Análise Arkade: ELEX, o RPG pós-apocalíptico que mistura magia e ciência
Prepare-se para embarcar em uma viagem pós-apocalíptica onde fantasia e ficção científica se misturam! É o nosso review do RPG de ação ELEX, que está no ar!
Contextualizando
ELEX é um RPG de ação pós-apocalíptico que mistura ficção científica com elementos medievais. Ele foi desenvolvido pela Piranha Bytes, que é criadora das séries Gothic e Risen, e publicado pela THQ Nordic.
O jogo se passa em um mundo fictício chamado Megalan, que sofreu o impacto de um meteoro que dizimou boa parte da população que ali vivia. E não é só isso: o meteoro trouxe junto o ELEX, elemento inexistente no planeta cujas propriedades podem ser utilizadas para diversos fins.
E é justamente isso que causa praticamente todas as tretas do game: os sobreviventes à queda do meteoro acabaram formando facções, e cada uma delas têm seus próprios interesses em relação a como o ELEX deve ser utilizado. O que, obviamente, gera uma verdadeira guerra entre os povos.
As Facções
Berserkers
Os Berserkers são uma facção que extraiu Mana do ELEX. Eles a usaram para curar o mundo e também ganharam poderes mágicos. Este é um povo bem restrito à leis, e uma delas é a aversão a qualquer tipo de tecnologia. Na doutrina deles, foi a tal tecnologia que fez com que o mundo quase se acabasse.
Clerics
Os Clerics são a facção mais avançada tecnologicamente. Eles acreditam em uma divindade chamada Calaan, e querem curar o mundo e o fazer voltar a como era antes do impacto. Seu interesse é utilizar o ELEX para gerar energia para a tecnologia deles.
Outlaws
Os Outlaws são aquele povo que quer viver livre no novo mundo, e seu foco é simplesmente a sobrevivência do mais forte. O que ficar no caminho eles eliminam, pois sua própria vida é mais importante. Eles criam armas com o que sobrou do antigo mundo e utilizam o ELEX como droga, criando estimulantes que potencializam suas habilidades em batalha.
Albs
Os Albs conseguiram algo que nenhuma outra conseguiu: extraíram o poder puro do ELEX, e com isso se tornaram a facção mais poderosa. Esse poder teve um preço: os Albs foram privados de emoções, e seu objetivo é eliminar qualquer ameaça aos planos deles. Que planos são esses? Extrair todo o poder do ELEX do planeta… mesmo que isso acabe com todo o resto.
O mundo de Megalan
Megalan é um mundo vasto e muito rico em detalhes: em um lugar fica Edan, lar dos Berserkers, uma floresta cheia de destroços da civilização antiga. Noutro canto fica Tavar, terra dos Outlaws, um imenso deserto cheio de inimigos mortais e armamento militar de civilizações antigas. Os Clerics vivem em Ignadon, região montanhosa e infértil devido ao magma de vulcões. Por fim, temos Xacor, lar dos Albs, com grandes geleiras.
O mapa do mundo é gigante, e cada lugar é único, com fauna e flora específicas. Dá para ficar horas e horas perdido por Megalan, mas também é importante tomar cuidado, pois além de vasto e exuberante, este mundo também é letal e cheio de perigos, e até pune o jogador pelas suas ações.
Ao fazer missões para os Berserkers, por exemplo, se você infringir alguma lei deles você não ganha aceitação suficiente para fazer parte daquela facção. Em dado momento, você recebe uma missão que é eliminar um espião dos Clerics que está na capital dos Berserkers. Este espião está tentando converter as pessoas para a facção dele, e embora você tenha sido “contratado” para eliminá-lo, você tem a opção de salvá-lo, alertando-o para cair fora dali. Porém, isso vai contra o que os Berserkers acreditam, e se não matá-lo, você perde perde a confiança deles e não consegue subir de posto dentro da facção.
Este é um exemplo isolado, mas que deve acontecer muitas vezes, também com os valores e princípios de outras facções. O lado bom é que ELEX possui seu ritmo, você não precisa escolher a facção com 20 minutos de jogo, e pode jogar tranquilamente e conhecer bem cada facção antes de escolher a qual delas quer se aliar.
Outra coisa interessante é que, não existe quadro de quests — comum em diversos outros jogos de RPG — e nenhum indicador tipo “olha, esse NPC tem uma quest para você”: você precisa realmente conversar com cada NPC para saber se eles precisam de algo. Para alguns isso pode parecer chato, mas agrega realismo e imersão àquele mundo.
Essa liberdade é sem dúvida um dos maiores pontos positivos do game, mas cobra seu preço: pode acontecer de você ir parar em um lugar com inimigos muito acima do seu nível. Considerando que o game já é bem desafiador por si só, cair em um lugar desses pode complicar a sua vida.
O jogo também possui um sistema de crafting de itens, mas para conseguir alguns você precisa achar um NPC específico que possa te ensinar como fazê-lo, exemplo terá um NPC que te ensina técnicas de combate, outro te ensina técnicas de caçador e vários outros. E o jogo não te mostra quem são os treinadores; você precisa descobrir por si só.
Gameplay & Combate
A jogabilidade de ELEX é um pouco diferente dos jogos que estamos acostumados: ele não inova muito, mas isso não quer dizer que é ruim, a questão é se acostumar e, sendo honesto, demora um pouco para a gente se acostumar pois ela não é lá muito fluida, carecendo de um tempinho de adaptação.
Confira um pouco de gameplay abaixo:
O combate em ELEX tem uma pegada meio Souls-like, e foco na barra de stamina e principalmente no timing; você precisa saber a hora certa de atacar um oponente. Há a vários inimigos bem difíceis no meio de grupos maiores — que são claramente reconhecíveis pela caveira ao lado do HP –, então se você os vir, corra!
A questão é que cada combate pode se tornar bem desafiador caso você seja muito afobado. Calma e estratégia são muito mais valiosas do que força bruta aqui. Você ganha equipamentos e habilidades exclusivas conforme a facção que decide acompanhar, e o jogo também te dá a oportunidade de viajar com companheiros (um de cada facção). Obviamente, suas decisões podem não ser bem vistas por eles, e com isso você perderá um pouco da confiança daquele povo, em um sistema meio de carma que vai afinando suas escolhas com a doutrina de uma determinada facção.
Visual e áudio
A trilha sonora de ELEX capta bem o ambiente do jogo, se estamos explorando então a música é mais calma, mas quando estamos em batalha a música muda para uma batida mais forte. Há muita variedade, acompanhando as nuances e diferenças de cada área do mundo.
Graficamente, ELEX é bem bonito para um jogo de “médio orçamento”: o loading é um pouco demorado, mas depois de carregado, entrega um jogo que flui sem engasgos (salvo algumas exceções, tipo auto-save ativado ou a transição de um local fechado para o mundo aberto); e entrega o já mencionado mundo exuberante e variado. Claro que ele tem lá sua taxa de bugs e quedas de framerate, mas no geral funciona bem.
A câmera não é das melhores, mas acredito que um patch poderá corrigir vários problemas que tive com ele. O que também merece um patch são as legendas e descrições de itens, que são bem pequenas, e parecem levar em conta só o jogador de PC, que fica mais perto da tela. Fora isso, faltou capricho em alguns detalhes: as NPCs mulheres, por exemplo, são idênticas umas às outras.
Um detalhe curioso é que o idioma default do jogo é o alemão. Pode acontecer de você baixar o jogo só neste idioma, sem saber. No PC, é possível clicar com o botão direito (no game já na sua biblioteca Steam) e baixar um patch de idiomas, mas nos consoles parece que é preciso mudar a região do console antes da instalação. Ah, e o melhor que você terá é inglês, viu, nada de português brasileiro, infelizmente.
Conclusão
ELEX é um jogo de RPG mais hardcore, com história ousada e que vai demandar dezenas de horas do seu tempo para ser terminado. Ele não parece difícil mas acredite: ele é. O fato de “não pegar o jogador pela mão” é muito bem-vindo, mas também acaba se tornado mais um elemento dificultador, pois é bem fácil ficar perdido pelo mundo de Megalan.
Você invariavelmente ficará perdido na quantidade de possibilidades que o jogo oferece, mas conforme vai jogando e entendo o sistema de facções e quests, vai aprendendo a se virar. ELEX é daqueles jogos que demandam paciência e perseverança, mas que premiam o jogador dedicado com uma história instigante e um mundo realmente vasto e rico.
ELEX foi lançado em 17 de outubro, com versões para Playstation 4, Xbox One e PC.
*Colaborou com esta análise o convidado Stéphano Luiz.