Análise Arkade – Call of Duty Modern Warfare III é mais uma prova de que a pressa é inimiga da perfeição

17 de novembro de 2023
Análise Arkade - Call of Duty Modern Warfare III é mais uma prova de que a pressa é inimiga da perfeição

A série Call of Duty completou 2 anos de história em 2023, o que significa que a franquia mudou muito ao longo dos anos. Nascida como uma opção de concorrência para Medal of Honor, a série nasceu em meio aos conflitos da II Guerra Mundial, mas se consagrou com Modern Warfare, uma trilogia que abordava contextos atuais de combate, em uma história que misturava extremistas, conspirações e até uma Terceira Guerra Mundial.

O tempo passou, Call of Duty fez outras “visitas”, como alguns retornos para a II Guerra, a Guerra Fria e até ao futuro, mas nos últimos anos, a franquia resolveu reimaginar a sua trilogia mais popular, rendendo mais três Modern Warfare, que traziam as novas ideias de se jogar um FPS, em tempos nos quais Warzone, zumbis e o bom e velho multiplayer dividem espaço com a campanha do jogo.

Análise Arkade - Call of Duty Modern Warfare III é mais uma prova de que a pressa é inimiga da perfeição

Mas, infelizmente, este novo Modern Warfare 3 pouco tem a ver com o impacto do seu “irmão” de 2011. Se você viveu aquele tempo, sabe que os capítulos dessa série, que nasceu em 2007, eram aguardados com grande expectativa. Apesar de, já naquela época, os games já eram muito populares no multiplayer, as campanhas eram aguardadas por causa de sua trama hollywoodiana, com várias reviravoltas e uma legítima Terceira Guerra Mundial, em meio a tantos momentos dramáticos.

Coisa que não acontece, especialmente aqui. Apesar de Makarov ser o “rato” a ser caçado pelos “gatos” da Força-Tarefa 141, essa pode ser, de longe, uma das piores campanhas destes 20 anos de jogos. Tudo é muito raso, simplório e desnecessário. Se formos comparar com o Modern Warfare original, aquela ideia de pontos de vistas variados para entregar a narrativa quase não existe aqui. Isso sem falar em pontos realmente dramáticos, tão comuns na série antiga e aqui quase inexistente.

É mais ou menos o que aconteceu com o Robocop, que saiu de um primeiro filme mais simples, mas excelente, até o Robocop 3, que tinha tudo para ser melhor, mas decepcionou por apenas querer aproveitar o nome famoso e não trazer o necessário para manter a qualidade.

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São apenas missões “Warzonianas” em mapas que vezes são “abertos” ou vezes “trilha”, mas sempre dentro desse novo contexto da série. O que não é ruim por si só, já que o game do ano passado já era assim e agradou. O problema é que, desta vez, a já conhecida falta de tempo no desenvolvimento rendeu missões quase que genéricas, que não entregam nada em contexto de história, especialmente em uma comparação que sempre existirá, em relação à trilogia original. Sem falar que agentes de missões secretas não atuam com um aparato de Missão Impossível, com missões que quase nunca terminam no stealth proposto.

Não espere nenhum daqueles grandes momentos, embora a campanha até tente reviver alguns deles. Mas, de forma geral, o pouco tempo de desenvolvimento de um game que seria, inicialmente, um DLC, acabou prejudicando muito a campanha, que dura menos até do que o normal na série, e apenas joga fatos na história, sem nem conseguir justificar os motivos do Makarov, que validaria a sua impiedade em alcançar seus objetivos.

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Graficamente e “jogabilisticamente” falando, o game é basicamente o Modern Warfare II do ano passado, com devidas melhorias. Os cenários são sim completos, com bons efeitos visuais e uma jogabilidade agradável. Ainda é bem divertido efetuar as famosas missões de suporte aéreo, ou combater inimigos com uma variedade de armas, mas senti falta daquele bom e velho combate com tropas em momentos dramáticos, com toda aquela ação frenética, que nem a “missão final” consegue entregar.

Mas o grande problema, que justifica as notas baixas que você viu em reviews e principalmente por parte dos jogadores, está no jogo como um todo. Se o modo campanha fosse vazio como de fato é, mas os outros modos fossem bem trabalhados, talvez a história seria diferente. O modo de zumbis, um dos mais queridos pelos fãs, é também um “Warzone com zumbis”, com zero conexão com os survivors que renderam atenção em outras oportunidades.

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Você será jogado num mapa, fará “missões”, coletará melhorias e lutará com um boss e só. Enquanto o multiplayer, o motivo principal para compra de uma maioria esmagadora dos fãs, também deu sinais de projeto apressado. Embora tenha boas ideias, como a movimentação mais dinâmica e um gameplay geral mais acelerado como o fã gosta, e ainda contar com mapas clássicos e por isso, nostálgicos, o modo não traz nada de novo, dando, de novo, sinais de que deveria passar mais tempo em desenvolvimento.

Já que, além de um modo sem grandes atrativos, ainda contou com vários problemas relatados pelos jogadores, como oscilação de conexão e dificuldades para o crossplay. Tais problemas podem ser corrigidos posteriormente, mas sempre imaginei que correções online deveriam resolver pequenos problemas, mas por aqui, tudo indica para muito trabalho por parte dos desenvolvedores, para melhorar o modo.

Análise Arkade - Call of Duty Modern Warfare III é mais uma prova de que a pressa é inimiga da perfeição

Tudo isso coroado pelo hub mais esquisito da história dos videogames. Com a ideia de entregar tudo em um lugar só, este hub adiciona os CoD mais recentes que você comprou, além dos outros modos. A ideia é ótima, se não fosse por um menu confuso e que mais atrapalha do que ajuda, obrigando o jogador a passar um bom tempo em opções esquisitas para enfim jogar o que quer.

Entenda: Call of Duty: Modern Warfare III não é ruim, é apressado. As notas baixas do jogo, especialmente a dos jogadores, refletem mais o descontentamento com os seus problemas do que a sua qualidade em si. O gameplay continua afiado e o visual agrada, mas a pressa para entregar o jogo no prazo colaborou e muito para essa recepção negativa.

Análise Arkade - Call of Duty Modern Warfare III é mais uma prova de que a pressa é inimiga da perfeição

O que significa, no final, que a indústria dos videogames, como um todo, precisa olhar mais uma vez para mais um exemplo de jogo apressado atrapalhando o elemento principal de um game: a diversão. Se a trilogia original “pulava” um ano para entregar novos capítulos que agradaram tanto no passado, o novo Modern Warfare III deveria ter feito o mesmo.

Mas infelizmente, a combinação de uma indústria que já se acostumou a entregar games de qualquer jeito com jogadores que compram qualquer coisa acabam rendendo mais exemplos, como este, de jogos que poderiam ser ótimos, mas que por culpa de decisões de engravatados, acabam entregando muito menos do que o esperado, sendo que este MW III precisava apenas de mais tempo e mais cuidado para entregar algo que justifica o tão caro preço de um jogo de videogame.

Call of Duty: Modern Warfare III já está disponível no PC, consoles PlayStation e consoles Xbox.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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