Nintendo responde ao vazamento de Tears of the Kingdom atacando ferramentas de emulação no Github
The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom será lançado no dia 12 de maio no Switch. Porém, há cerca de uma semana o game acabou vazando na internet de três diferentes formas: Informações e imagens do game foram divulgadas antes da hora, um funcionário da Gamestop divulgou imagens do Switch temático do game (e perdeu o emprego depois) e o game inteiro acabou vazando na internet, com muita gente já o tendo baixado e jogado em emuladores.
Obviamente a Nintendo não gostou nem um pouco de nada disso, tanto que saiu a caça de quem divulgou as imagens do game, e aparentemente forçou a Gamestop a demitir o funcionário que vazou imagens do console temático. Porém, quando se trata do terceiro vazamento, o do game completo, a Nintendo está atacando em outras frentes, mirando diretamente em algumas ferramentas usadas para emulação.
Primeiramente, vamos deixar algo bem claro: Os emuladores Yuzu e Ryujinx não foram afetados! – Os alvos da Nintendo foram ferramentas que são usadas em conjunto com o Yuzu e o Ryujinx: A Lockpick e a Lockpick_RCM, que são disponibilizadas no Github.
Essas duas ferramentas são usadas para decriptar chaves do Nintendo Switch, que são usadas por emuladores para conseguirem ler arquivos de jogos e rodá-los em seus programas. Em outras palavras, esses programas permitem extrair alguns arquivos do console e transferi-los a um emulador, para que este último consiga funcionar.
A Nintendo emitiu DMCAs aos repositórios das duas ferramentas, que acabaram afetando não apenas quem as publicou, mas qualquer um que tenha feito “Fork” delas, que é fazer uma cópia do repositório para seu próprio perfil no site, para que você possa trabalhar por cima do que já foi criado. Vários modders receberam notificações para a remoção dos repositórios do Lockpick e Lockpick_RCm de suas contas, a mando da Nintendo. Porém, ambos os repositórios ainda estão disponíveis, sem que o próprio Github tenha tomado alguma atitude quanto a isso.
They also sent dmca to people who were hosting prod.keys in github. Here's mine must have accidentally forked it long time ago. pic.twitter.com/bPWJDRQoJy
— ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ ︎ (@llIllIIIlII1) May 5, 2023
A Nintendo alega em sua notificação de DMCA que as ferramentas atingidas violam direitos autorais da empresa, especificamente ao oferecer meios para circunvirar as proteções da Nintendo e facilitar a distribuição de jogos piratas da empresa.
A questão, no entanto, é definir o que é legal e o que não é neste caso. Como já discutimos no passado em nosso artigo sobre a dificuldade na preservação de games, emuladores não são ilegais, e as ROMs não são ilegais. O que é ilegal é a distribuição não autorizada de ROMs e de arquivos chave referentes a um produto específico.
Para explicar de forma mais simples. Se você possui um Nintendo Switch, você pode usar o Lockpick para extrair a chave do seu console (normalmente chamada de prod.keys) e usá-la em um emulador. Da mesma forma, se você você tiver a posse legítima de uma cópia de um game, você pode criar uma ROM dela para uso pessoal. Você tem o direito de fazer isso com os produtos dos quais você -e um legítimo dono. O problema é se você distribuir a chave de seu console e uma ROM de um game. Isso sim é ilegal.
Dessa forma, a ferramenta Lockpick em si não é ilegal, ela é uma ferramenta de mod (mas eu posso estar errado quanto a legalidade da ferramenta em si). Lembre-se, a criação de chaves e ROMs não é considerada ilegal, sua distribuição, no então, é.
Essa não é a primeira vez que a Nintendo decide bater na comunidade modder. Mês passado a Nintendo abusou o recurso de copyright strikes do Youtube para forçar um modder a remover do ar um mod que adicionava multiplayer online em The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Sem contar também quando a Nintendo também abusou do sistema de copyright do Youtube para forçar a remoção de um vídeo do canal Did You Know Gaming que falava sobre um antigo The legend of Zelda cancelado.
E, só para não deixar de mencionar, o hacker Gary Bowser, o responsável por desbloquear o Switch, terá que dar para a Nintendo 30% de seu salário pelo resto da vida por sua acusação de violar direitos autorais da empresa – ele chegou a lucrar cerca de 320 mil dólares com seu trabalho em hackear o Switch.
(Via: PC Gamer)