia, folclore, lendas urbanas e contos de fada que, juntos, formam um dos elencos mais bizarros e criativos dos jogos de luta.
Vejamos: que outro jogo você pode apontar que mistura uma caveira punk roqueira (Lord Raptor) com uma Chapeuzinho Vermelho carregada de armas de grosso calibre (Baby Bonnie Hood), um faraó mumificado ambulante (Anakaris) e o próprio Pé Grande (Sasquatch)?
Estes são apenas alguns integrantes do elenco de Darkstalkers, jogo que representa um notável ápice de criatividade (e ousadia) da Capcom. Beldades como Morrigan, Felicia e Hsien-Ko (?!) ainda alimentam as fantasias de muitos gamers e são as favoritas de muitas cosplayers, mas, sem Darkstalkers Resurrection, as novas gerações jamais saberiam a origem destas personagens tão emblemáticas.
Para manter o clima retrô, você pode curtir os games no formato original (com bordas que representam as laterais de uma máquina de arcade) , mas não se acanhe em desfrutar dos benefícios da alta definição: a Iron Galaxy Studios fez um trabalho competente em “maquiar” o game, melhorando seu visual e oferecendo suporte ao formato panorâmico Full HD que domina o mercado.
Claro que o visual não fica lindo como um Super Street Fighter II Turbo HD Remix (que foi totalmente redesenhado), mas os filtros e efeitos conseguem deixar o jogo mais bonito e vibrante, sem parecer “esticado” em uma tela de alta definição. É mais ou menos o que um bom emulador já faz, mas oficial, em alta definição, e rodando no seu console favorito!
Com um sistema de navegação simples, podemos alternar entre o Night Warriors: Darkstalkers Revenge e o Darkstalkers 3. Cada jogo conta com seus próprios menus, opções e uma bela tela inicial personalizada, que traz ainda uma janelinha onde ficam passando fatos curiosos sobre todos os personagens do game.
A partir daí, a jogabilidade é aquela clássica, bem tranquila e acessível. Temos os mesmos botões de ataque de antigamente (3 de soco e 3 de chute), que podem ser combinados para formar pequenos combos (ainda precários, afinal, estamos falando de jogos de mais de 15 anos atrás). Com meia-luas e comandos semelhantes, podemos realizar magias e golpes especiais.
Os golpes especiais, aliás, são outro ponto em que Darkstalkers se destaca: entre golpes bizarros, criativos e originais, temos aqui muito mais do que variações dos golpes comuns de cada lutador. A furiosa barra de especial se enche com muita rapidez, permitindo que o jogador habilidoso crie estratégias ou encadeie os golpes especiais em seus combos.
As novidades da atual geração fazem muito bem a jogos que, sozinhos, já funcionam muito bem: as partidas online são rápidas e estáveis, dependendo do horário você entra em uma quick match em poucos segundos, e os lags – quando ocorrem – são bem pontuais, não comprometendo a partida toda.
Perdeu várias vezes de um determinado jogador e quer caprichar na revanche? Sem problemas: o game consta com um modo espectador que deixa o jogador assistir as lutas de outro jogador para captar seu estilo de luta e preparar estratégias de ataque funcionais.
Você ainda pode praticar seus ataques em um tutorial bem completo e, quando achar que já está bom o bastante com um determinado personagem, pode encarar os desafios, que são específicos para cada personagem e compreendem o teste máximo de perícia nos controles.
Já se você aplicou aquela vitória épica em seu oponente, existe a possibilidade de salvar e compartilhar replays com a comunidade. O jogo ainda conta com diversos mimos colecionáveis, entre peças de artwork, vídeos, modelos de personagens e muito mais.
Obviamente, temos ainda recursos como conquistas/troféus e leaderboards, algo indispensável em qualquer jogo da atual geração, seja ele remake ou não. Há ainda um sistema de ranking que serve para os dois jogos, ou seja, quanto mais você jogar (e ganhar) maior é o seu ranking em partidas online em ambos os jogos.
Todos estes recursos online são muito legais, mas – como em qualquer outro jogo de luta – a coisa fica realmente divertida se você tiver um grupo de amigos “old school” que também sejam fãs de Dimitri, Bishamon e cia. para jogar com você no mesmo console e curtir a pancadaria nostálgica que estes clássicos oferecem.
Darkstalkers Resurrection mostra que, mesmo estando sumida há mais de uma década, esta série ainda se mantém relevante, com sua jogabilidade rápida e funcional e seus personagens criativos e interessantes. Que esta coletânea faça muito sucesso para abrir os olhos da Capcom: tanto a franquia quanto nós, fãs, merecemos um Darkstalkers 4!