Arkade Entrevista: Alex Thomas, o escritor chefe de The Banner Saga 3 da Stoic
The Banner Saga 3, o último capítulo da grande série de RPG criada pelo pequeno estúdio indie Stoic foi lançado há alguns dias, encerrando a grande aventura pela sobrevivência de sua caravana. E além de nossa análise completa do game que foi lançada hoje, temos ainda uma entrevista com Alex Thomas, o Escritor-Chefe do game e um dos fundadores da Stoic!
Alex tem um bom currículo, ele é ex-funcionário da Bioware, chegando a trabalhar no departamento de arte e design de Star Wars: The Old Republic. Depois disso, juntou-se a John Watson e Arnie Jorgensen, os co-diretores do estúdio, para fundar a Stoic Games e trabalhou no primeiro título da produtora: The Banner Saga. E agora, retornando ao estúdio para seu capítulo final, ele bateu um breve papo com a gente sobre a produção e recepção da série. E nos contou um pouco sobre o que podemos esperar para o futuro!
Então, vamos lá!
Arkade: The Banner Saga nasceu com um projeto bem-sucedido no Kickstarter, conseguindo muita ajuda da comunidade. E agora The Banner Saga 3 retorna ao Kickstarter e mais uma vez alcança seu objetivo com a ajuda dos gamers. Como vocês se sentem com todo o amor e confiança que o público depositou em seu projeto, e como isso inspirou o seu trabalho?
Alex: A conexão com a comunidade foi de verdade o grande motivo para o retorno da Stoic ao Kickstarter, e nós somos incrivelmente gratos por termos tido tanto suporte com o projeto. De várias formas, o desenvolvimento de The Banner Saga 2 foi mais sombrio em comparação com o primeiro game, e isso foi algo que eu acredito que a equipe se arrependeu de não ter sido capaz de lidar. O Kickstarter facilita muito em deixar todos informados, conversar juntos e interagir com a comunidade, e honestamente ajuda a espalhar a palavra sobre o desenvolvimento em geral. Provavelmente já não é mais surpresa pra ninguém que está se tornando mais e mais difícil fazer apenas isso, especialmente no cenário indie.
Arkade: Desde o primeiro game até o último capítulo, várias decisões difíceis foram apresentadas aos jogadores, algumas com boas consequências, outras com consequências muito ruins. Algumas dessas consequências até mesmo me derrubaram de joelhos em descrença e desespero! Como foi criar momentos tão fortes e poderosos baseados apenas em consequências?
Alex: Nós realmente partimos de nossas experiências na BioWare com esperança de criar um game que reagiria às escolhas do jogador o máximo possível. Para o terceiro e último game da saga foi incrivelmente importante para nós “cravarmos a aterrissagem” (Fazer tudo certo do começo ao fim) e garantir que tudo o que o jogador tiver feito até aquele ponto foi levado em conta. Nós colocamos “toneladas” de tempo e de recursos para garantir que o final, especialmente, transmitisse a sensação de pertencer ao jogador, chegando ao ponto de criarmos muito conteúdo que nós sabemos que a maioria dos jogadores nunca verão, porque eles existem em ramificações que os jogadores não seguiram adiante. Nós também sabemos o quão difícil foi a coisa toda e nos sentimos muito sortudos e felizes por termos sidos capazes de fazer isso. Houve muita coisa que poderia ter dado muito errado, mas nós nos atemos às nossas prioridades e fizemos com que funcionasse, acho que apenas por pura força de vontade.
Arkade: The Banner Saga é fortemente inspirado na mitologia Nórdica, apresentando um mundo cheio de história e Lore. Como vocês começaram a criar este mundo? E como foi o trabalho de expandi-lo até ele se tornar o que é no último game?
Alex: Criar mundos é algo em que eu sempre fui muito interessado, seja em Dungeons & Dragons ou em video games ou até em nosso próprio projeto em The Banner Saga. Quando nós começamos a olhar para a mitologia Nórdica nós descobrimos o imenso poço de ideias que ela contém, muito mais do que a maioria das pessoas conhece, creio eu, e isso nos deu um ótimo lugar para nos aprofundarmos. Nós começamos com algumas ideias como o Ragnarok ou a Devoradora do Mundo e pensamos em o que isso significaria se acontecesse no mundo real. O que causaria esse tipo de coisa? A partir daí nós começamos a extrapolar tudo até o resto do game, e então você entra em um ciclo em que certas coisas começam a dar origem a outras ideias até que você consegue preencher um mundo, pedaço por pedaço. Já quanto a história completa, isso foi algo em que nós trabalhos bem antecipadamente e nós praticamente nos prendemos naquela ideia inicial por todo o processo. Foi muito emocionante chegar até o terceiro game, porque na minha mente é aqui em que as coisas mais legais começam a acontecer e os mistérios são revelados.
Arkade: A série tem uma direção de arte muito poderosa, com suas incríveis animações desenhadas à mão, belíssimos visuais e a linda trilha sonora composta por Austin Wintory. Como foi o trabalho para criar um estilo tão único para o game?
Alex: Quando nós começamos a pensar em qual direção de arte seguir, Eyvind Earle (O diretor de arte de Bela Adormecida da Disney) foi um sim imediato para nós. Nós nem mesmo exploramos outros estilos depois de chegarmos a essa conclusão, mas o que nós aprendemos rápido é que aquele era um estilo de arte muito difícil de se fazer, e que não há muitas pessoas que conseguem fazê-lo. Felizmente, nosso diretor de arte fundador Arnie Jorgersen é uma dessas pessoas, e nós começamos a procurar por novos artistas para a sequência. No começo de nosso primeiro Kickstarter nós começamos a receber várias ofertas de alguns compositores incríveis, mas em um capricho nosso decidimos contatar aquele que causou o maior impacto em nós recentemente, que foi Austin Wintory e seu trabalho em Journey. Para a nossa surpresa ele não só estava interessado em The Banner Saga como estava realmente animado para trabalhar no projeto! Austin é um grande colaborador e realmente participou do próprio desenvolvimento para fazer com que as músicas fossem dinâmicas e se espalhassem por todo o game, ao invés de simplesmente deixar algumas trilhas e torcer pra dar certo. Nós não poderíamos ter pedido por um melhor compositor para se trabalhar junto.
Essa é uma das artes conceituais de Eyvind Earle para A Bela Adormecida da Disney. Notou a semelhança com o traço visto em The Banner Saga?
Arkade: Agora que The Banner Saga está finalmente completo, qual é o próximo passo para o estúdio? Vocês tem novos projetos para começar a trabalhar? Nós veremos mais do mundo de The Banner Saga em futuros títulos ou criações?
Alex: No momento nós estamos trabalhando diligentemente para consertar tudo o que acabou passando batido no lançamento, depois disso nós já prometemos entregar mais conteúdo de The Banner Saga graças ao Kickstarter, incluindo um Survival Mode e a Eternal Arena, que é um conjunto de ferramentas de combate que permitirão os jogadores criarem suas próprias batalhas customizadas e compartilhá-las. A Stoic continua a crescer e nós já começamos a olhar para o nosso futuro projeto. Existem muitas opções na mesa, mas nenhuma decisão foi tomada. Nós definitivamente manteremos o publico informado quando nós estivermos prontos para falar de nosso próximo projeto!
Arkade: A Stoic contou a história de uma pequena Bandeira que viajou pelo mundo e cresceu mais e mais, trazendo mais pessoas e fãs para uma grande jornada. Como líderes da caravana, que mensagem vocês gostariam de deixar para todos os fãs ao redor do mundo que os seguiram (e continuarão a seguir) até agora? O que sua Bandeira terá para contar?
Alex: The Banner Saga foi uma longa e as vezes esgotante jornada, mas foi apenas o primeiro passo para a Stoic. Nós fomos capazes de entregar a visão e a qualidade que nós prometemos através de três games e nos mantemos firmes na indústria de games em constante transformação, e nós escutamos atentamente ao que nossos fãs nos disseram que gostam e querem em um game da Stoic. Nós esperamos que nosso próximo projeto seja tão emocionante e bem-sucedido como este e esperamos que todos novamente depositem suas confianças em nós em nosso próximo grande passo!
The Banner Saga 3 foi lançado no dia 24 de julho, marcando o fim da primeira série da Stoic, e uma primeira série que já rendeu vários prêmios ao estúdio! Sendo esse o primeiro passo desse pequeno estúdio indie, ele foi um imenso salto em direção a seu crescimento!
Confira aqui nossa análise completa do game, e se quiser relembrar nossas primeiras análises da série, basta CLICAR AQUI para ler nossa análise do primeiro game, e CLICAR AQUI para conferir nossa análise do segundo game. E se puder, dê uma chance para The Banner Saga, pois essa é uma emocionante jornada que vale muito a pena!
Em nome de todos da Arkade, agradeço imensamente a Alex Thomas e ao pessoal da Stoic por nos concederem essa entrevista, por separar um pedacinho de seu tempo para responder as nossas perguntas com tanta sinceridade e detalhes. Gostaríamos de desejar toda a sorte do mundo para todo o o pessoal da Stoic, que já iniciou sua jornada com um enorme passo, e tem tudo para ir cada vez mais longe e tornar cada vez maior em seus próximos projetos! E que venham mais games tão bons e até melhores que The Banner Saga!